Outra jornada negra em Cuba: A UNE anuncia quase 1.900 MW de déficit

Se o prognóstico da União Elétrica se concretizar, Cuba terá registrado o terceiro déficit mais alto dos últimos anos.

Apagão em Cuba (Imagem referencial)Foto © Facebook / Lázaro Manuel Alonso

A União Elétrica (UNE) de Cuba anunciou essa sexta-feira uma das piores jornadas de apagões do ano, com um déficit estimado de até 1.870 megawatts (MW) no horário de pico, o que representa mais da metade da demanda nacional.

A situação atinge milhões de cubanos que no dia anterior enfrentaram interrupções no fornecimento de eletricidade durante as 24 horas, com um pico de afetamento de 1.691 MW às 22h. A situação se estendeu até a madrugada de hoje.

Segundo o relatório oficial da empresa estatal, a situação se estendeu até a madrugada desta sexta-feira.

Às 7h00, a disponibilidade do Sistema Elétrico Nacional (SEN) era de apenas 1.390 MW, enquanto a demanda girava em torno de 2.800 MW, provocando uma afetação real de 1.440 MW devido ao déficit de capacidade.

Para o meio-dia, prevê-se que o número chegue a 1.450 MW.

Captura do Facebook / União Eléctrica UNE

Para o horário de pico noturno, a previsão é alarmante: um déficit de 1.870 MW, com apenas 1.700 MW disponíveis em relação a uma demanda esperada de 3.570 MW.

Um sistema à beira do colapso

O relatório detalha uma longa lista de problemas nas usinas térmicas do país:

Estão avariadas cinco unidades das termoelétricas Mariel, Nuevitas, Felton e Renté.

Em manutenção, há três blocos das CTE Santa Cruz, Cienfuegos e Renté.

Limitações térmicas: 365 MW fora de serviço.

A isso se soma a já crônica escassez de combustível, que impede a operação de 98 centrais de geração distribuída (573 MW), 110 MW no fuel de Mariel e 36 MW a mais pela falta de óleo nos motores. No total, 719 MW estão fora do sistema por essa razão.

Apagões programados em Havana

A Empresa Elétrica de Havana informou sobre as interrupções no serviço na capital de acordo com o seguinte cronograma:

Das 10:00 às 14:00: será afetado o bloco #4.

Das 11h às 15h: será afetado o bloco nº 5.

Das 15h às 19h, o bloco #2 será alternado.

De 19:00 às 23:00 será afetado o bloco #3.

Das 20:00 às 24:00 afetará o bloco #1.

Captura do Facebook / Empresa Elétrica de Havana

Energia solar, ainda insuficiente

Apesar da incorporação de 18 novos parques solares fotovoltaicos, sua contribuição continua sendo modesta diante da magnitude do problema. Na quinta-feira, geraram 1.220 MWh no total, com uma potência máxima de 287 MW, registrada ao meio-dia.

Um panorama desesperador

Para o horário de pico, a UNE prevê a entrada de várias fontes menores: a unidade 3 da Energás Varadero (30 MW), o combustível de Mariel (110 MW), a unidade 5 de Nuevitas (55 MW) e o combustível de Moa (115 MW).

Ainda assim, a lacuna entre geração e demanda continuará sendo crítica.

Se o prognóstico da União Elétrica se cumprir e atingir 1.870 MW, Cuba terá registrado nesta sexta-feira o terceiro déficit mais alto dos últimos anos.

O mais grave, de 1.901 MW, foi reportado no dia 23 de abril e constituiu um recorde absoluto. O segundo, de 1.880 MW, ocorreu apenas no sábado passado.

Enquanto isso, o povo cubano continua mergulhado em apagões prolongados, sem eletricidade para cozinhar, refrigerar alimentos ou simplesmente suportar o sufocante calor do verão.

A situação se agrava sem uma explicação clara sobre quando e como o governo conseguirá estabilizar o SEN.

A única certeza é que a crise energética em Cuba não dá trégua, e cada novo boletim da UNE é uma sentença de escuridão.

Perguntas frequentes sobre a crise energética em Cuba

Qual é o déficit energético atual em Cuba?

A União Elétrica de Cuba anunciou um déficit de 1.870 MW durante o horário de pico, o que representa mais da metade da demanda nacional. Esse déficit é um dos mais altos registrados este ano e afeta gravemente a população com apagões prolongados.

Quais são as principais causas da crise energética em Cuba?

A crise energética em Cuba deve-se a uma combinação de falhas em usinas termelétricas, manutenção programada, limitações térmicas e uma crônica escassez de combustível. Essas causas deixaram fora de serviço 719 MW de capacidade geradora, agravando o problema de apagões em todo o país.

Quais medidas o governo cubano está tomando para resolver a crise energética?

Apesar da incorporação de novos parques solares fotovoltaicos, a contribuição desta fonte ainda é insuficiente para resolver o déficit energético. Não foram anunciadas soluções estruturais efetivas para estabilizar o Sistema Elétrico Nacional, e o governo não apresentou um plano claro para superar a crise.

Como a crise energética afeta a população cubana?

A população cubana enfrenta apagões prolongados que afetam sua vida diária, impedindo atividades básicas como cozinhar, refrigerar alimentos ou combater o calor. A qualidade de vida se deteriora cada vez mais, já que os serviços básicos estão comprometidos pela instabilidade do fornecimento elétrico.

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