A crise alimentar em Cuba continua a deixar imagens que refletem a dura realidade que a população enfrenta. Recentemente, uma usuária cubana do TikTok, identificada como Brianna (@brianna4258), compartilhou um vídeo onde documenta a chegada de batatas em Matanzas e a fila para acessar este produto.
No vídeo, a jovem expressa seu alívio pela chegada das batatas à província e narra como, graças a uma vizinha que lhe entregou um 'tiquecito', pôde evitar fazer a fila que se formou no ponto de venda. No entanto, ao chegar, encontrou a notícia de que estavam sendo distribuídas duas libras por pessoa. "Imaginem, depois de tanto tempo sem comer batatas, que lhe digam que só vão te dar duas libras", comenta com resignação.
O vídeo gerou múltiplas reações nas redes sociais. Alguns usuários ficaram surpresos ao saber que um alimento tão comum em outros países é racionado em Cuba. Comentários como "Por que você não planta batatas em baldes?" ou "Na República Dominicana posso comprar a libra que quiser" refletem a incredulidade de muitas pessoas diante da escassez. Outros, por outro lado, lamentaram a situação e expressaram sua solidariedade com a jovem: "Que grande quantidade de batatas... sem palavras", escreveu um usuário com tom irônico.
Produção e colheita de batata em Matanzas
Segundo informações oficiais publicadas pela Agência Cubana de Notícias (ACN), a colheita de batata em Matanzas começou nos campos da Unidade Básica de Produção Cooperativa Gispert, em Colón, e El Coronel, em Jovellanos. O objetivo é colher cerca de 15.600 toneladas de batata, embora o cultivo tenha sido reduzido em 400 hectares em relação à campanha anterior.
Um problema mais profundo: a crise alimentar na ilha
A realidade deste vídeo em Matanzas, quando "chega a batata" ou outro alimento, não é um fato isolado e sim uma evidência a mais da crise alimentar em Cuba, que atingiu níveis alarmantes e se manifesta em diferentes cenários.
Em Santiago de Cuba, pessoas foram vistas recolhendo comida do chão em mercados e feiras agropecuárias, como foi reportado neste caso de um homem recolhendo picadillo de caixas jogadas.
Incluso o próprio primeiro-ministro cubano, Manuel Marrero, reconheceu a falta de alimentos e a grave crise na produção nacional. Durante um balanço do Ministério da Indústria Alimentar, admitiu a necessidade de aumentar a oferta de proteínas, mas não apresentou soluções concretas para reverter a situação.
O alto custo de vida e as medidas governamentais
O impacto da crise econômica na população é evidente. Nas redes sociais, cubanos têm denunciado que o salário médio na ilha é insuficiente para cobrir os custos dos alimentos básicos. Recentemente, uma matancera mostrou no TikTok o que conseguiu comprar com 22.000 pesos cubanos, aproximadamente 64 dólares no mercado informal, gerando debate sobre a inflação e a desigualdade econômica.
Para conter a inflação, o governo impôs limites de preços ao arroz e aos feijões, estabelecendo um máximo de 155 pesos por libra de arroz e até 285 pesos por libra de feijões. No entanto, os preços no mercado negro duplicam essas cifras, e muitos especialistas alertam que os controles estatais podem gerar ainda mais desabastecimento.
Um futuro incerto
A chegada de um navio com 24.000 toneladas de trigo a Cuba foi apresentada como uma solução temporária para a produção de pão normado, mas o fornecimento está garantido apenas até o final de março. Enquanto isso, em Santiago de Cuba, a falta de farinha levou o governo a vender caldosa e chá como alternativa ao pão normado.
O vídeo da cubana em Matanzas é apenas mais um exemplo da precária situação alimentar em Cuba que, longe de melhorar, parece se agravar com o passar do tempo, enquanto os cidadãos enfrentam filas intermináveis, racionamentos e um mercado informal que está fora de suas possibilidades econômicas. Entre a desesperança e a incerteza, os cubanos continuam buscando soluções para conseguir levar comida às suas mesas em um contexto cada vez mais adverso.
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