Kilmar Ábrego García, um homem de Maryland que foi deportado em março para El Salvador "por engano", retornou nesta sexta-feira aos Estados Unidos, onde enfrentará acusações por suposto tráfico de pessoas, conforme revelou a agência EFE.
A procuradora geral Pam Bondi afirmou em uma coletiva de imprensa nesta sexta-feira que Ábrego García teria realizado mais de 100 viagens para transportar imigrantes ilegais por todo os Estados Unidos, e alegou que ele era membro da gangue salvadorenha MS-13.
"Traficou com milhares de imigrantes ilegais", afirmou. Ábrego García "comerciava com a inocência de crianças menores em troca de benefícios", sentenciou Bondi, e acrescentou que seria condenado e devolvido a El Salvador para ser encarcerado.
A procuradora relacionou o homem com crimes graves, como assassinatos e abusos a mulheres, apesar de que ele só foi acusado em relação ao contrabando.
Também mencionou, sem apresentar provas, que sua vida em Maryland como contratante, pai e marido era uma "cobertura" para atividades criminosas durante nove anos.
Por sua parte, a secretária de Segurança Nacional, Kristi Noem, atacou os meios de comunicação e os democratas por "glorificar" García.
Em uma publicação nas redes sociais, afirmou que o Governo tem "provas avassaladoras" contra ele por acusações de tráfico de pessoas e conspiração. "A justiça aguarda este salvadorenho", disse Noem.
Desde o início do caso, os funcionários da administração Trump tentaram apresentar Ábrego García, que vive ilegalmente nos Estados Unidos sem antecedentes criminais há anos, como membro da MS13.
Nos documentos judiciais que solicitam sua detenção preventiva, os promotores afirmam que o salvadorenho fez parte de uma conspiração de tráfico de pessoas e desempenhou "um papel significativo" no contrabando de imigrantes, incluindo menores não acompanhados.
Se for declarado culpado, poderá enfrentar uma pena máxima de 10 anos de prisão por cada pessoa que transportou, de acordo com os documentos, uma pena que iria "muito além do restante da vida do acusado".
O caso de Kilmar
Kilmar Ábrego García, que chegou aos Estados Unidos em 2011 fugindo das gangues, havia recebido uma suspensão de deportação em 2019 após ser considerado um alvo provável de violência caso fosse devolvido ao seu país.
Casado com uma cidadã americana e pai de uma criança de cinco anos com deficiência, Ábrego García não tem antecedentes criminais e trabalhava como aprendiz em uma empresa metalúrgica em Maryland.
No dia 12 de março, agentes do Serviço de Imigração e Controle de Aduanas (ICE) o detiveram, alegando uma mudança em seu status migratório.
Em questão de dias foi incluído como suplente em um voo de deportação para El Salvador, sem que o manifesto indicasse sua proteção legal, e terminou sendo transferido para o Centro de Confinamento do Terrorismo (CECOT), a prisão símbolo da chamada “mão dura” de Bukele.
As autoridades americanas reconheceram que a deportação foi um “descuidado” causado por um “erro administrativo”. No entanto, os advogados do governo argumentaram que os tribunais não tinham jurisdição para ordenar seu retorno, uma vez que ele estava sob custódia do governo salvadorenho.
No obstante, o presidente Nayib Bukele afirmou que não se negaria a retorná-lo aos EUA para que enfrentasse acusações.
Perguntas frequentes sobre o caso de Kilmar Ábrego García e deportações incorretas
Por que Kilmar Ábrego García foi deportado para El Salvador?
Kilmar Ábrego García foi deportado por engano para El Salvador devido a um "descuido" administrativo do Serviço de Imigração e Controle de Alfândega (ICE). Apesar de ter proteção judicial que impedia sua deportação, foi enviado para o Centro de Confinamento do Terrorismo em El Salvador, uma prisão de máxima segurança. Este erro destaca a negligência no manejo de casos migratórios sob a administração de Donald Trump.
Quais são as acusações contra Kilmar Ábrego García?
Ábrego García enfrenta acusações de tráfico de pessoas e conspiração, com a procuradora geral Pam Bondi alegando que ele é membro da gangue MS-13. No entanto, não foram apresentadas provas credíveis que sustentem essas acusações. A defesa argumenta que ele não possui antecedentes criminais e que as acusações são infundadas.
O que o governo dos Estados Unidos disse sobre sua deportação equivocada?
O governo dos Estados Unidos admitiu que a deportação de Ábrego García foi um erro administrativo, mas argumenta que não tem jurisdição para ordenar seu retorno, uma vez que agora ele está sob custódia salvadorenha. Essa postura gerou críticas e questionamentos sobre o respeito do governo às ordens judiciais.
Qual é a situação atual de Kilmar Ábrego García?
Atualmente, Kilmar Ábrego García está recluído em uma prisão de máxima segurança em El Salvador, conhecida por abrigar membros de bandas criminosas. Apesar das ordens judiciais nos EUA para facilitar seu retorno, a administração Trump e o governo de El Salvador têm dificultado sua repatriação. A situação destaca a tensão entre decisões judiciais e políticas migratórias do Executivo.
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