Quais cubanos estão em maior risco de deportação dos EUA após a revogação do parole humanitário?

O advogado José Guerrero afirmou em declarações à Univision que os cubanos beneficiários do parole humanitário correm um maior risco de deportação imediata.


Milhares de cubanos beneficiários do parole humanitário estão preocupados desde o anúncio feito nesta sexta-feira sobre a revogação desse benefício migratório em um prazo de 30 dias, contados a partir do anúncio oficial da medida, previsto para esta terça-feira.

Em entrevista com Univision, o advogado José Guerrero esclareceu algumas dúvidas, fez observações sobre o alcance da medida e, principalmente, destacou quem corre um maior risco de deportação expedita assim que a medida entrar em vigor.

A quem essa decisão afeta?

Guerrero indicou que a decisão afeta pessoas que ainda têm um parole vigente e apontou que, após a publicação oficial da medida, em um prazo de 30 dias, todos os paroles humanitários que haviam sido emitidos serão cancelados.

“Se você já está no país há mais de dois anos e já se inscreveu para um benefício migratório ou tem um status migratório já definido, não terá nenhum problema e poderá ficar nos EUA”, indicou Guerrero.

“Agora, aqueles que não se inscreveram na data de publicação são os que correm mais risco de serem submetidos a uma deportação expédita, nem mesmo vão passar por um tribunal de imigração”, acrescentou.

Segundo Guerrero, aqueles que já se candidataram à residência há um ano e um dia, mas ainda não têm nenhum documento em mãos, em princípio, não deveriam ser afetados.

“No deveriam ser afetados com base nesta publicação…”, apontou o advogado, que precisou que o documento exclui aqueles que tenham feito um “ajuste de status” antes da publicação da medida, e aí se inclui a Lei de Ajuste Cubano, TPS, visto T, visto U…

“Os que já se inscreveram antes desta publicação devem estar protegidos, pois têm uma base legal para permanecer nos EUA”, afirmou.

No entanto, a situação se complica para os beneficiários do parole humanitário que ainda não tenham aplicado para a residência por estarem no país há menos de um ano e um dia, e que não tenham feito um pedido de asilo.

Essas pessoas, se não fizeram um pedido de asilo antes do anúncio desta sexta-feira, já não poderão fazê-lo.

“Se uma pessoa a fizer agora mesmo, não entra, a publicação diz antes da publicação desta notícia”, esclareceu o advogado.

“Quem não tiver completado um ano e um dia, mas não solicitou asilo, infelizmente pode ser afetado”, afirmou.

“As pessoas que estão aqui há algum tempo deveriam ter feito a residência ou um pedido de asilo […] Aqueles que já se inscreveram estarão protegidos e aqueles que não fizeram nada, lamentavelmente, estão sujeitos a uma deportação rápida”, esclareceu.

À pergunta sobre o que pode acontecer com aqueles que decidirem não deixar os EUA, respondeu:

“Como diz claramente, é uma prioridade para o governo retirá-los rapidamente do país, porque uma pessoa que já está há dois anos no país deve ser colocada em um processo de deportação regular e sabemos que os tribunais estão sobrecarregados de casos, eles vão notificar cada pessoa… ela ficará detida e deportada rapidamente”, concluiu o advogado.

O jornalista Wilfredo Cancio estima que o número de cubanos que ficariam desprotegidos legalmente é de cerca de 26.000. São aqueles que ingressaram no território dos Estados Unidos após março de 2024 e que não terão cumprido a permanência de um ano no país para poder se beneficiar da Lei de Ajuste Cubano (CAA).

Nesse cálculo não estão incluídos aqueles que, de forma previsora, teriam solicitado asilo cubano antes do anúncio de sexta-feira.

Revogação do parole humanitário

O Departamento de Segurança Nacional (DHS) dos Estados Unidos anunciou nesta sexta-feira a revogação dos programas de permissão humanitária (parole) para cidadãos de Cuba, Haiti, Nicarágua e Venezuela e seus familiares imediatos, conhecidos como programas CHNV.

A decisão responde à Ordem Executiva 14165 do presidente Donald Trump, emitida em 20 de janeiro de 2025, que ordena garantir a fronteira e acabar com os programas categóricos de parol.

O DHS alegou que esses programas não conseguiram reduzir a migração irregular nem melhorar significativamente a segurança nas fronteiras, além de terem gerado um aumento de pressão sobre as comunidades locais, os recursos públicos e o já colapsado sistema judicial migratório.

Mais de 532.000 pessoas ingressaram nos Estados Unidos sob esses programas entre 2022 e 2025. O DHS afirma que essas admissões em massa, embora legais sob a figura do parole, contrariaram o espírito original da lei, que estabelece que essas permissões devem ser concedidas caso a caso.

Os regulamentos atuais perderão efeito 30 dias após a publicação oficial do aviso, a menos que o secretário de Segurança Nacional determine o contrário para casos individuais.

Aqueles que não tiverem outra base legal para permanecer no país deverão deixar o território ou enfrentar procedimentos de deportação.

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Equipe Editorial da CiberCuba

Uma equipe de jornalistas comprometidos em informar sobre a atualidade cubana e temas de interesse global. No CiberCuba, trabalhamos para oferecer notícias verídicas e análises críticas.

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