Estudantes da Universidade Tecnológica de Havana José Antonio Echeverría, conhecida como CUJAE, denunciaram neste domingo repressão por parte da Segurança do Estado diante de sua oposição ao aumento das tarifas.
Segundo o meio independente Árbol Invertido, os alunos desse centro de educação superior descreveram “um clima de medo e perseguição implantado pela ingerência direta da polícia política cubana”.
Além de interrogatórios, assédio, ameaças de expulsão e apagamento de celulares contra os estudantes que participam da articulação contra o aumento de tarifas, os estudantes denunciaram a eliminação do grupo coletivo de WhatsApp “CUJAE fala”.
“La Seguridad del estado estuvo en la escuela e interrogaron a varias personas, muchos de la beca. Hoy el grupo de ‘CUJAE habla’ fue eliminado. Quizás dieron con el que lo administraba”, dijo un estudiante al medio independiente.
“Um dos universitários, em nome da comunidade estudantil cubana que enfrenta o grande aparato de repressão do regime, manifesta em um chat enviado como sinal de alerta, porque precisam de apoio: ‘Precisamos de apoio e mais daqueles que estão fora, que podem dar visibilidade a tudo o que estamos fazendo’”, assegurou em um post Árbol Invertido.
Este lunes, o meio independente compartilhou também a captura de tela da mensagem de um estudante que afirmou que durante a semana houve um “clima estranho” na bolsa de estudos da escola, após o surgimento de um lençol com uma pintura.
Além disso, para esta semana foi agendada uma “inspeção geral” nos quartos dos estudantes que coincide com os interrogatórios convocados pela Segurança do Estado na instituição
Comunicado inicial de la FEU de la CUJAE
Desde a última terça-feira, a FEU e a UJC da CUJAE condenaram enérgicamente as disposições da ETECSA.
Em uma declaração oficial conjunta, o Conselho da Federação Estudantil Universitária (FEU) e o Comitê da União de Jovens Comunistas (UJC) não apenas solicitaram outras soluções além das oferecidas, mas exigiram da ETECSA mais respeito pelo povo.
"Manifestamos novamente nossa inconformidade e solicitamos outras soluções, mais concretas em tempo e inclusivas. Além de uma postura mais respeitosa em relação à população por parte dos diretores que se pronunciam publicamente", conclui o que é apenas o primeiro parágrafo do agudo e surpreendente pronunciamento da CUJAE.
Os universitários exigiram não apenas rectificações técnicas e econômicas, mas também uma mudança de atitude e tom por parte dos representantes da empresa estatal, que - segundo o texto - têm oferecido explicações vagas e repetitivas, sem abordar com clareza o impacto real sobre a cidadania.
Represión en la Universidad de La Villas
No domingo, foi divulgado que ameaças de prisão e expulsão foram a resposta da Segurança do Estado contra estudantes da Universidade Central “Marta Abreu” de Las Villas (UCLV) que organizavam uma parada universitária para esta segunda-feira.
A denúncia foi divulgada pelo jornalista Mario J. Pentón, que compartilhou o testemunho de um estudante daquela universidade.
“En mi facultad de Ciencias Económicas, la Seguridad del Estado ya empezó a actuar. Visitaron a tres estudiantes en sus casas, los amenazaron con expulsarlos de la universidad e incluso con prisión”, se lee en el mensaje enviado por el estudiante.
“Um deles era o administrador do canal de WhatsApp ‘A voz de todos’, que buscava unir os universitários e já tinha mais de 500 seguidores em poucas horas. Estava sendo organizada uma parada universitária para a segunda-feira, mas o obrigaram a fechar o canal”, precisou.
Pentón também compartilhou uma captura de tela do grupo de WhatsApp onde o estudante ameaçado escreveu uma retratação.
“Os jovens foram ameaçados na frente de suas famílias e obrigados a escrever mensagens no grupo de WhatsApp da faculdade 'se arrependendo' e expressando apoio à FEU. Tudo, claramente sob coação”, informou Pentón.
Na última quarta-feira, os estudantes da UCLV anunciaram que se juntavam à paralisação acadêmica iniciada por outras universidades cubanas, em protesto contra as restrições impostas pela Empresa de Telecomunicações de Cuba (ETECSA), que consideram discriminatórias e excludentes.
Perguntas frequentes sobre a repressão na CUJAE e o aumento de tarifas da ETECSA
Por que os estudantes da CUJAE estão protestando contra a ETECSA?
Como o governo cubano respondeu às protestas estudantis?
O governo cubano, por meio da Segurança do Estado, respondeu com repressão e ameaças de expulsão e prisão contra os estudantes que participam das manifestações. Além disso, tentaram desacreditar as denúncias estudantis como "fake news" e manipulação externa.
Que medidas os estudantes tomaram para visibilizar suas reivindicações?
Os estudantes organizaram paralisações acadêmicas, emitiram pronunciamentos públicos e utilizaram redes sociais para exigir tarifas mais justas e conectividade equitativa. Também solicitaram apoio internacional para dar visibilidade à sua causa.
¿Qué impacto tienen las nuevas tarifas de ETECSA en la comunidad universitaria?
As novas tarifas da ETECSA limitam o acesso à internet, afetando o desempenho acadêmico dos estudantes. Além disso, aumentam a desigualdade, pois muitos estudantes não conseguem arcar com os custos adicionais de conectividade, o que impacta na sua capacidade de acessar recursos educacionais e se comunicar com tutores e colegas.
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