
Vídeos relacionados:
O oficial da polícia de origem cubana, Sergio Rodríguez Beristain, criticou os cubano-americanos que votaram no Trump, apesar de terem sido alertados sobre as consequências que agora estão colocando em risco milhares de migrantes da ilha.
Em uma contundente mensagem publicada no Facebook, o oficial denunciou que muitos dos que apoiaram as medidas mais restritivas agora veem seus próprios familiares enfrentando a ameaça de prisões e deportações.
“Quando avisei muitos que isso aconteceria, não me acreditaram. Disseram que eu estava louco, que penso assim por ser 'denunciante' e 'comunista'... os insultos preferidos dos Trumpistas”, expressou Beristaín.
"¿Agora o que vão dizer? Já faz um tempo que estou avisando, e aqueles que se legalizaram depois de ter entrado sem permissão estão na mira. Não acreditam em mim? Exatamente como acabou de acontecer agora... Viver para ver. Agora, os que votaram em Trump verão seus familiares com parole humanitário e documentos do I-220A em iminente perigo de prisão e deportação", acrescentou.
Beristain também apontou que aqueles cubanos que já conseguiram a residência através do parole poderiam perder seu status legal se sua permissão for revogada ou expirar.
“Muitos desses cubanos venderam tudo e não têm absolutamente nada para onde voltar. É triste... muito triste”, lamentou.
"Não pensaram nessas consequências e quando os avisei que isso poderia acontecer, fui agredido com insultos e vulgaridades de todos os tipos.
Mas cada um tem o direito de escolher quem melhor o representa e com quem melhor se identifica", acrescentou o oficial, que alerta que, mesmo diante da atual circunstância, alguns trumpistas "nunca reconhecerão que foram enganados".
Beristain concluiu com uma citação do famoso escritor norte-americano Mark Twain: "É mais fácil enganá-los do que convencê-los de que foram enganados...".
Reações mistas
As declarações de Beristain provocaram um amplo debate nas redes sociais, onde alguns internautas compartilharam a preocupação do oficial, enquanto outros se mostraram críticos.
Desde a indignação pelas consequências humanas até posturas mais religiosas, alguns manifestaram que “é incrível ver isso no país da liberdade”, e outros apontaram que a situação “vai de mal a pior”.
Também houve quem advocate pela fé, afirmando que “Deus coloca freio no cavalo mais selvagem.”
Entre as críticas, surgiram questionamentos sobre a responsabilidade de figuras políticas cubano-americanas.
“Onde estão aqueles que defendiam tanto essas políticas?”, perguntaram alguns; enquanto outros apontaram: “Eles são os que estão pedindo para que todos os direitos sejam retirados do seu próprio povo”.
Outras vozes do debate
Alguns comentários destacaram que “muitos se alegravam com a desgraça alheia” quando conseguiam regularizar seu status, e agora “verão como essas mesmas medidas afetam seus familiares”.
Outros se mostraram mais críticos, advertindo que “o parole foi como o caminho do inferno: entrou o represor, o delinquente, o vadio, e sem controle”, embora tenham reconhecido que também permitiu a chegada de “pessoas honradas e perseguidas”.
Tampouco faltaram usuários que lembraram que Trump havia sido claro em suas promessas desde a campanha e que "quem não viu isso chegando, estava desconectado da realidade".
O oficial, por sua vez, insistiu que “há pessoas respeitadoras da lei e trabalhadoras que acabarão pagando igual que aqueles indesejáveis”, e denunciou a eliminação do direito ao Due Process (processo devido) com a revogação da I-220A.
Enquanto alguns defenderam a rigidez das medidas como um "golpe sobre a mesa para ensinar o valor da liberdade", outros denunciaram que "muitas pessoas não têm a quem retornar" se forem deportadas.
A conversa também derivou em críticas ao sistema migratório anterior: “O parole se tornou um meio para o tráfico humano e a corrupção”, apontaram, alertando que a falta de controles facilitou a entrada de “delinquentes e laranjas” do regime cubano.
Em meio a esse panorama, persiste a incerteza entre os migrantes cubanos afetados pela possibilidade de deportações em massa e a perda do status legal.
Revogação do parole humanitário
O Departamento de Segurança Nacional (DHS) dos Estados Unidos anunciou a revogação dos programas de permissão humanitária (parole) para cidadãos de Cuba, Haiti, Nicarágua e Venezuela e seus familiares imediatos, conhecidos como programas CHNV.
A decisão responde à Ordem Executiva 14165 do presidente Donald Trump, emitida em 20 de janeiro de 2025, que ordena garantir a fronteira e encerrar os programas categóricos de liberdade condicional.
O DHS argumenta que esses programas não conseguiram reduzir a migração irregular nem melhorar significativamente a segurança nas fronteiras, e geraram um aumento da pressão sobre as comunidades locais, recursos públicos e o já colapsado sistema judicial migratório.
Mais de 532.000 pessoas ingressaram nos Estados Unidos sob esses programas entre 2022 e 2025. O DHS afirma que essas admissões em massa, embora legais sob o conceito de parole, foram contrárias ao espírito original da lei, que estabelece que esses permissões devem ser concedidas caso a caso.
Os atuais parágrafos deixarão de ter efeito 30 dias após a publicação oficial do aviso, a menos que o Secretário de Segurança Nacional determine o contrário para casos individuais. Aqueles que não tiverem outra base legal para permanecer no país deverão deixar o território ou enfrentar procedimentos de deportação.
Arquivado em: