Cresce a indignação entre os cubanos por recrutas do Serviço Militar "desaparecidos" na explosão de um armazém militar em Holguín

Esta nova tragédia serviu para renovar entre os cubanos o grito "¡não ao Serviço Militar!".

Zona en que ocurrió la explosión © X/Miguel Díaz-Canel
Área onde ocorreu a explosão Foto © X/Miguel Díaz-Canel

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Conforme passam as horas, cresce a indignação entre os cubanos pela "desaparecimento" de nove recrutas do Serviço Militar nas explosões ocorridas na madrugada desta terça-feira em um armazém de armamento e munições no município de Rafael Freyre, em Holguín.

Embora a Nota Informativa do Ministério das Forças Armadas Revolucionárias (MINFAR) não tenha especificado, numerosos internautas nas redes sociais concordam em afirmar que os nove soldados que estão sendo dados como "desaparecidos" são jovens que estavam cumprindo o Serviço Militar.

Esse mesmo Serviço Militar que uma diplomática do MINREX em maio de 2022 disse em um evento da ONU que não era "obrigatório".

Se confirmando que os nove "soldados" desaparecidos são recrutas, isso significaria que se repete a perda de jovens inocentes, como já ocorreu no incêndio na Base de Supertanqueros de Matanzas, em agosto de 2022, quando vários jovens que atuavam como bombeiros perderam a vida enquanto cumpriam com o inelutável Serviço Militar.

Os desaparecidos são Leinier Jorge Sánchez Franco; Frank Antonio Hidalgo Almaguer; Liander José García Oliva; Yunior Hernández Rojas; Rayme Rojas Rojas; Carlos Alejandro Acosta Silva; Brian Lázaro Rojas Long; José Carlos Guerrero García e Héctor Adrián Batista Zayas.

“O que devemos fazer? Ficar em silêncio como sempre? Admitir que foi apenas um erro humano, mais um? Tenho um filho que poderia estar lá, e você também. Crianças que são forçadas a cumprir uma tarefa que nem você, nem eu, nem eles aceitam; caso contrário, se se recusarem, iriam para a prisão. São recrutas, têm o mesmo status que os presos, e são crianças...", questionou o internauta identificado nas redes como "Eduardo Chibás".

Captura do Facebook/Eduardo Chibás

Também indignada se mostrou a historiadora da arte Miryorly García, que refletiu o sentimento de muitos cubanos:

“Que indignação! Não consigo suportar em silêncio a falta de vergonha e de humanidade deste governo e da imprensa cubana. […] É algo psicopático, tão frio, tão indolente, que assusta. Ninguém está a salvo, pobres mães que foram 'informadas', quanta dor saber mais uma vez que nossas vidas e as de nossos filhos não lhes importam”, escreveu no Facebook.

García também denunciou o tratamento da imprensa oficial, que limitou a informação sobre o incidente em Holguín, mencionando apenas nomes e números ambíguos de desaparecidos, enquanto dedicou uma extensa reportagem à recente excursão de Díaz-Canel à Sierra Maestra, onde foi gravado inclusive dançando, "como se houvesse algo a celebrar".

“E logo em seguida, a escassa notícia, cheia de secretismo [...] É algo psicopático, tão frio, tão indolente, que assusta. Ninguém está a salvo, pobres mães que foram "informadas", quanta dor saber, mais uma vez, que nossas vidas e as de nossos filhos não lhes importam porque são simples e frios psicopatas quem dirige este país. Triste e cúmplice papel o da imprensa cubana”, concluiu Miriorly.

Captura do Facebook/Miryorly García

"Por que não estão todos os jornalistas de Holguín em Rafael Freyre cobrindo a notícia das explosões? Por que um locutor leu uma nota mal redigida pela televisão como a última notícia no telejornal? Se a explosão foi a coisa mais importante, impactante e triste que aconteceu ontem", questionou, por sua vez, o ativista identificado como "Edmundo Dantés Junior", que também criticou o silêncio de Díaz-Canel nas horas iniciais após a tragédia.

Captura do Facebook/Edmundo Dantés Junior

Também indignado o advogado Manuel Viera.

