Governo cubano reconhece uma diminuição de 90% na produção de cimento em 2024

“No ano de 2024, foram alcançadas apenas 258.000 toneladas de cimento, que correspondem a 10% da capacidade instalada que o país possui atualmente”, explicou o presidente do Grupo Empresarial Materiais de Construção.


Na reunião anual do Ministério da Construção (MICONS) realizada nesta terça-feira, o governo cubano reconheceu uma drástica queda na produção de cimento, que em 2024 alcançou apenas 10 % da capacidade instalada do país.

“Em 2024, foram alcançadas apenas 258.000 toneladas de cimento, o que representa 10% da capacidade instalada que o país possui atualmente, sem incluir as novas fábricas que estão em construção”, explicou Reynolds Ramírez Vigaud, presidente da OSDE Grupo Empresarial Materiales de la Construcción.

Essa situação impacta diretamente o programa habitacional e a execução de investimentos no setor da construção, conforme admitiram os governantes Miguel Díaz-Canel e Manuel Marrero Cruz em suas intervenções, registradas pelas câmeras do Noticiero Nacional de Televisión (NTV).

Entre as principais causas desta crise, o regime cubano identificou a escassez de fornecedores energéticos, resultado da complexa situação financeira do país, conforme ressaltaram os dirigentes na reunião.

"Com o que houver disponível para a geração, como priorizamos a fábrica de cimento?", perguntou Díaz-Canel aos presentes. "Há todo um grupo de soluções energéticas que vocês apresentaram, mas se não houver cimento - eu sei que não é o único fator de dependência - é muito difícil ter materiais na construção."

Segundo explicou o Doutor em Ciências e governante designado, “uma parte importante dos materiais de construção tem um componente de cimento. Se não houver cimento, não podemos fazer investimentos; se não houver cimento, podemos avançar pouco no programa de habitação”.

“Este é um plano que vamos desenvolver sob toda a pressão da política do governo dos Estados Unidos, que indubitavelmente vai se intensificar... Nós temos que ser capazes, com talento, com esforço e com trabalho, de superar todo esse recrudescimento”, exclamou Díaz-Canel, com os tópicos habituais da propaganda elaborada no Palácio.

Crise na indústria de materiais de construção em Cuba

O setor da construção em Cuba enfrenta problemas estruturais há décadas. Já em 2017, a indústria de cimento operava a 58 % de sua capacidade, e desde então a situação vem se deteriorando devido à falta de investimento, à crise energética e às limitações para importar insumos.

Nos últimos anos, o país tem enfrentado episódios críticos, como a perda de grandes quantidades de cimento em armazéns devido a problemas logísticos e à paralisação de fábricas.

Apesar de iniciativas como a fabricação do primeiro cimento ecológico em 2018 ou a reabertura da planta de Sancti Spíritus em 2022, o setor não conseguiu uma recuperação sustentada.

O descumprimento do plano anual de habitação e a continuidade da venda de cimento em MLC refletem a insuficiência da produção para atender à demanda interna.

Além disso, o governo priorizou a exportação de materiais para obter divisas, o que agrava a escassez local e encarece o acesso a esses insumos para a população. No entanto, o primeiro-ministro insistiu na necessidade de aumentar a produção de cimento para exportação.

“Precisamos reverter esta situação, pois o problema é que a produção de materiais de construção é muito abrangente. É necessário para tudo, para nosso desenvolvimento, para conseguirmos avançar em todos os processos de investimento. Além disso, isso substitui importações e gera receitas em divisas. Porque já está localizado e houve progresso na localização de demandas do exterior para materiais de construção”, enfatizou Marrero Cruz na reunião.

No encontro, também foi informado que este ano começará a produção nas novas fábricas de cimento que estão sendo construídas em Santiago de Cuba e Nuevitas, o que pode contribuir para a recuperação do setor.

A reunião anual do MICONS contou com a presença de altos funcionários do governo, entre eles o comandante Ramiro Valdés Menéndez, o vice-primeiro-ministro Ricardo Cabrisas Ruiz e o ministro da Construção, René Mesa Villafaña.

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