A jornalista oficialista Yirmara Torres Hernández denunciou no Facebook que foi roubada em sua casa em Matanzas e que está com medo, pois sabe que quem força a porta ou a janela de uma residência com os moradores dentro está disposto a tudo. Também afirmou que "a Polícia faz pouco ou muito pouco" para perseguir os criminosos. "Só na rádio em Matanzas já somos vários os afetados", destacou.
Em um post no Facebook em que mencionou porta-vozes do regime como Arleen Rodríguez e Angélica Paredes, Yirmara Torres confessa seu temor diante da evidência de que há "ladrões" e "gangues à solta" na província, que não respeitam nem "grades, nem persianas de alumínio, nem nada", o que provoca um aumento no número de roubos na região. Esses crimes estariam ocorrendo entre as duas e meia e as quatro e meia da madrugada, alertou.
"Entram pela porta da frente, retiram os bens pela entrada principal e caminham com eles pelas ruas da cidade, como se fossem a sala de sua casa."
"E um pode entender que o Minint tenha poucos efetivos e que sofra as mesmas carências que todos, mas se não fizerem algo rápido, se não se tornarem firmes e apertarem o cerco, se não fizerem algo que sirva de exemplo, vamos definitivamente perder uma das poucas conquistas que nos restavam: a tranquilidade cidadã", escreveu em seu mural do Facebook, em um extenso post que foi compartilhado 384 vezes; recebeu 198 comentários e 443 reações.
Seu medo é tão grande que até um cheiro diferente a assusta. "Eu estou com medo... Muito medo. Agora mesmo, enquanto escrevo, no meio de um apagão, acabei de borrifar vinagre com bicarbonato nas cortinas porque senti de repente um cheiro estranho, e alguém me disse que estão usando uma substância que adormece as pessoas", observou em referência aos ladrões.
Após o roubo em sua casa, ela afirma que não consegue mais dormir tranquila e que se mantém alerta toda a noite, apesar de ter assimilado que pessoas que conseguiram imagens nítidas dos ladrões não conseguiram que a Polícia as considerasse provas suficientes.
Segundo explica, os ladrões entraram em sua casa quebrando o cadeado do portão que protege a residência e várias janelas de alumínio, se infiltraram por ali e levaram, entre outros objetos, a televisão, o laptop, a panela de pressão, o arroz elétrico, um tablet, carregadores, dois relógios, microfones, mochilas, sapatos e documentos.
Mas o que a deixa aterrorizada é que seu filho estava sozinho em casa quando isso ocorreu: ela estava em Havana. O jovem havia deixado todas as luzes acesas porque adormeceu com o celular na mão.
"Quantos roubos à mão armada ainda precisam acontecer para que o alerta seja acionado? O que estão esperando para capturar essas gangues que roubam impunemente? Estão aguardando que machuquem ou matem alguém?", questiona angustiada.
Preocupa-lhe também o aumento da insegurança pública em apenas um ano. Assim, admite que sempre houve roubos, mas que há alguns anos invadiram sua casa, pensando que teriam um grande tesouro porque seu pai trabalhava nas lojas Panamericanas; no entanto, neste momento, sua residência não chama atenção nem ela é ostentosa.
"Por que roubaram na minha casa agora? Não sei. Minha casa é a mais feia da rua. Não tenho nada de extraordinário. Com meu salário de jornalista, mal consigo sobreviver. E embora tenha estado casada por 20 anos com o diretor do BFI, a verdade é que mal vivíamos para nos alimentar... Nunca tivemos luxos e nunca conseguimos terminar de arrumar nossa casa. A morte o levou com mil projetos de melhoria que nunca se concretizaram", comentou.
A esta pergunta, ela mesma responde: "A conclusão que tiro é que roubam qualquer um que tenha algo que possam vender. Obviamente, estudam a casa e te estudam a você."
Por esse motivo, incentiva a manter-se alerta, reforçar a segurança das casas e colaborar entre os vizinhos, pois "toda precaução é pouca", e teme-se que, com a atual crise econômica, os roubos aumentem.
E à polícia envia uma mensagem muito clara: "Precisamos que patrulhem mais pelas ruas naquele horário em que estão atacando. Não há combustível? Nós sabemos. Então, que os quadros apoiem com rondas, como fazem em outros assuntos", disse, sem dar detalhes, embora se entenda a referência implícita à perseguição política.
"O que realmente me aterra é não termos segurança dentro de nossas casas. O que realmente me aterra é a acumulação de assaltos e a falta de soluções. O que me aterra é saber que posso cruzar na rua ou até no bairro com aqueles que entraram em minha casa com meu filho dentro. Preciso não sentir mais isso. Preciso de tranquilidade", concluiu.
Seu post acumula comentários apoiando sua opinião e lamentando o estado de indefesa em que se encontram os cubanos.
Uma das pessoas que deixou sua opinião no texto de Yirmara Torres é Roberto Pérez Batista, que afirma ter surpreendido um ladrão com as ferramentas no momento em que este tentava roubar em sua casa. Ele avisou a Polícia; o ladrão foi levado; tinha antecedentes criminais e foi solto pouco depois, sem que lhe dessem uma única explicação.
Outro usuário, Dayron Medina, comentou que mora perto da casa de Yirmana Torres e acordou no dia 13 de novembro com a porta de sua casa quebrada. Roubaram sua motoneta. "Se eu tivesse acordado naquela madrugada, tenho certeza de que estaria morto", afirmou.
Muitos agradeceram a Yirmara Torres pelo seu tom respeitoso, enquanto outros propuseram que esse problema da insegurança seja debatido nas sessões que a Assembleia Nacional do Poder Popular realizará antes do final do ano. A proposta foi ironicamente contestada, indicando que, certamente, esse debate solucionará o problema.
Também em Holguín, Ceballos, Centro Habana..
O aumento dos roubos em Matanzas não é um caso isolado. Em Holguín, também estão enfrentando um aumento nas fraudes e no roubo de motorinas, logo após serem anunciadas em páginas de compra e venda.
No entanto, os casos mais notórios deste ano foram o crime múltiplo de Ceballos, em agosto passado, que custou a vida a duas mães e aos filhos de ambas, assassinados por ladrões, e o triplo homicídio de Centro Habana. Este último ocorreu em outubro: três pessoas perderam a vida no popular bairro de Cayo Hueso.
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