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Uma jovem cubana denunciou publicamente a falta de atendimento médico e o abandono institucional que sofreu após se envolver em um acidente de trânsito em Montevidéu.
O testemunho foi compartilhado por Nora Paz, de 29 anos, no grupo do Facebook "Cubanos em Uruguai", onde relatou com detalhes o calvário que viveu na última quinta-feira, 15 de maio.
Nora, que está no país há apenas um mês, contou que enquanto circulava de bicicleta em frente à empresa Urofarma, uma funcionária do local atravessou seu carro no seu caminho, provocando uma colisão que resultou em uma dolorosa lesão na perna.
Segundo seu relato, permaneceu no chão por mais de duas horas aguardando assistência médica, sem que uma ambulância chegasse.
"A polícia chegou em cinco minutos, tomou a declaração, mas com a garota não fizeram absolutamente nada, apesar de ser culpa dela e tudo ter sido registrado em câmeras", escreveu a jovem.
Acrescentou que, quando finalmente foi transferida, não recebeu atendimento hospitalar por não ter seguro de saúde e não lhe foi oferecido leito em nenhum centro público.
Ao retornar para casa, a dor piorou. Nora tentou novamente contactar os serviços de emergência, ligando para o 105 e o 911, mas afirma que não obteve resposta. "Ninguém veio me socorrer, a ambulância nunca chegou", lamentou.
Somente com a ajuda de alguns conhecidos, conseguiu improvisar uma tala com uma tábua e uma toalha. "Graças a Deus que não foi algo mais grave, caso contrário, estaria lamentando", expressou.
A jovem também criticou a falta de humanidade por parte da condutora envolvida no acidente, apontando que, apesar de trabalhar em uma empresa farmacêutica, não lhe ofereceu nem medicamentos nem assistência alguma.
"Aqui não somos ninguém. Lá também não, mas aqui menos", escreveu, referindo-se à sua condição de migrante cubana.
Nora concluiu sua mensagem pedindo que sua história fosse compartilhada para que chegasse às autoridades competentes e que se fizesse justiça. "Não estou pedindo nada àqueles que estão lendo isso, apenas que compartilhem", encerrou sua publicação.
Este caso gerou diversas reações entre membros da comunidade migrante no Uruguai.
Alguns apontam que experiências como a de Nora são mais comuns do que se reconhece publicamente, enquanto outros alegam que a jovem carece de conhecimento sobre como agir nessas situações.
"Eu, ao chegar ao Uruguai no dia seguinte, já tinha afiliação na saúde pública e estou nela há quase sete anos e tem sido ótimo, senão, teria mudado para a privada. E a garota que te acidentou não vai te dar medicamentos por trabalhar em uma empresa farmacêutica, a empresa não é dela," esclareceu uma camagüeyana.
"Meu esposo teve um acidente, foi operado e tudo foi de graça, o que você precisa fazer é ir e se afiliar ao ASSE (Serviços de Saúde do Estado)", disse uma jovem.
"É necessário fazer os trâmites para a saúde pública, que te afilham até mesmo com passaporte...", afirmou um pai cubano.
"Vá até a rua Uruguai, lá você encontrará advogados de ofício, que são gratuitos para todos, e faça a denúncia lá, que eles te assessoram e você cobra do seguro da pessoa que te atropelou", sugeriu outro cubano.
"Em saúde pública, há dias e meio esperando na emergência que um médico atenda meu familiar, não é porque você seja cubana, o tema saúde é um desastre", assegurou uma uruguaia.
"Pobre chica, se tivesse sido ao contrário e tivesse acontecido em Cuba, ela seria atendida muito melhor do que qualquer cubano, mas a realidade é que se aqui no nosso país somos nada, lá fora é muito pior, por não ter nossos familiares ao lado", recordou uma cubana.
Perguntas frequentes sobre a atenção médica e a situação de migrantes no Uruguai
Por que Nora Paz denuncia a falta de atenção médica no Uruguai?
Nora Paz, uma jovem cubana, denunciou a falta de atenção médica após sofrer um acidente de trânsito em Montevidéu. Apesar de ter esperado mais de duas horas por uma ambulância e ter sido trasladada sem receber o atendimento hospitalar adequado por não ter seguro médico, sua situação se agravou ao não receber ajuda dos serviços de emergência ao retornar para sua residência.
Quais dificuldades os migrantes cubanos enfrentam no Uruguai para acessar serviços de saúde?
Os migrantes cubanos no Uruguai podem enfrentar dificuldades para acessar serviços de saúde devido à falta de afiliação ao sistema de saúde pública ou privada. Isso é evidenciado no caso de Nora Paz, que não pôde receber atendimento hospitalar adequado por não contar com seguro médico. No entanto, outros migrantes destacaram que uma rápida afiliação ao sistema de saúde pública pode evitar esses problemas.
Quais recomendações são dadas aos novos migrantes para evitar problemas de saúde no Uruguai?
Para evitar problemas de saúde, recomenda-se que os novos migrantes no Uruguai se afiliem ao sistema de saúde pública (ASSE) o mais rápido possível. Isso pode proporcionar acesso a cuidados médicos adequados e evitar situações de abandono em caso de emergências médicas, como aconteceu com Nora Paz.
Como a percepção dos serviços públicos no Uruguai afeta os migrantes cubanos?
A percepção dos serviços públicos no Uruguai pode ser positiva para migrantes cubanos, que comparam as condições com as de Cuba e consideram que o Uruguai oferece um sistema de infraestrutura e serviços melhor. No entanto, casos individuais como o de Nora Paz mostram que ainda existem desafios no acesso e na qualidade desses serviços para os novos residentes.
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