Cubano com 20 anos nos EUA enfrenta deportação: Sua mãe chora e se considera traída por Trump

Cubano com 20 anos nos EUA foi detido pelo ICE e enfrenta deportação. Sua mãe, que votou em Trump, se sente traída. Seus filhos pedem ao governo que lhe dêem outra oportunidade.

Mercedes Capaz, mãe de Pedro González Capaz, lamenta ter votado em TrumpFoto © Collage capturas do Youtube / Telemundo

Mercedes Capaz, uma cubana e cidadã americana, votou em Donald Trump convencida de que ele protegia as famílias, mas hoje se sente traída.

Seu único filho, Pedro González Capaz, está preso há quatro meses pelo ICE e enfrenta uma ordem de deportação para Cuba após duas décadas vivendo nos Estados Unidos.

“Me sinto muito traída, porque eu não pensei que me fizesse isso. Nem a mim, nem a muitas pessoas”, disse entre lágrimas a Telemundo.

Desde a prisão do seu filho, a sua vida se reduziu a orações e angústia: “Sinto um sobressalto, acho que aconteceu algo com ele. E começo a chorar e a me ajoelhar e a implorar a Deus. Desde que isso aconteceu, não tenho vida”.

González, de 37 anos, foi detido no dia 2 de março em sua casa em Key Largo, Flórida, por agentes de imigração, apesar de estar sob o programa de supervisão I-220B e cumprir com todos os seus compromissos.

“E até abril não era a hora dele ir, mas me disseram que isso é desde que mudou a nova administração”, explicou Capaz.

O caso de González tem afetado duramente sua família. Seus filhos também sofrem com a separação.

“Eu sinto falta e gostaria de vê-lo novamente. Não sei quando vou vê-lo outra vez,” disse a filha mais velha.

González permanece detido no centro de detenção de Glades, onde aguarda uma resolução migratória.

Em uma videochamada do centro, declarou: "Isso não é fácil, há muitas famílias separadas."

Ele chegou aos EUA em 2003 com sua mãe, após ganhar uma loteria de vistos, frequentou o ensino médio em Miami, mas não se formou até os 19 anos.

Ali manteve uma relação com uma menor, o que lhe rendeu uma condenação por "predador sexual" e a perda de sua residência permanente.

Capaz insiste que seu filho cumpriu a lei nos últimos 15 ou 20 anos, formou uma família e possui sua própria casa nos Estados Unidos.

Agora teme uma deportação em massa, impulsionada por políticas migratórias mais agressivas.

“Pelo que vejo, vai ser algo bem massivo, porque não termina. Eu não concordo com nada disso que ele está fazendo”, disse sobre o presidente Trump, cuja aprovação caiu de 47% para 40%, segundo pesquisas recentes.

O caso de González reflete uma realidade crescente: cada vez mais cubano-americanos e venezuelanos na Flórida, que um dia apoiaram Trump, agora sentem que suas próprias famílias estão pagando o preço desse voto.

Ele não é o único cubano que enfrenta uma possível deportação nos Estados Unidos após anos de vida estável no país. Outro caso recente é o de um cubano residente na Flórida, que foi detido por agentes do ICE em sua casa, apesar de ter cumprido as medidas de supervisão impostas após cumprir uma condenação por posse de drogas há mais de uma década.

Sua esposa, mãe de duas crianças, afirma que ele tem mantido uma conduta exemplar desde então e que a família está passando por uma situação desesperadora.

Casos como estes geraram grande preocupação entre os latinos na Flórida. Um pai de família também foi preso, fato que acendeu os alarmes entre defensores dos direitos humanos e a comunidade cubana do sul do estado, que enfrenta com frequência crescente esse tipo de situação.

Sua esposa relatou que, ameaçado na ilha por participar das protestas de 11 de Julho, voltar implicaria um perigo real: "Ele não pode voltar a Cuba. O vigiaram, o ameaçaram, e agora aqui querem mandá-lo para o México."

As histórias das deportações afetam igualmente os casais daqueles que são enviados de volta a Cuba.

Roxana Maldonado, uma cubana que vive nos Estados Unidos há 21 anos, compartilhou nas redes sociais um comovente vídeo sobre como sua vida mudou desde a deportação de seu marido, Reinier Gutiérrez, para Cuba.

A jovem mãe relatou o profundo impacto emocional e os desafios diários que enfrenta para manter a sua família unida, apesar da distância, da precariedade na ilha e da incerteza do futuro.

Perguntas frequentes sobre a deportação de imigrantes cubanos nos Estados Unidos

Por que Pedro González Capaz enfrenta deportação para Cuba?

Pedro González Capaz enfrenta deportação para Cuba devido a uma condenação anterior por "depredador sexual", o que resultou na perda de sua residência permanente nos Estados Unidos. Apesar de viver sob o programa de supervisão I-220B e cumprir com todos os seus compromissos, sua situação se complicou após mudanças nas políticas migratórias durante a administração Trump.

Como a política migratória de Trump afeta os cubanos nos Estados Unidos?

A política migratória de Trump intensificou a deportação de imigrantes, incluindo cubanos, por meio de táticas mais agressivas como a deportação expeditiva e a detenção de pessoas em situações migratórias irregulares. Essas medidas levaram a um aumento nas detenções de imigrantes durante audiências migratórias e encontros com o ICE, gerando medo e incerteza na comunidade cubana.

Quais são as opções para os imigrantes cubanos detidos pelo ICE?

Os imigrantes cubanos detidos pelo ICE podem buscar ajuda legal para tentar impedir sua deportação, embora o processo seja incerto e possa levar anos. Advogados e ativistas recomendam solicitar audiências virtuais e explorar todas as vias legais possíveis para defender seus casos. No entanto, a aplicação da política migratória atual é rigorosa e deixa muitos sem uma defesa clara.

Qual é o impacto emocional e social da deportação nas famílias cubanas?

A deportação tem um forte impacto emocional e social nas famílias cubanas, deixando crianças e casais separados e enfrentando situações de incerteza e angústia. As famílias ficam desmembradas, e os filhos, em especial, sofrem a ausência dos pais, o que afeta seu bem-estar emocional. Além disso, as comunidades cubanas experimentam um clima de medo e desconcerto diante das políticas migratórias atuais.

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