O Secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, anunciou o fim da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID), que deixará de operar como gestora da ajuda externa a partir deste primeiro de julho.
Segundo o alto funcionário, o novo modelo busca alinhar a assistência internacional com os interesses estratégicos de Washington e deixar para trás o que ele qualificou como “décadas de ineficiência financiada pelos contribuintes”, em uma declaração publicada sob sua assinatura em um site oficial do Departamento de Estado.
Rubio afirmou que a USAID, criada no contexto da Guerra Fria, não conseguiu cumprir seus objetivos fundamentais desde o fim desse conflito, razão pela qual seu fechamento foi anunciado em março passado, o que resultou na cancelamento de 83 por cento dos programas e na rescisão de mais de 5.000 contratos.
Em seu lugar, disse ele, a agência alimentou um “complexo industrial de ONGs” financiado com dinheiro público, sem resultados tangíveis em termos de desenvolvimento nem melhorias na percepção internacional dos Estados Unidos.
“USAID teve décadas e um orçamento quase infinito para ampliar a influência dos Estados Unidos e promover o desenvolvimento econômico mundial. Em contraste, hoje há mais instabilidade, mais sentimento antiestadunidense e muito poucos resultados,” expressou o secretário, que em fevereiro passado, à frente do Departamento de Estado, havia tomado controle da USAID em fevereiro último.
No entanto, em março passado, restabeleceu certos contratos e subsídios que financiavam meios de comunicação independentes cubanos, projetos de ajuda humanitária e programas de apoio a presos políticos na ilha.
Estas iniciativas, que haviam sido canceladas ou suspensas anteriormente, começaram a receber novamente financiamento, de acordo com El Nuevo Herald, veículo que lembrou a controvérsia gerada sobre esses temas, especialmente após o fechamento de Radio y TV Martí.
O relatório publicado por Rubio destaca números que respaldam sua decisão: desde 1991, os Estados Unidos destinaram 165 bilhões de dólares à África subsaariana, mas os países dessa região votaram ao lado dos EUA apenas 29% das vezes em resoluções-chave na ONU, a taxa mais baixa do mundo.
Da mesma forma, são mencionados mais de 89 bilhões de dólares investidos no Oriente Médio e no norte da África, onde, segundo o documento, a imagem dos Estados Unidos é hoje pior do que a da China em quase todos os países, exceto Marrocos.
Um dos exemplos mais contundentes que Rubio usou foi o dos fundos destinados a Gaza e à Cisjordânia: “9,300 milhões de dólares desde 1991, e os beneficiários incluíram aliados do Hamas. Não recebemos gratidão, apenas agravos.”
A crítica se estende ao que considera uma desvio do propósito original da ajuda externa e, ao mesmo tempo, acusou a USAID de priorizar os interesses da ONU, das grandes ONG e de atores internacionais em detrimento dos do contribuinte americano.
“USAID se apresentava como uma organização de caridade. Mas a ajuda externa não é caridade. É uma ferramenta de política externa. Deve servir aos interesses dos Estados Unidos”, disse.
A partir deste primeiro de julho, todos os programas de assistência externa serão executados a partir do Departamento de Estado, com um foco em eficiência, supervisão e retorno estratégico. Segundo Rubio, o novo modelo priorizará o investimento sobre a dependência, o comércio sobre a assistência prolongada e a prestação de contas sobre a burocracia.
O alto funcionário prometeu que os fundos serão direcionados exclusivamente a países que demonstrem vontade e capacidade para se desenvolverem com autonomia.
Além disso, destacou que estão sendo eliminadas contas fragmentadas e estão sendo consolidadas fundos para responder rapidamente a emergências internacionais, evitando os atrasos associados a processos burocráticos.
O redesenho também busca posicionar melhor os Estados Unidos frente ao avanço da influência chinesa na África, América Latina e outras regiões do sul global.
“Nos deparamos com um modelo de ajuda explorador por parte da China. Nossa resposta será mais estratégica e benéfica tanto para os Estados Unidos quanto para nossos parceiros”, afirmou.
Finalmente, Rubio encerrou com uma mensagem clara: “Onde antes havia um arco-íris de logos irreconhecíveis na ajuda humanitária, agora haverá um símbolo claro: a bandeira dos Estados Unidos. Aqueles que receberem nossa ajuda saberão que ela provém do povo americano, não de uma ONG sem rosto”.
Perguntas frequentes sobre o fechamento da USAID e seu impacto na política externa dos Estados Unidos
Por que foi decidida a fechamento da USAID?
O fechamento da USAID foi anunciado pelo secretário de Estado, Marco Rubio, com o objetivo de alinhar a assistência internacional com os interesses estratégicos dos Estados Unidos. Rubio argumentou que a agência não havia cumprido seus objetivos e havia incorrido em uma ineficiência financiada pelos contribuintes, desviando-se de seu propósito original de servir aos interesses americanos.
Quais são as implicações do fechamento da USAID para as organizações que recebiam seu financiamento?
O encerramento da USAID implica que a execução dos programas de assistência externa será assumida pelo Departamento de Estado. Isso levou ao cancelamento de uma alta porcentagem de programas e contratos, afetando numerosas organizações não governamentais e meios independentes que dependiam desses fundos. A decisão gerou críticas e ações legais devido ao impacto negativo esperado nas comunidades vulneráveis.
Como essa medida afeta a relação dos Estados Unidos com regiões como a África e o Oriente Médio?
O fim da USAID e o redesenho do modelo de ajuda externa dos Estados Unidos poderia prejudicar a influência americana no exterior, especialmente em regiões onde a USAID desempenhou um papel crucial. A reorientação de fundos para países que demonstrem vontade e capacidade de desenvolvimento autônomo busca uma maior eficiência, mas também poderia permitir que potências como a China preencham o vazio deixado pelos Estados Unidos em regiões vulneráveis.
Qual é o impacto dessa decisão nos meios independentes em Cuba?
A cancelamento dos fundos da USAID afetou gravemente os meios independentes cubanos que recebiam apoio financeiro da agência. A retirada desses fundos complica o trabalho de jornalistas que buscam contrabalançar a propaganda do regime cubano. Sem esse apoio, esses meios enfrentam a necessidade urgente de buscar outras fontes de financiamento para continuar operando.
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