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A criminalidade continua em ascensão em Cuba, com Matanzas, Santiago, Havana e Holguín sendo as províncias com mais casos delituosos reportados no ano passado. Durante 2024, os delitos registrados por meio de denúncias em redes e meios de comunicação, coletadas pelo Observatório Cubano de Auditoria Cidadã (OCAC), aumentaram 50,72% em relação a 2023.
O relatório anual da OCAC revela que em 2024 houve um crescimento de 232% nos roubos em comparação ao ano anterior; de 97,1% nas agressões e de 273,3% em outros crimes. Tudo isso resulta em uma média de 3,6 delitos diários, em contraste com quase dois delitos por dia um ano antes.
No entanto, essa situação se agravou no segundo semestre do ano, monitorada pela OCAC, que esclarece que se trata apenas de crimes denunciados, o que pode significar que estamos apenas na ponta do iceberg.
Dessa forma, no segundo semestre de 2024, analisado detalhadamente no relatório, foram registrados 885 delitos, quase 5 crimes em média por dia —4,83 exatamente— nos 183 dias do semestre. Com 230 ocorrências, dezembro foi o mês mais afetado, seguido por novembro (214), outubro (148), julho (134), setembro (99) e agosto (60). Além disso, foram contabilizados 76 assassinatos, 620 roubos, 54 assaltos, 36 agressões e 99 delitos classificados na categoria de “Outros”, que inclui tráfico de drogas, posse ilegal de armas, vandalismo, entre outros.
Os roubos mais comuns estão relacionados com o sacrifício de gado e a subtração de veículos, sobretudo, ciclomotores. E os assassinatos, com crimes múltiplos como a chacina de Ceballos, a família desmembrada em Villa Clara e as três pessoas assassinadas em Centro Habana.
Matanzas: A capital do roubo
Matanzas se tornou a província com mais relatos de roubos no país, alcançando 172 incidentes no segundo semestre de 2024. A situação chegou a tal ponto que, em novembro de 2024, a jornalista oficialista Yirmara Torres denunciou publicamente que tinha medo porque não se sentia segura nem mesmo dentro de sua casa e criticou a inação da Polícia.
Também foram relatados em Matanzas, apenas no segundo semestre do ano, 11 assassinatos, 9 assaltos, 11 agressões e 26 delitos que se classificam na categoria de "outros" (vandalismo, tráfico de drogas etc.)
Santiago de Cuba: a região mais violenta
Santiago de Cuba lidera a lista de homicídios com 17 casos reportados no segundo semestre de 2024. Também foi a província com mais agressões, com 11 incidentes registrados. Nos crimes classificados como 'Outros', a província teve 15 casos. Nas agressões, Santiago também está à frente nas estatísticas, junto com Matanzas, ambas com 11 casos documentados entre julho e dezembro.
La Habana: a província com mais assaltos
Havanna registrou 11 assassinatos no segundo semestre de 2024. Também foi a província com mais assaltos, com 24 incidentes reportados. Em relação a roubos, a capital documentou 155 casos, situando-se entre as regiões com maior número de furtos e saques. Durante todo o ano de 2024, foram reportados 155 roubos, 42 assaltos e 11 assassinatos.
Holguín: 85 roubos e 7 assassinatos
Holguín registrou 85 roubos no segundo semestre de 2024, o que a torna a terceira província com mais incidentes desse tipo. Também foram reportados 7 homicídios, ficando atrás de Santiago de Cuba e Havana. Nos delitos classificados como 'Outros', a província anotou 18 casos. Além disso, é a segunda com mais crimes classificados como "Outros" — que incluem tráfico de drogas, vandalismo e porte ilegal de armas — com 19 casos no semestre.
1.317 delitos reportados
O relatório anual do OCAC conclui que em Cuba foram registrados, em 2024, um total de 1.317 crimes. O número de pessoas envolvidas nesses delitos alcançou 1.632, um aumento de 687 em comparação ao ano anterior. Do total de criminosos, 96% eram homens e 58% agiram sozinhos.
Apesar dos esforços do regime para minimizar a situação e manter uma narrativa de controle, os fatos indicam o contrário. O Ministério do Interior intensificou sua propaganda sobre supostas operações bem-sucedidas contra a criminalidade, enquanto a percepção de insegurança continua em crescimento. No dia 29 de dezembro de 2024, o regime admitiu que 'o registro de crimes permanece elevado', embora tenha insistido em uma suposta 'tendência à diminuição' e na redução de delitos relacionados com o gado.
Além disso, em contrariedade ao relato oficial, no dia 28 de janeiro de 2024, o Ministério do Interior reconheceu a presença de bandas criminosas em Santiago de Cuba que 'implementam o terror'. Paralelamente, no dia 14 de janeiro, motoristas denunciaram novamente roubos na Autopista Nacional de Cuba.
Este deterioro da segurança na Ilha afeta a imagem de Cuba como destino turístico. Governos como o do Canadá, emitiram alertas de viagem devido aos altos níveis de criminalidade, e isso se reflete na queda da receita no setor turístico. Cuba recebeu em 2024 um total de 2,2 milhões de turistas internacionais, o que representa uma queda de 9,6 % em comparação com o ano anterior e a cifra mais baixa em duas décadas.
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