Sacerdote cubano Alberto Reyes: "Não há direito de esmagar até o infinito todo um povo."

Reyes assegura que a ditadura atual é pior do que a de Batista e afirma que em Cuba reinam o descontentamento social, a rejeição ao governo e o medo da repressão.

Bandeira cubana rasgada em um lugar em ruínas (Imagem de referência)Foto © Facebook / Alberto Reyes

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O sacerdote Alberto Reyes, uma das vozes mais respeitadas dentro da Igreja católica em Cuba, comparou o clima político e social atual com o dos últimos dias do regime de Fulgencio Batista, afirmando que o país vive hoje sob uma tirania ainda mais devastadora, que mergulhou o povo não apenas na repressão, mas também na fome, no colapso institucional e na desesperança generalizada.

Em uma crítica reflexão publicada no Facebook, destacou que, ao contrário da ditadura de Batista, onde o problema principal era a usurpação do poder, o regime atual vai muito além, afetando cada aspecto da vida cotidiana.

Reyes afirmou que em Cuba reinam o descontentamento social, a rejeição ao governo, o medo da repressão e, acima de tudo, um imenso desejo de uma mudança radical.

O comunismo trouxe ao país hospitais sem medicamentos, apagões constantes, escassez de água e combustível, salários miseráveis, abandono de idosos, artistas silenciados e profissionais sem futuro, detalhou.

Captura do Facebook / Alberto Reyes

"São cegos e não veem? São tolos, e veem, mas não entendem? Ou veem, entendem, mas perderam a bondade que os torna humanos?", pergunta o sacerdote com um tom firme àqueles que detêm o poder em Cuba.

A seguir, CiberCuba compartilha o texto integral da publicação de Alberto Reyes Pías:

Eu estive pensando… (106) por Alberto Reyes Pías

Tenho pensado na radiografia de uma monja

De criança, ouvi muitas vezes sobre o ambiente que reinava nos últimos tempos de Batista, e é como se esses tempos tivessem retornado. Em todo lugar, vá onde for, é a mesma coisa: o descontentamento social, a rejeição ao governo, o medo da repressão e, acima de tudo, o imenso, profundo e genuíno desejo de uma mudança radical, do fim de um sistema que se tornou um pesadelo.

Porém, evidentemente, há diferenças. Com Batista, o Problema, com P maiúsculo, era a usurpação do poder, o desagrado por um ditador que havia se apoderado do governo do país ignorando a vontade popular. A luta contra Batista tinha um objetivo: a recuperação da democracia e da liberdade que esta oferece.

Fora daquele campo, a vida não só era possível, mas, em muitos lugares, os problemas eram aqueles que trazem o excesso de abundância e a indiferença em relação ao pobre que isso provoca.

Hoje não é assim. Retornamos, sim, ao mesmo ponto político: à rejeição de outra tirania, de outra ditadura, com o mesmo desejo de recuperar a democracia e a liberdade que ela oferece.

Mas hoje há mais, muito mais. Sor Nadieska Almeida, Filha da Caridade, publicou uma das melhores e mais completas radiografias da Cuba de hoje, dessa Cuba que se tenta esconder atrás de noticiários que zombam da nossa inteligência, viagens ministeriais ostentosas ou da fumaça dos charutos.

Sor Nadieska não poderia ser mais exaustiva e clara. O que nos tira a vida hoje, além de um sistema político tirânico e ditatorial? A fome generalizada, o sofrimento dos prisioneiros políticos e de suas famílias, a falta de eletricidade, os doentes sem medicamentos, a escassez de insumos médicos nos hospitais, a falta de água, a penúria do campo, a ausência de liberdade religiosa, a falta de combustível, os trabalhadores sem proteção, a obrigatoriedade absurda do serviço militar, a insegurança dos idosos, os salários miseráveis, a censura aos artistas, a impossibilidade de um sepultamento digno, as crianças sem infância, a inexistência de tratamento para pacientes com transtornos psiquiátricos, os aposentados sem recursos, os profissionais frustrados, a mentira e o jogo contínuo de promessas vazias, as ofensas à dignidade do povo, as leis de censura, as ameaças de prisão e morte.

E eu me pergunto: aqueles que controlam o poder neste país, são cegos e não veem? São tolos e veem, mas não entendem? Ou veem, entendem, mas perderam a bondade que os torna humanos, escolheram o mal que faz acreditar, como a Caim, que você não é responsável por seu irmão?

Em qualquer um dos casos, uno-me ao clamor de Sor Nadieska, ao seu '¡Basta ya!', ao nosso '¡Basta ya!', porque não há direito de esmagar até o infinito todo um povo, e é hora, já é hora, de que isso termine de uma vez".

Perguntas frequentes sobre as críticas de Alberto Reyes ao regime cubano

Por que o sacerdote Alberto Reyes é crítico do regime cubano?

Alberto Reyes critica o regime cubano devido à falta de liberdades e direitos fundamentais que o governo impõe ao seu povo. Destaca a repressão, a manipulação e a miséria como consequências de um sistema que mantém o controle através do medo e da mentira, impedindo que os cubanos vivam em um ambiente de liberdade e prosperidade.

O que Alberto Reyes propõe para mudar a situação em Cuba?

Alberto Reyes propõe lutar por uma mudança definitiva que não depende apenas do tempo, mas da ação dos cidadãos. Sugere fomentar um ambiente de honestidade, expressar a verdade e não participar de atos que respaldem o regime. Além disso, defende a justiça e a liberdade como pilares para um futuro melhor em Cuba.

Qual é a posição de Alberto Reyes sobre o legado de Fidel Castro?

Reyes vê o legado de Fidel Castro como negativo, afirmando que sua necessidade de protagonismo e controle criou um ambiente de adulação falsa e repressão. Critica que a influência de Castro continua presente, afetando a realidade cubana ao manter um regime incapaz de reconhecer e resolver os problemas do país.

Como Alberto Reyes descreve a situação atual em Cuba?

Alberto Reyes descreve a situação em Cuba como terminal, com graves problemas econômicos e sociais, como a escassez de alimentos e medicamentos. Ele ressalta a desesperança do povo, que vive sob um regime que perdeu o apoio da população e que responde com repressão a qualquer manifestação de mudança.

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Equipe Editorial da CiberCuba

Uma equipe de jornalistas comprometidos em informar sobre a atualidade cubana e temas de interesse global. No CiberCuba, trabalhamos para oferecer notícias verídicas e análises críticas.

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