“Me retiro por hoje. O encolh... que trago não me deixa continuar. Continuam morrendo crianças pela teimosia e pelo absurdo. Crianças da idade do meu filho!
As velhas armas da guerra fria para o inimigo que nunca chegou... para o coco... para o inimigo histórico... agora matam nossos filhos.
Gostaria que Cuba mudasse para sempre... gostaria de viver em um país sem exército,” escreveu Viera no Facebook.

Captura do Facebook/Manuel Viera Porelcambio

A ativista Yamilka Laffita (Lara Crofs), por sua vez, criticou a publicação de uma cubana que tentou romantizar a tragédia.

"A desesperação por minimizar e enaltecer valores sem fundamento é nauseante. A pátria não é a morte fútil e desnecessária de nossos jovens. Tentar romantizar o trágico acontecimento de ontem é inverossímil. 'Pátria é a humanidade, é aquela porção da humanidade que vemos mais de perto e na qual nos coube nascer; e não se deve permitir que, com o engano do santo nome, se defenda monarquias inúteis'", apontou Laffita.

Captura do Facebook/Lara Crofs

“Momentos de terror que os residentes próximos à unidade militar que explodiu em Holguín viveram. Mãe cubana, não envie seu filho ao serviço militar obrigatório”, disse o jornalista Yosmany Mayeta Labrada, que instou claramente as mães cubanas a não enviarem seus filhos ao Serviço Militar.

Captura do Facebook/Yosmany Mayeta Labrada

O Ministério das Forças Armadas Revolucionárias (MINFAR) de Cuba considera "desaparecidas" um total de 13 pessoas em consequência das explosões ocorridas na madrugada desta terça-feira em um armazém de armamento e munições na comunidade de Melones, no município Rafael Freyre, Holguín.

Entre os desaparecidos, o MINFAR identificou dois militares com o posto de "Major", dois "Segundos Suboficiais" e nove "Soldados".

Além dos soldados citados, estão "desaparecidos" o Major Leonar Palma Matos; o Major Carlos Carreño del Río; o Segundo Suboficial Orlebanis Tamé Torres e o Segundo Suboficial Yoennis Pérez Durán.

Muitas horas após o trágico acontecimento, Miguel Díaz-Canel e Manuel Marrero se pronunciaram em suas redes sociais sobre o sinistro ocorrido em Holguín; muito pelo contrário, ambos publicaram no X mensagens de condolências à China pelas vítimas do terremoto no Tibete.

Perguntas frequentes sobre a explosão no armazém militar de Holguín

Quantas pessoas estão desaparecidas após a explosão em Holguín?

Um total de 13 pessoas estão desaparecidas após as explosões no armazém militar de Holguín, incluindo nove soldados que estavam cumprindo o Serviço Militar, dois militares com o posto de "Major" e dois "Segundos Sargentos".

O que causou as explosões no armazém militar de Holguín?

As explosões no armazém militar de Holguín foram causadas por um incêndio enquanto se classificavam munições envelhecidas. Este tipo de material requer condições de manuseio extremamente rigorosas para evitar incidentes.

Qual foi a reação do governo cubano diante do incidente?

O governo cubano, liderado por Miguel Díaz-Canel, tem sido criticado por priorizar mensagens de condolências à China antes de abordar publicamente o incidente em Holguín, deixando muitas famílias cubanas com uma sensação de abandono e insensibilidade diante da tragédia.

Como este incidente afetou a percepção do Serviço Militar em Cuba?

O incidente intensificou as críticas ao Serviço Militar Obrigatório em Cuba, com vozes dentro e fora da ilha pedindo sua abolição devido aos riscos desnecessários para os jovens envolvidos. A tragédia reavivou o debate sobre a relevância e segurança do sistema militar cubano.

Qual é o status do Serviço Militar em Cuba e seu caráter obrigatório?

O Serviço Militar em Cuba é obrigatório para os homens ao completarem 16 anos, com uma duração de dois anos, exceto para aqueles que ingressam em uma vaga universitária, que o cumprem em um. Segundo o MINFAR, essa obrigação é um "honroso dever", mas tem sido criticada pelo endurecimento das sanções e pelas condições denunciadas nas unidades militares, como falta de alimentos e atribuições perigosas, incluindo o incêndio mortal em Matanzas. A resistência social cresce, com campanhas como #NãoAoServiçoMilitarObrigatório e atos de oposição como a recusa pública em inscrever filhos no serviço, refletido em depoimentos coletados por CiberCuba.

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