Donaida Pérez Paseiro, prisioneira política do 11J liberada nesta quarta-feira, reafirmou que continuará lutando pela liberdade de Cuba.
"De novo aqui no bairro com minhas vizinhas, com minha família, com as pessoas que realmente me querem [...] Aqui continuamos firmes na luta. Continuamos lutando pela liberdade e pela democracia do meu país, porque ninguém vai me calar", disse Donaida em um vídeo que circula nas redes sociais.
"Ninguém vai me fazer baixar a cabeça. Então continuamos na mesma...com minha família, com meus afilhados, com meus vizinhos", acrescentou a ativista política, de 53 anos e natural de Villa Clara.
Presidenta da Associação de Yorubas Livres de Cuba, Pérez Paseiro foi condenada a oito anos de prisão por sua participação nos protestos do 11J e estava recluída na Prisão de Mulheres Guamajal.
Em declarações posteriores ao canal internacional NTN24 -que é transmitido em vários países da América Latina- Pérez Paseiro reiterou com firmeza suas declarações e admitiu que os presos políticos têm sido ao longo dos anos "moeda de troca" do regime cubano.
A líder religiosa, que ainda tem na prisão seu esposo, Loreto Hernández García, espera que ele também seja liberado.
"Continuaremos lutando pela liberdade de Cuba e prontos para dar declarações a qualquer pessoa que precise, para que o mundo inteiro conheça nossa vida na prisão e atualmente fora dela", concluiu.
O ativista Jorge Luis García Pérez (Antúnez) precisou, em declarações compartilhadas pela ADN Cuba, que as autoridades tentaram impor condições à liberação de Donaida, mas ela se recusou a aceitá-las.
Antúnez indicou que, no momento em que foi liberada, a juíza de execução avisou a Donaida que, após a liberação, ela não poderia fazer transmissões ao vivo.
A resposta de Donaida foi que ela não é uma manifestante qualquer do 11J, mas sim uma ativista de Direitos Humanos há quase 30 anos, que seu silêncio não pode ser comprado por ninguém, e que se lhe impuserem condições, ela voltaria à cela novamente.
Nascida em 1971, Donaida Pérez Paseiro é reconhecida por seu papel como presidente da Associação de Yorubas Livres de Cuba, uma comunidade independente de santeria na ilha.
No dia 11 de julho de 2021, Pérez Paseiro participou das manifestações antigovernamentais em Cuba.
No dia 16 de julho de 2021, entregou-se voluntariamente às autoridades em cumprimento a uma ordem de prisão contra ela. Posteriormente, foi acusada de desordem pública, desacato e atentado contra um funcionário público.
Em fevereiro de 2022, o Tribunal Municipal Popular de Santa Clara a condenou a oito anos de prisão. Desde então, esteve recluída na prisão feminina de Guamajal, em Santa Clara, na província de Villa Clara.
A situação de Pérez Paseiro gerou preocupação internacional, especialmente em relação à sua saúde, pois ele sofre de hipertensão e diabetes, condições que se agravaram durante seu encarceramento.
Em dezembro de 2021, foi transferida para um hospital após apresentar vômitos com sangue e dor abdominal. Em julho de 2022, desenvolveu sintomas de COVID-19 e foi isolada na prisão.
Organizações como a Anistia Internacional reconheceram Pérez Paseiro como prisioneiro de consciência e têm exigido sua libertação imediata e incondicional, argumentando que sua detenção se devia unicamente à sua participação pacífica nos protestos e à sua liderança religiosa.
Seu esposo, Loreto Hernández García, que atua como vice-presidente da mesma associação religiosa, também foi preso e condenado a sete anos de prisão por sua participação nas manifestações do 11J.
A detenção e condenação de Pérez Paseiro e de seu esposo foram denunciadas como violações à liberdade religiosa e de expressão em Cuba, gerando apelos internacionais por sua libertação.
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