Homem em Guantánamo perde a vida dentro de sua própria casa após enfrentar ladrões durante uma apagão



A morte de Eraine Zaya Murcado em Guantánamo durante um apagão abalou a comunidade, ressaltando a insegurança em Cuba. Os vizinhos exigem justiça e soluções diante dos crescentes apagões.

Eraine Zaya MurcadoFoto © Facebook/Eraine Zaya Murcado

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A cidade de Guantánamo amanheceu abalada nesta quinta-feira após a notícia da morte de Eraine Zaya Murcado, um vizinho muito querido na comunidade e conhecido por muitos como “40 e 20”, que perdeu a vida dentro de sua própria casa ao surpreender alguns ladrões durante uma apagão.

A notícia foi inicialmente divulgada pelo criador de conteúdo Marlon Guantánamo, que também publicou nas redes um vídeo gravado dentro da residência. As imagens, de conteúdo sensível, geraram uma onda de indignação entre amigos e familiares, que acusaram o criador de desrespeitar a família e pediram a retirada do material.

Captura do Facebook/Marlon Guantánamo

“Como você pôde subir esse vídeo sem a nossa permissão? É uma falta de respeito. Você não sabe pelo que estamos passando”, reclamou sua sobrinha Greter Cuesta, refletindo a dor que a família vive.

O fato ocorreu na 12 Sur com 5 Oeste, uma área que estava completamente às escuras devido à falta de eletricidade. De acordo com o testemunho de vizinhos, os criminosos aproveitaram a escuridão para entrar na residência. Eraine teria saído para o quintal ao ouvir barulhos e, ao se deparar com os intrusos, perdeu a vida no ato.

Um homem trabalhado, querido e respeitado

Quem conhecia o “40 y 20” concorda que ele era um homem nobre, trabalhador e respeitado. Muitos o lembram por sua presença nas arenas de galo, onde vendia rum e era querido por seu caráter alegre e sua maneira de “festejar”.

“Bom homem, bom amigo, muito lutador… conquistou o que tinha com sacrifício”, escreveu um conhecido. “Era uma pessoa incrível, querido por todos. Isso nos dói na alma”, expressou outro.

Incluso aqueles que não o conheciam pessoalmente lamentaram sua morte ao ver a magnitude do carinho que despertava. “Que dor tão grande. Dá para ver que era uma boa pessoa”, comentou uma vizinha.

“Bom amigo, bom irmão, antes de tudo era um homem muito lutador”, escreveu Yaunier Dandicourt, enquanto Iván Rodríguez expressou sua indignação: “Até quando vamos continuar perdendo bons amigos nas mãos de criminosos? Esse governo, o que está fazendo para evitar essas tragédias?”.

Inclusive à distância chegaram despedidas dolorosas. "Teu sobrinho te ama muito, você levou um pedacinho de mim", escreveu sua sobrinha Cuesta.

Medo crescente pela insegurança e pelos apagões

A morte de Eraine reacendeu o temor entre os vizinhos diante da crescente insegurança em Cuba, especialmente durante os prolongados apagões noturnos que deixam bairros inteiros em total vulnerabilidade.

“Já dá medo a insegurança e a violência que há neste país, os apagões são utilizados como ferramenta para que um monte de mal-intencionados apaguem vidas inocentes”, denunciou Yaismin Laborde.

Outros vizinhos concordaram que nem mesmo dentro de suas próprias casas se sentem protegidos. “Já é demais. Nem em casa há segurança com esses criminosos”, lamentou Erobis García.

Enquanto a comunidade exige respostas e justiça, amigos e familiares tentam assimilar a perda de um homem que, segundo todos os testemunhos, era respeitado, querido e trabalhador.

Cuba vive há anos uma crise energética que tem multiplicado os cortes de energia elétrica e, com isso, o medo de milhares de famílias que se sentem cada vez mais expostas em seus próprios lares.

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