Cuban residente em abrigo para migrantes na selva amazónica no Brasil.

Miguel Hidalgo, de 52 anos, permanece em um abrigo para imigrantes em Rio Branco, no estado do Acre. "Quero viver como um ser humano. Não peço riquezas. Quero viver em paz, ajudar minha família em Cuba", disse à agência AP.

Inmigrantes en refugio en Rio Branco, Brasil © Captura de Youtube/Associated Press
Imigrantes em abrigo em Rio Branco, Brasil.Foto © Captura de Youtube/Associated Press

A crise econômica em Cuba tem levado centenas de milhares de seus habitantes a perigosas e prolongadas jornadas e a se refugiarem temporariamente em lugares remotos e selvagens em busca de uma vida melhor, preferencialmente nos Estados Unidos, como é o caso do cubano Miguel Hidalgo, que atualmente está alojado em um abrigo no coração da Amazônia brasileira.

Hidalgo, de 52 anos, é um dos muitos cubanos que deixaram sua terra natal no que é considerado o maior êxodo migratório na história da ilha.

Há anos, tentou chegar aos Estados Unidos. Saiu de Cuba em direção ao Suriname, depois chegou ao Brasil e não tem planos de sair desse país em um futuro próximo, de acordo com uma reportagem da agência de notícias americana AP.

O cubano faz parte das dezenas de imigrantes que estão abrigados em abrigos do estado do Acre, especificamente em sua cidade capital, Rio Branco, próxima à fronteira com a Bolívia.

"Gosto do Brasil. Estou aqui há pouco tempo, mas as pessoas não têm preconceitos contra mim, são amáveis", disse Hidalgo à AP.

"Quero viver como um ser humano. Não peço riquezas. Quero viver em paz, ajudar minha família em Cuba", afirmou o migrante cubano, que é visto em uma foto da reportagem enquanto tomava café da manhã com um copo de leite em 22 de junho passado.

AP não fornece mais detalhes sobre o cubano nem sobre o abrigo onde vive, mas descreve sim as precárias condições de outro abrigo, localizado na cidade de Assis Brasil, na fronteira com o Peru. O prédio de madeira possui apenas seis quartos, onde se hospedam 45 pessoas de diferentes nacionalidades. O relatório não especificou se também há imigrantes cubanos lá.

Gladson Camelli, governador do Acre - o estado mais ocidental do Brasil -, expressou à AP sua preocupação com a possibilidade de ocorrer um maior fluxo de imigrantes sul-americanos num futuro próximo. "Nosso governo tem tentado fazer a sua parte no apoio humanitário", declarou.

Vários imigrantes refugiados no Acre, entrevistados pela agência de notícias, comentaram que tomaram a decisão de pausar sua jornada rumo aos Estados Unidos e permanecer no Brasil, após a administração do presidente Joe Biden ter emitido uma ordem executiva que suspendeu o asilo para os migrantes que cruzassem ilegalmente a fronteira com o México.

Na semana passada, o governo dos EUA informou que as detenções por cruzamentos ilegais vindos do México diminuíram mais de 40%, desde que foi temporariamente suspenso o processamento de asilo na fronteira entre os dois países, em 5 de junho. A AP destacou que foi registrado menos de 2.400 prisões por dia pela primeira vez durante o mandato de Biden.

Em maio passado, 18.988 cubanos chegaram ao solo dos Estados Unidos, a maioria pela fronteira terrestre que separa o país do México, de acordo com os dados mensais publicados pela Agência de Alfândega e Proteção de Fronteiras (CBP).

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