Régimen cubano realiza "acto de repúdio" contra Mike Hammer na Lanchita de Regla

Uma operação orquestrada por agentes da Segurança do Estado interrompeu neste domingo um percurso do embaixador dos Estados Unidos em Havana.

Imagens do acontecimentoFoto © Captura de vídeo Facebook / Frank Enrique

O chefe da missão diplomática dos Estados Unidos em Cuba, Mike Hammer, foi alvo neste domingo de uma operação de assédio durante um passeio cidadão que incluiu o uso do emblemático ferry que liga a Habana Vieja ao município de Regla, conhecido popularmente como “a lanchita de Regla”.

Segundo confirmou CiberCuba com uma fonte anônima, no transporte público estavam agentes da Segurança do Estado vestidos à civil que simularam uma troca verbal violenta com o diplomata norte-americano, a quem tentaram instruir sobre as "verdades" que o regime cubano defende.

Captura de tela Facebook / Frank Enrique

O montante, no qual também participou um agente fardado da Polícia Nacional Revolucionária (PNR) que fingia mediar entre as partes, consistiu em agredir Hammer de forma agressiva, enquanto vários dos envolvidos gravavam a cena com um celular.

“Duas mulheres agressivas confrontaram o responsável enquanto uma delas gravava. Elas convidaram os demais passageiros a se juntarem ao ato de repúdio sem sucesso, e depois o seguiram até a igreja de Regla”, relatou a fonte.

As imagens obtidas por este meio confirmam a presença de pessoas filmando com a clara intenção de registrar a confrontação de vários ângulos, em uma manobra que visa à criação de um conteúdo com fins propagandísticos.

No material gráfico, pode-se observar como Hammer é cercado e interpelado, enquanto outros atores simulam agir como cidadãos comuns que reagem espontaneamente.

Um perfil oficialista em redes sociais, identificado como “Frank Enrique”, já divulgou uma versão favorável ao regime sobre o que ocorreu, afirmando que “o povo disse algumas coisas a Mike” e que o embaixador “não suporta a verdade”.

Tudo indica que a cena foi montada precisamente para que sua divulgação sirva como justificativa à narrativa governamental que acusa Hammer de “provocar o povo cubano”.

Este episódio ocorre em meio a uma crescente tensão entre o regime cubano e a delegação diplomática dos Estados Unidos na Ilha, liderada por Hammer desde novembro de 2024.

Sua política de contato direto com cidadãos, ativistas, líderes religiosos e opositores tem incomodado as autoridades, que o convocaram várias vezes e o acusaram de ingerência nos assuntos internos do país.

É muito provável que esse acontecimento comece a circular em meios e redes sociais vinculados ao oficialismo, como parte do aparato de propaganda criado pela máquina de segurança do regime.

A campanha oficialista contra Hammer

Desde que assumiu como chefe da missão diplomática dos Estados Unidos em Havana em novembro de 2024, Hammer tem sido alvo de uma crescente campanha de assédio por parte do regime cubano.

A sua política de contato direto com cidadãos, defensores dos direitos humanos, ativistas e líderes religiosos tem incomodado visivelmente as autoridades.

Nas últimas semanas, o ministério das Relações Exteriores (MINREX) tem atacado publicamente Hammer, acusando-o de "conduta provocadora", "ingerência" e "violação da Convenção de Viena".

A subdiretora geral dos EUA do MINREX, Johana Tablada de la Torre, chegou a adverti-lo publicamente que "não confunda paciência com fraqueza", em uma ameaça velada amplamente divulgada nos meios de comunicação estatais.

No dia 30 de maio, o regime convocou Hammer para entregar uma Nota Verbal de protesto, culpando-o de incitar "ações delituosas" em Cuba.

Dos dias depois, o Departamento de Estado dos Estados Unidos respondeu convocando a embaixadora cubana em Washington, em reprovação ao assédio contra seus diplomatas.

Ao mesmo tempo, meios oficialistas como Cubadebate, Granma e vários perfis nas redes sociais controlados pela Segurança do Estado intensificaram sua campanha de desacreditação contra Hammer, tentando projetá-lo como instigador de distúrbios e como parte de um suposto plano de desestabilização.

Este clima de tensão diplomática marca o incidente ocorrido neste domingo na Lanchita de Regla, que se perfila como uma nova tentativa do aparelho propagandístico cubano para deslegitimar o trabalho diplomático estadunidense perante a opinião pública nacional e internacional.

Arquivado em:

Equipe Editorial da CiberCuba

Uma equipe de jornalistas comprometidos em informar sobre a atualidade cubana e temas de interesse global. No CiberCuba, trabalhamos para oferecer notícias verídicas e análises críticas.