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O músico do duo Buena Fe, Israel Rojas, criticou o que considera "vícios" comunicativos no recente anúncio do monopólio estatal ETECSA sobre dolarizar seus principais serviços de Internet móvel
“El ‘tarifazo’ da ETECSA está cheio de TODOS os vícios da comunicação política cubana atual”,
O defensor do regime, que se cuidou de criticar diretamente a medida, acredita que “as razões técnicas e objetivas” por trás do aumento das tarifas “mesmo sendo inegáveis, acabam parecendo incertas, injustas e erráticas”.
O post de Rojas foi comentado por pessoas próximas ao oficialismo, revelando o descontentamento com a medida, até mesmo entre os defensores do regime.
“Nem mesmo os especialistas em manipulação psicológica da CIA seriam capazes de alcançar o estado de espírito que a ETECSA conseguiu ao comunicar a notícia”, comentou o jornalista Fernando Ravsberg.
“É inaudito, o contrato do serviço telefônico diz claramente que as mudanças devem ser anunciadas com 30 dias de antecedência, mas a ETECSA parece não se importar nem um pouco com isso. Só se importam com os dólares que entram nas recargas do exterior, que eu não sei aonde vão parar, porque todos os meses entram por esse conceito milhares e milhares de dólares”, disse a usuária Nolan Fuentes.
Por sua parte, o fotógrafo oficialista Iván Soca afirmou que “há 25 anos escrevi uma carta a Fidel na qual dizia por escrito que a ETECSA era o inimigo, que as comunicações eram a independência de um país; imagino que se a entregaram e ele leu, deve ter pensado que eu era um pouco jovem e confuso”.
Aumento das tarifas e descontentamento nas fileiras do governo
Na sexta-feira, ETECSA anunciou um novo pacote de medidas que limita severamente o uso do peso cubano (CUP) para recargas móveis e promove, em seu lugar, pacotes de dados em dólares americanos.
Além da imediata perplexidade e indignação que causou o anúncio, foi surpreendente a reação que provocaram as novas disposições no ecossistema digital cubano, especialmente no portal oficialista do regime Cubadebate, onde a notícia provocou uma onda de comentários que expressaram sua fúria, ultrapassando os limites habituais da crítica na ilha.
A decisão de restringir as recargas em CUP a um máximo de 360 pesos mensais e de oferecer planos de dados em divisas estrangeiras foi percebida por muitos como a formalização da dolarização do serviço móvel em Cuba.
Ao anúncio, que veio acompanhado de uma linguagem tecnocrática e promessas de "melhorias" técnicas, seguiu-se uma reação popular raramente vista em vozes oficialistas ou meios de comunicação estatais. Em questão de horas, mais de 1.300 comentários inundaram a página oficial do Cubadebate. E desta vez, o tom não foi de aprovação resignada, mas de indignação sem filtros.
Um leitor resumiu com amarga ironia: "Vamos ser sérios. Isso não é uma oferta, isso é um roubo à mão armada. Mais um ataque aos que já têm muito pouco."
Perguntas frequentes sobre o aumento de tarifas da ETECSA e seu impacto em Cuba
Que mudanças a ETECSA anunciou em seus serviços de recarga e dados móveis?
ETECSA limitou as recargas em pesos cubanos (CUP) a 360 mensais e lançou novos planos de dados em dólares americanos (USD). Isso significa que os usuários só podem recarregar uma quantidade limitada em CUP, enquanto que os dados adicionais deverão ser comprados em USD, o que afeta principalmente aqueles que não têm acesso a moedas estrangeiras.
Por que a ETECSA está dolarizando seus serviços de telecomunicações?
Segundo a ETECSA, a dolarização busca "potencializar novas fontes de receita" para sustentar e desenvolver a rede de serviços de telecomunicações em Cuba. No entanto, muitos cubanos acreditam que essa medida aprofunda a desigualdade ao transformar o acesso à internet em um privilégio para aqueles que têm acesso a dólares.
Qual tem sido a reação da população cubana às novas medidas da ETECSA?
A reação tem sido de indignação e descontentamento massivo, especialmente em plataformas como Cubadebate, onde os usuários expressaram sua frustração e rejeição às medidas. Muitos acreditam que a ETECSA está excluindo milhões de cubanos que não têm acesso a divisas estrangeiras, consolidando assim uma brecha digital e econômica no país.
Como essas medidas afetam o acesso à Internet em Cuba?
As medidas limitam severamente o acesso à Internet em moeda nacional e promovem a compra de dados em USD. Isso implica que muitos cubanos que dependem do CUP verão seu acesso restrito, o que afetará sua capacidade de trabalhar, estudar e se manterem comunicados, algo que é particularmente problemático em um país onde a Internet é uma ferramenta essencial para muitas atividades cotidianas.
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