Díaz-Canel e Lis Cuesta prestam homenagem na Rússia às vítimas de bombardeios e fome

A visita ocorre enquanto ambos os países enfrentam sanções internacionais e buscam aliados em um contexto geopolítico adverso.


O governante cubano, Miguel Díaz-Canel Bermúdez, acompanhado por sua esposa, a "Não Primeira Dama" Lis Cuesta, prestou homenagem nesta segunda-feira às vítimas do cerco de Leningrado durante a Segunda Guerra Mundial, em uma cerimônia realizada no Cemitério Memorial Piskaryovskoye, em São Petersburgo.

O ato faz parte de sua recente visita oficial a Rússia, a convite do presidente Vladimir Putin, em comemoração ao Dia da Vitória.

Durante a cerimônia, o mandatário depositou uma oferta floral em frente ao monumento à Mãe Pátria e evocou o sacrifício de mais de 490 mil civis e combatentes enterrados em 186 fossas comuns após resistirem ao cerco nazista por 900 dias.

A Presidência de Cuba e Díaz-Canel destacaram nas redes sociais o caráter emotivo do tributo e a “amizade” entre os dois povos.

“Retornamos ao cemitério memorial de São Petersburgo, panteão de 490 mil filhos da Cidade Herói que resistiu 900 dias de #Bloqueio nazista sem se render. #Cuba conta aqui com grandes amigos. Juntos avaliamos projetos e percorremos locais históricos e de interesse para a cooperação”, escreveu o mandatário no X.

Após sua chegada a São Petersburgo, Díaz-Canel também se reuniu com o governador local, Alexander Beglov, reafirmando os laços históricos entre as duas nações e evocando a visita do ditador Fidel Castro à cidade em 1963, então Leningrado.

A Chancelaria cubana qualificou o encontro como “frutífero” e o inseriu em uma série de atividades voltadas para fortalecer a cooperação bilateral.

A visita do mandatário cubano inscreve-se como parte de uma política de aproximação constante entre Havana e Moscovo. Em novembro de 2024, Díaz-Canel se reuniu com o presidente da petrolífera estatal russa Zarubezhneft para ampliar a colaboração energética, um tema crítico para Cuba em meio à sua crise de combustível e apagões prolongados.

Assim, em abril de 2025, o vice-primeiro-ministro russo, Dmitri Chernishenko, visitou Havana para fortalecer a “aliança estratégica”, em meio ao isolamento internacional que enfrentam ambos os governos.

No entanto, essa aproximação despertou críticas dentro e fora da ilha devido à crescente dependência de Havana em relação a Moscovo, especialmente em momentos em que a Rússia enfrenta severas sanções internacionais por sua invasão à Ucrânia.

Durante uma visita anterior em maio de 2024, Díaz-Canel expressou seu apoio a Putin e condenou as sanções impostas à Rússia, apesar das denúncias de famílias cubanas sobre o recrutamento irregular de jovens para combater no conflito ucraniano.

A aliança também se manifestou no plano militar. Em junho de 2024, navios de guerra russos, incluindo uma fragata e um submarino, atracaram no porto de Havana, em uma visita considerada de "amizade", mas que gerou inquietação em Washington devido ao seu simbolismo geopolítico.

Embora a homenagem de Díaz-Canel no Cemitério Piskaryovskoye busque projetar uma imagem de respeito histórico e irmandade entre os povos, não pode ser dissociada do contexto político que a envolve.

As visitas contínuas do mandatário cubano à Rússia, os acordos energéticos, as manifestações de apoio a Moscou em fóruns internacionais e a colaboração militar foram interpretados por analistas como uma consolidação de uma relação assimétrica que concede oxigênio político e econômico a Havana, em troca de uma fidelidade diplomática cada vez mais onerosa.

Em meio a uma das crises mais profundas de sua história recente, o governo cubano parece ter escolhido a Rússia como seu principal aliado estratégico, embora isso implique alinhar-se com uma potência sob forte escrutínio internacional.

Perguntas Frequentes sobre a Visita de Díaz-Canel à Rússia e as Relações Cuba-Rússia

Qual foi o propósito da visita de Díaz-Canel à Rússia em maio de 2025?

O propósito da visita de Díaz-Canel à Rússia foi prestar homenagem às vítimas do cerco de Leningrado e fortalecer os laços entre Cuba e Rússia. A visita incluiu uma cerimônia no Cemitério Memorial Piskaryovskoye e reuniões com líderes russos para discutir projetos de cooperação em setores estratégicos como biotecnologia, energia e inteligência artificial.

Por que as relações entre Cuba e Rússia são importantes para ambos os países?

As relações entre Cuba e Rússia são cruciais devido à cooperação em setores estratégicos como energia, turismo e defesa. Para Cuba, a Rússia representa um aliado estratégico em meio à sua crise econômica e isolamento internacional. Enquanto isso, para a Rússia, Cuba é um parceiro importante na América Latina que ajuda a expandir sua influência geopolítica na região.

Quais críticas enfrenta a aproximação entre Cuba e Rússia?

O aproximar-se entre Cuba e Rússia enfrenta críticas devido à crescente dependência de Havana em relação a Moscovo. Além disso, a aliança se dá em um contexto em que a Rússia enfrenta sanções internacionais pela invasão da Ucrânia. Essa relação tem sido interpretada como uma consolidação de uma relação assimétrica que concede benefícios políticos e econômicos a Cuba, em troca de apoio diplomático à Rússia.

Que projetos de cooperação estão sendo avaliados entre Cuba e Rússia?

Entre Cuba e Rússia estão sendo avaliados projetos de cooperação em biotecnologia, energia e inteligência artificial. Esses projetos fazem parte de uma agenda voltada para reforçar a cooperação bilateral em áreas-chave para o desenvolvimento da ilha, em um esforço para contornar as dificuldades econômicas que Cuba enfrenta.

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