Uma cubana relatou recentemente aos seus seguidores no TikTok o difícil momento que vivenciou no Aeroporto de Miami, em meados deste mês, quando foi levada para o “quartinho da Imigração” enquanto tentava fazer sua conexão para seguir viagem a Texas, estado em que reside.
A internauta, identificada nas redes como "Kenia cubana texana", esclareceu que chegou aos Estados Unidos por meio de reunificação familiar, ou seja, não entrou pela fronteira nem nada parecido.
No entanto, ela afirma que isso não a isentou de se sentir "pressionada e assediada" durante um interrogatório prolongado no Aeroporto de Miami.
A jovem contou que viajou para a ilha apenas por três dias, de 13 a 16 de dezembro, para ver seus três avós.
Diz que não ia a Cuba há quase um ano, mas durante o intenso e intimidante interrogatório perguntaram-lhe quantos dias passou na ilha, qual foi o objetivo da viagem, se trouxe bebidas alcoólicas, medicamentos e comida da ilha. Também perguntaram se ele estava trazendo dinheiro em espécie.
A jovem negou ter trazido dinheiro, mas admitiu que tinha em sua bagagem duas garrafas de rum, doces e alguns remédios, todos de sua propriedade.
Ela relata que foi submetida a um juramento e que retiraram sua bagagem para inspecioná-la minuciosamente.
Finalmente, tiraram-lhe os medicamentos, quebraram as garrafas e jogaram fora os doces.
“Aqui não queremos nada da Cuba comunista, me disseram. Passei o pior momento da minha vida. Disseram que não se pode trazer nada de Cuba para cá, que não é permitido nada”, precisou Kenia.
A jovem destacou que lhe tiraram as impressões digitais e que se sentiu tratada como uma “criminosa”; até mesmo revisaram uma carteira em que ela tinha uma "notinha" íntima que seu namorado havia feito.
"Caballero, a situação com Cuba está complicada, e já digo, eu não tenho nada a ver com isso; fazia um ano que eu não ia a Cuba. Fui ver meus três avós", reiterou como uma advertência, em uma mensagem destinada principalmente a pessoas que possam estar enfrentando situações migratórias mais delicadas.
Kenia explicou que o oficial de Imigração que a atendeu digitou muito em um computador e que o temido “cubículo” estava cheio de viajantes como ela, preenchendo documentos.
A jovem comentou que, caso decida retornar a Cuba em algum momento, não levará absolutamente nada, pois ao fazê-lo se arrisca a perder a residência, a entrada nos Estados Unidos e muitas outras coisas.
Kenia qualificou isso como “a pior viagem da sua vida” e garantiu que o processo de imigração foi tão demorado que quase perdeu a conexão para o Texas.
Na seção de comentários de sua publicação, muitos cubanos criticaram a jovem por ter trazido de Cuba bebidas, alimentos e até medicamentos... Alguns chegaram a questionar quais medicamentos podem ser trazidos da ilha, já que lá não há "nem aspirinas".
Outro grupo de internautas foi mais compreensivo e agradeceu a Kenia pelas suas recomendações, ou a aconselhou a nunca mais trazer nada de Cuba para evitar passar por um momento desagradável como o que foi descrito.
Nos últimos meses, vários cubanos com residência legal nos Estados Unidos relataram ter sido questionados pelas autoridades migratórias no Aeroporto de Miami.
Em março, em um áudio enviado ao jornalista Mario J. Pentón, um cubano residente nos EUA contou que foi alertado nas oficinas de Imigração do Aeroporto de Miami sobre a possibilidade de perder seu status migratório após retornar de sua terceira viagem a Cuba em um período de três meses
No início de março, uma cubana com I-220A que obteve sua residência por meio da Lei de Ajuste Cubano revelou que, ao retornar de uma viagem a Cuba no Aeroporto de Miami, um oficial de Imigração a ameaçou com a possibilidade de perder sua residência se continuasse viajando para a ilha.
Em declarações ao jornalista Javier Díaz para a Univision, a mulher explicou que havia solicitado a residência por um caso de asilo político, mas depois fechou esse processo assim que obteve sua residência pela I-220A. No entanto, o oficial foi enfático ao dizer-lhe que todos que entram pela fronteira não devem retornar a Cuba.
No final de fevereiro, tornou-se público o testemunho de outro cubano que vivia nos Estados Unidos há quase 18 anos e recebeu uma advertência similar de um oficial de Imigração após retornar de uma viagem à Ilha com sua esposa e filhos.
Apesar de lhe ter dito que havia chegado de barco, que se havia beneficiado da Lei de Ajuste Cubano e que estava há quase 18 anos em território americano, onde possuía um Green Card permanente, o oficial de Imigração insistiu em recomendar que não retornasse à ilha.
Em novembro do ano passado, o senador americano Marco Rubio questionou a situação dos cubanos que são acolhidos como refugiados nos EUA e em seguida viajam para Cuba, país do qual supostamente saíram fugindo da perseguição política.
Dirigindo-se ao secretário do Departamento de Segurança Nacional, Alejandro Mayorkas, o senador apresentou o caso dos cubanos que obtêm o status de refugiado nos EUA e que, um ano depois, estão de férias em Cuba, país do qual supostamente fugiram por motivos políticos.
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