O regime nega o pão e o sal aos cubanos

A extrema escassez de alimentos em Cuba reflete a profunda crise do regime, que nega direitos básicos e liberdade. A falta de pão e sal simboliza o colapso de um sistema ineficiente e repressivo.

Cola nas portas de um mercado em Cuba (imagem de referência)Foto © Facebook / Amanda Santana Rizo

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Em Cuba, a expressão "negar o pão e o sal" deixou de ser uma metáfora para se tornar uma realidade cotidiana.

A escassez de alimentos atingiu níveis extremos, e produtos tão básicos como o pão e o sal desapareceram da mesa de milhões de cubanos, submetidos a um sistema que não apenas lhes rouba o sustento, mas também seus direitos fundamentais.

Durante décadas, a libreta de abastecimento tem sido o símbolo do controle estatal sobre a alimentação da população. O que um dia foi apresentado como um mecanismo de garantia alimentar, hoje é um reflexo da miséria e da insuficiência.

Os cubanos já não recebem nem mesmo os mínimos estabelecidos pelo próprio governo: a escassez de pão é constante e a distribuição de sal tem estado paralisada por meses em várias províncias. A situação se tornou tão crítica que muitos recorrem ao mercado negro para conseguir alimentos a preços exorbitantes.

O racionamento e a escassez não são problemas novos em Cuba, mas a crise atual elevou a precariedade na alimentação a níveis alarmantes.

Em Artemisa, quase meio milhão de pessoas está há três meses sem receber sal através da cesta básica. O pão, quando aparece, é escasso, de má qualidade e com porções cada vez mais reduzidas.

Em Havana, Santiago de Cuba e outras cidades, os relatos de padarias sem farinha tornaram-se constantes, e as longas filas por um simples pão marcam a rotina diária de milhares de famílias.

No entanto, a escassez de pão e sal em Cuba transcende o aspecto alimentar e se transforma em um reflexo da negação de direitos mais profundos.

O regime não apenas restringe o acesso a bens básicos, mas também à informação, à liberdade de expressão e ao direito a uma vida digna. Enquanto o governo culpa o embargo americano por todos os males, a realidade é que a ineficiência, a corrupção e a falta de vontade política para mudar o modelo econômico levaram o país ao colapso.

Negar o pão e o sal a um povo é negar também a justiça e a liberdade. A crise alimentar em Cuba é apenas um símbolo a mais do profundo deterioramento de um sistema que falhou em sua promessa de bem-estar. Enquanto o governo mantém seu discurso de resistência e sacrifício, os cubanos continuam enfrentando uma realidade marcada pela escassez, pelo desespero e pela repressão.

Em um país onde nem mesmo se pode garantir algo tão elemental como o pão de cada dia, fica claro que o problema não é a falta de recursos, mas sim o controle absoluto de um regime que transformou a miséria em política de Estado. E diante dessa realidade, a pergunta é inevitável: até quando os cubanos continuarão suportando ser negados não apenas o pão e o sal, mas também a possibilidade de decidir seu próprio destino?

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Iván León

Licenciado em jornalismo. Mestrado em Diplomacia e Relações Internacionais pela Escola Diplomática de Madri. Mestrado em Relações Internacionais e Integração Europeia pela UAB.

Iván León

Licenciado em jornalismo. Mestrado em Diplomacia e Relações Internacionais pela Escola Diplomática de Madri. Mestrado em Relações Internacionais e Integração Europeia pela UAB.