Alberto Reyes: "Até quando vamos continuar brincando com ideais heróicos enquanto Cuba se desmorona?"

"Chegamos à opção zero, um país paralisado, energeticamente inviável, onde nada se produz, sem segurança para a alimentação, a saúde, a educação..."

Sacerdote cubano Alberto ReyesFoto © Captura de vídeo do YouTube de Martí Notícias

Vídeos relacionados:

O sacerdote cubano Alberto Reyes compartilhou uma velha piada que narra como se chega ao comunismo. A história conta que era necessário pegar um trem, o qual enfrentava muitos contratempos que os próprios passageiros deviam resolver com seus meios até que ficassem sem nada.

Reyes, reconhecido como uma das vozes mais críticas em relação ao regime central da Igreja Católica, utilizou a história para mostrar o que aconteceu em Cuba em seu "caminho rumo ao comunismo". O país é praticamente um deserto: sem eletricidade, sem produzir quase nada e sem segurança quanto à alimentação, saúde e educação.

O pior é que o governo parece não perceber e mantém seu discurso triunfalista sobre um futuro brilhante enquanto tudo está desmoronando e todos que podem ir embora, vão.

O pároco camagüeyano se pergunta até quando a ditadura manterá sua farsa e tentará convencer o povo de que os governantes serão capazes de fazer o país se reerguer.

A seguir, CiberCuba compartilha o texto integral da publicação no Facebook.

"Estive pensando… (103)"

Tenho pensado em uma profecia autorrealizável

Há anos se contava como uma piada aquilo de 'o trem rumo ao comunismo'.

Dizia que um dia convidou o povo a subir no trem que prometia levá-los até o comunismo.

As pessoas, cheias de esperança, embarcaram no trem, que foi avançando até que as reservas de carvão para as caldeiras que moviam o trem começaram a se esgotar. Como não havia mais carvão, foi solicitado que arrancassem os bancos, as janelas e tudo o que pudesse servir de combustível para o trem, que assim continuou avançando. Mas esse combustível também se esgotou, e então pediram que jogassem as bagagens nas caldeiras, o que fez o trem avançar um pouco mais, até que tudo se consumiu. A única coisa que restava para jogar fora eram as próprias roupas, o que todos fizeram e permitiu que o trem avançasse um pouco mais até que, já sem combustível, parou.

Ao descerem, encontraram-se diante de um imenso deserto e começaram a caminhar, nus, em meio àquela nada. Uma das pessoas aproximou-se de um dos líderes e perguntou: 'Ei, e quando chegaríamos ao comunismo?'. Ao que o outro respondeu, serenamente: 'Já chegamos'.

Durante anos temos ouvido falar da 'opção zero', aquele momento em que teríamos que 'resistir e vencer' (claro) contando com zero recursos. E bem, parece que finalmente conseguimos, chegamos à opção zero, esse instante em que este trem que nos prometeu um paraíso nos deixou nus e em pleno deserto, em um país paralisado, energeticamente inviável, onde praticamente não é possível produzir nada, e onde já não há segurança para nada, nem para a alimentação, nem para a saúde, nem para a educação, nem mesmo para a vida, submetida a uma incerteza cidadã sem precedentes.

Captura do Facebook / Alberto Reyes

Desde o poder, no entanto, parece que não perceberam. Seus discursos, ou padecem de um triunfalismo esquizofrênico, ou transbordam de um vitimismo patético, ou simplesmente, se voltam para culpar a população que levaram à ruína, mas que agora resulta ser culpada por não saber defender as conquistas revolucionárias ou por não ser capaz de se envolver com o ardor necessário para travar a enésima batalha contra moinhos de vento.

Até quando vamos continuar brincando de ideais heroicos e de um futuro radiante, enquanto o país se paralisa e se despedaça, todos que podem ir embora fogem e aqueles que ficamos vivemos na precariedade circular de sobreviver dia a dia? Até quando vamos sustentar o teatro de um povo fervorosamente 'revolucionário'? Até quando vão tentar nos convencer de que aqueles que hoje nos governam serão capazes de reerguer o país?

Sempre nos disseram que 'a Revolução não abandona seus filhos', mas o único que não nos explicaram é que nós, o povo, não somos seus filhos. Somos seus escravos, somos seus reféns, aqueles que foram usados para garantir o poder e aqueles que hoje continuam sendo usados para tentar dar vida a um trem que tem, como horizonte, a nudez e o deserto.

Até quando? Quando surgirá uma voz digna que reconheça a verdade e permita a este povo demonstrar que é capaz de oferecer a todos uma vida diferente?

Perguntas frequentes sobre as críticas de Alberto Reyes ao regime cubano

Que crítica Alberto Reyes faz sobre o regime cubano?

Alberto Reyes critica a falta de liberdades e direitos fundamentais em Cuba, assim como a manipulação e repressão que o governo exerce sobre seu povo. Denuncia a situação de miséria, a escassez de recursos e a desesperança que impera na ilha.

Qual é a proposta de Alberto Reyes para mudar a situação em Cuba?

Alberto Reyes propõe fomentar uma mudança por meio da ação cidadã, expressando a verdade e evitando apoiar o regime. Ele insta os cubanos a lutar pela justiça e pela liberdade, e a não esperar que a mudança chegue de forma passiva ou com o tempo.

Como Alberto Reyes descreve a situação atual em Cuba?

Alberto Reyes descreve a situação em Cuba como crítica, com um sistema que levou o país a um estado terminal. Ele destaca a repressão e a manipulação do regime, a falta de recursos básicos e o desespero do povo que vive em condições precárias.

O que simboliza a metáfora do trem em direção ao comunismo segundo Alberto Reyes?

A metáfora do trem rumo ao comunismo simboliza a promessa não cumprida do regime, que deixou o povo cubano na miséria e no abandono. Reyes utiliza essa imagem para ilustrar como o ideal revolucionário levou a nação a um estado de paralisia e precariedade.

Arquivado em:

Equipe Editorial da CiberCuba

Uma equipe de jornalistas comprometidos em informar sobre a atualidade cubana e temas de interesse global. No CiberCuba, trabalhamos para oferecer notícias verídicas e análises críticas.