O opositor cubano José Daniel Ferrer denunciou nesta terça-feira uma interrupção total do serviço de internet no bairro de Altamira, em Santiago de Cuba, onde se encontra a sede principal da União Patriótica de Cuba (UNPACU), após a visita de uma equipe de jornalistas da agência internacional Reuters.
A denúncia foi feita por sua irmã, Ana Belkis Ferrer, que informou nas redes sociais: “¡EM ALERTA! A ditadura comunista de Castro-Canel derruba o serviço de internet em toda a área de Altamira, Santiago de Cuba, após a visita de jornalistas da Reuters à sede principal da UNPACU. Desde que existe internet para a população, nunca antes haviam cortado o serviço a tal magnitude.”
O corte do serviço coincide com a participação de José Daniel Ferrer e da opositora cubana Rosa María Payá em uma audiência perante a Subcomissão de Direitos Humanos do Parlamento Europeu, onde ambos expuseram a crítica situação dos direitos humanos que vive a ilha.
Durante sua intervenção, Payá denunciou que Cuba atravessa uma profunda crise estrutural, descrevendo-a como um “Estado falido”. Ele falou de apagões de até 20 horas diárias, colapso do transporte, escassez extrema de alimentos e medicamentos, e um sistema de saúde incapaz de atender pacientes com doenças graves ou crônicas.
“A população morre por falta de antibióticos”, disse, e expôs o caso do menino Damir Ortiz, falecido no sábado passado por não ter recebido tratamento adequado. Também ressaltou que os defensores dos direitos humanos são especialmente vulneráveis em um país onde o dissenso é criminalizado.
Por sua parte, Ferrer -quem, prevendo a censura do regime, enviou um vídeo com sua intervenção ao Parlamento Europeu- acusou o governo cubano de ser o maior violador dos direitos humanos da América Latina e de apoiar abertamente a invasão de Putin na Ucrânia.
Lembrou que, desde as protestas de 11 de julho de 2021, tem endurecido sua legislação para criminalizar a liberdade de expressão na ilha, inclusive nas redes sociais.
“O regime continua encarcerando centenas de presos políticos, muitos deles vítimas de torturas físicas e psicológicas. Pelo menos seis manifestantes do 11J morreram sob custódia”, declarou Ferrer, que foi vítima de detenção arbitrária e tortura.
Organizações independentes denunciaram que em Cuba não existem garantias para a liberdade de imprensa, de associação ou sindicalização, e que as denúncias dos cidadãos geralmente são respondidas com repressão.
Asimismo, disse que a ditadura tenta impedir a atividade humanitária da UNPACU, com cercos à sua residência e detenções arbitrárias em seu bairro em Santiago de Cuba.
Perguntas frequentes sobre a situação de José Daniel Ferrer e a repressão em Cuba
Por que foi cortado o serviço de internet em Altamira, Santiago de Cuba?
O corte de internet em Altamira foi denunciado por José Daniel Ferrer após a visita de jornalistas da Reuters à sede da UNPACU. Considera-se uma retaliação do regime cubano para silenciar vozes críticas e evitar a disseminação de informações independentes. Esta ação coincide com a participação de Ferrer e Rosa María Payá em uma audiência no Parlamento Europeu, onde denunciaram a situação dos direitos humanos em Cuba.
Como o regime cubano afetou o trabalho humanitário de José Daniel Ferrer?
O regime cubano intensificou o cerco policial ao redor da residência de Ferrer para impedir seu trabalho humanitário. Ferrer denuncia que agentes da PNR e efetivos à paisana bloqueiam a distribuição de alimentos e o atendimento médico que oferece a pessoas vulneráveis. Apesar dessas represálias, Ferrer e sua equipe conseguiram alimentar milhares de pessoas necessitadas, graças ao apoio de cubanos exilados.
Qual tem sido a reação internacional diante da situação de José Daniel Ferrer?
A comunidade internacional, especialmente os Estados Unidos, expressou sua indignação diante do assédio policial que Ferrer e os cidadãos que recebem sua ajuda sofrem. O Departamento de Estado dos EUA manifestou seu apoio a Ferrer e condenou a repressão do regime cubano, instando que se protejam os cidadãos em vez de reprimi-los. Ferrer agradeceu essas demonstrações de solidariedade internacional.
Quais denúncias foram feitas por José Daniel Ferrer e Rosa María Payá perante o Parlamento Europeu?
Ferrer e Payá denunciaram a crítica situação dos direitos humanos em Cuba perante a Subcomissão de Direitos Humanos do Parlamento Europeu. Apresentaram problemas como os apagões, a escassez extrema de alimentos e medicamentos, e a criminalização da dissidência. Também acusaram o regime cubano de ser o maior violador de direitos humanos na América Latina e de apoiar a invasão de Putin na Ucrânia.
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