Habilitam sala de internet para trabalhadores no aeroporto de Varadero após aumento de tarifas da ETECSA

Diante das novas tarifas impostas pela ETECSA, o aeroporto internacional Juan Gualberto Gómez improvisou uma sala com acesso gratuito à internet para seus funcionários. O gesto, apresentado como uma conquista institucional, é um reflexo de uma política nacional que encarece a conectividade e impulsiona a busca por paliativos.


A direção do aeroporto internacional Juan Gualberto Gómez, em Varadero, inaugurou nesta segunda-feira uma sala de navegação gratuita para seus trabalhadores, em resposta ao impopular aumento das tarifas anunciado pela estatal e única Empresa de Telecomunicações de Cuba (ETECSA), que encarece ainda mais o acesso à internet no país.

O local permitirá “baixar informações de seu interesse”, bem como “consultar documentos, tutoriais junto com todas as possibilidades de informação que a internet oferece”, destacou o periódico oficial Girón.

Foto: periódico Girón

Fiel à parafernália oficial, a inauguração ocorreu “em um ato simples”, com a presença do cantautor Israel Rojas, líder da agrupação Buena Fe. Curiosamente, Rojas foi uma das múltiplas vozes cidadãs que criticou o que considera “vícios” comunicativos no recente anúncio do monopólio das telecomunicações de dolarizar seus principais serviços de internet móvel.

Defensor do regime, o músico se cuidou de criticar diretamente a medida, embora tenha opinado em um comentário nas redes sociais que “as razões técnicas e objetivas” por trás do aumento tarifário “mesmo sendo inegáveis acabam parecendo incertas, injustas e erráticas”.

A sala de internet também beneficiará, mediante coordenação prévia, os habitantes da comunidade de Carbonera, área apoiada pela terminal aeroportuária. Nessa localidade, segundo o relatório de Girón, foram realizadas “incontáveis ações construtivas para entidades sociais” e oferecida “atendimento diferenciado a crianças e famílias vulneráveis”, incluindo obras como a Casita Infantil Avioncito de colores, destacada como exemplo de impacto social.

Durante o ato, os trabalhadores agradeceram a abertura do serviço, destacando sua utilidade para “a capacitação de jovens que ainda estão cursando estudos e veteranos com vontade de ampliar sua formação”.

Foto: periódico Girón

Mas a pergunta de fundo persiste: quantos centros mais poderão fazer o mesmo em um país onde o acesso à Internet, longe de se expandir, está cada vez mais cercado por muros de preços, restrições e controle?

A sala de navegação na instalação aeroportuária, à primeira vista louvável, evidencia uma realidade mais ampla: com tarifas oficiais fora do alcance para muitos, a única opção para acessar informações e capacitação em centros de trabalho passa por iniciativas locais e excepcionais como esta.

O pacote com tintes neoliberais da ETECSA limita o acesso à rede de redes para a maioria dos cubanos e os obriga a que, uma vez esgotado o exíguo pacote permitido para navegar em um mês (apenas 6 GB), tenham que recorrer a recargas em planos com preços muito altos em CUP e em dólares, muito além do alcance da maioria dos cidadãos que recebem seus salários em um peso cubano muito desvalorizado, em um contexto de galopante inflação.

O novo esquema tarifário da ETECSA tem sido considerado abusivo e discriminatório pela imensa maioria da população cubana e qualificado como "um roubo à mão armada".

Ante uma medida avaliada também como ato de exclusão social e uma forma de chantagem econômica, muitos cubanos dignos decidiram rejeitar qualquer recarga do exterior.

Após a ampla rejeição popular, a ETECSA tentou acalmar as críticas com novas medidas anunciadas no programa oficialista Mesa Redonda na noite de 2 de junho, oferecendo 12 GB por 720 CUP e acesso a sites educativos gratuitos para estudantes universitários.

No obstante, nesta terça-feira, em um comunicado oficial, a FEU e a UJC da Universidade Tecnológica de Havana “José Antonio Echeverría” (antigamente CUJAE) não só pediram outras soluções às oferecidas, mas exigiram da ETECSA mais respeito pelo povo.

Perguntas frequentes sobre o aumento de tarifas da ETECSA e a conectividade em Cuba

Por que a ETECSA aumentou as tarifas de internet em Cuba?

A ETECSA justificou o aumento das tarifas com a necessidade de obter divisas para sustentar e desenvolver a infraestrutura tecnológica do país. No entanto, essas medidas têm sido percebidas como uma tentativa de dolarizar o serviço móvel, restringindo o acesso àqueles que só podem pagar em pesos cubanos.

Qual é o impacto do novo esquema tarifário da ETECSA na população cubana?

O novo esquema tarifário da ETECSA limita severamente o acesso à internet para a maioria dos cubanos, que devem pagar tarifas em dólares ou ficam restritos a um limite mensal de recargas em pesos cubanos. Isso gerou um amplo rechazo, já que muitos consideram as tarifas abusivas e excludentes.

Como a população e os meios oficiais reagiram ao aumento das tarifas da ETECSA?

A reação foi de indignação generalizada, tanto na população quanto em alguns meios oficiais. Os cubanos expressaram seu descontentamento nas redes sociais e em plataformas oficialistas como Cubadebate, enquanto jornais como Girón pediram mais transparência e sensibilidade por parte da ETECSA.

Quais medidas a ETECSA tomou para mitigar o descontentamento com o aumento das tarifas?

Após a rejeição generalizada, a ETECSA anunciou medidas como o aumento de gigas para alguns pacotes e o acesso gratuito a sites educativos para estudantes. No entanto, essas ações foram vistas como insuficientes, uma vez que o problema principal reside no alto custo e na exclusão gerada pelas novas tarifas.

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Equipe Editorial da CiberCuba

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