Autoridades de Recursos Hidráulicos em Pinar del Río denunciaram que camponeses da província estão "furando" os canos do sistema hídrico para desviar a água potável para suas plantações, em meio a uma situação cada vez mais tensa com o abastecimento de água em vários municípios da região.
Segundo um relatório do jornal oficialista Granma, as principais afetações concentram-se nas quatro tubulações que abastecem a cidade de Pinar del Río, e os municípios de Consolación del Sur e Viñales.
Neste último, foi recentemente detectado que um produtor agrícola desviava a água destinada ao hotel Los Jazmines e à comunidade vizinha, para utilizá-la em suas plantações.
As autoridades indicaram que este não é um caso isolado e que os chamados “pinchazos” nas redes hidráulicas com fins agrícolas ocorrem constantemente.
“Temos que enfrentar e resolver as ilegalidades”, declarou Julio César Rodríguez Pimentel, delegado de Recursos Hidráulicos em Vueltabajo, embora tenha reconhecido que “o problema é que sempre aparecem novas”.
Em novembro passado, foram detectadas duas conexões ilegais no sistema Kilo 5, que abastece a parte norte da cidade — uma das regiões com os ciclos de entrega de água mais prolongados — e, em janeiro, foram descobertas mais duas, utilizadas para a irrigação de feijões, bananas e frutais.
As autoridades explicaram que os infratores atuam de maneiras diferentes: escavam para acessar os encanamentos subterrâneos e se conectam de forma ilegal, ou rompem válvulas do sistema para liberar a água e conduzi-la por valas até as plantações.
Segundo as autoridades, essas ações não apenas agravam a falta de suprimentos, mas também deterioram a infraestrutura hídrica da província.
Engrasio Machín Iglesias, diretor de Inspeção Estatal na Delegação Provincial de Recursos Hidráulicos, lamentou que as multas por esse tipo de violações continuem sendo baixas e pouco dissuasórias.
No entanto, anunciou que estão sendo realizadas ações conjuntas com a Direção Integral de Supervisão, que está autorizada a impor sanções mais severas.
“Esse tipo de fato não pode ficar impune”, advertiu o funcionário, embora o relatório de Granma não especifique quantas pessoas foram multadas ou processadas por esses atos.
Enquanto isso, o povo de Pinar continua enfrentando problemas no acesso à água potável, agravados pela combinação de seca, deterioração das redes e agora, também, por essas práticas ilegais que priorizam cultivos agrícolas em detrimento das necessidades básicas da população.
Em meio a uma crescente onda de criminalidade em Cuba, o regime intensificou sua retórica e ações punitivas com o objetivo de exercer maior controle social.
Em março passado, o governante Miguel Díaz-Canel anunciou durante um exercício nacional contra a criminalidade que seriam aplicados julgamentos exemplarizantes para delitos cometidos especialmente dentro de instituições estatais, como roubos, vandalismo e corrupção.
Esta estratégia, apoiada pelo Ministério do Interior e pelo Partido Comunista, busca reforçar o papel do Estado no enfrentamento das ilegalidades em um contexto de forte crise econômica e descontentamento popular.
Poucos dias depois, foi conhecido o caso de um cidadão condenado a 10 anos de prisão por tentar roubar computadores do hospital Ernesto Guevara, em Las Tunas.
O julgamento foi utilizado como exemplo pela imprensa oficial para apoiar a campanha judicial do regime. No mesmo dia, em Santiago de Cuba, a polícia deteve um veículo estatal que transportava mais de três milhões de pesos cubanos em dinheiro sem justificação legal, o que elevou os alarmes sobre o uso indevido de recursos do Estado e possíveis crimes financeiros, embora as autoridades não tenham fornecido detalhes sobre as medidas tomadas.
Recentemente, as autoridades cubanas fizeram um apelo à população para denunciar atos vandalicos contra o transporte público, após o registro de múltiplos ataques com pedras a ônibus em Havana.
Esses fatos, que danificaram vidros e colocaram em perigo motoristas e passageiros, refletem não apenas um aumento da violência urbana, mas também o deterioramento dos serviços públicos e a falta de respostas eficazes por parte do governo.
Perguntas frequentes sobre a crise da água e práticas ilegais em Pinar del Río
Por que os camponeses de Pinar del Río estão "furando" os canos de água?
Os camponeses de Pinar del Río estão "furando" os canos de água para desviar a água potável para suas plantações, devido à falta de recursos hídricos adequados e ao impacto da seca na região. Esta prática ilegal agrava a escassez de água potável para a população e deteriora a infraestrutura hídrica.
Qual é o impacto da crise da água em Pinar del Río?
A crise da água em Pinar del Río gerou sérios problemas de desabastecimento para a população, especialmente em áreas urbanas e rurais. As ligações ilegais para desviar água para cultivos agravaram a situação, afetando tanto o acesso à água potável quanto a qualidade de vida dos habitantes.
Que medidas estão sendo tomadas pelas autoridades para deter os "pinchazos" de água?
As autoridades de Recursos Hidráulicos em Pinar del Río estão trabalhando para impor sanções mais severas a quem realizar essas conexões ilegais. No entanto, a eficácia dessas medidas é limitada devido às baixas multas e à contínua ocorrência de novas infrações.
Como está afetando o problema da água a outras províncias de Cuba?
Em outras províncias como Las Tunas, o problema da água também é crítico, com roubos de painéis solares que afetem o acesso à água potável em comunidades rurais. Esse tipo de problema reflete uma crise mais ampla de infraestrutura e recursos em toda a ilha.
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