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O brutal assalto que quase terminou com a vida de um mototaxista em Sancti Spíritus em novembro revelou uma rede criminosa, que inclui o agressor e outros três indivíduos na província de Ciego de Ávila, conforme revelou a investigação do Ministério do Interior (Minint).
A vítima, cujo nome não foi revelado, é um trabalhador autônomo de 57 anos com licença para transportar passageiros, que foi agredido por um suposto cliente no dia 13 de novembro, na Carretera Central, perto da Ponte de Palo e da entrada do hotel Zaza, em Sancti Spíritus.
O atacante havia alugado horas antes os serviços do motorista, que o levou primeiro à cidade de Alicante; depois a Tuinucú para buscar um medicamento, e finalmente, até a entrada do hotel Zaza, onde supostamente iria pegar “carona” para Ciego de Ávila.
Aproveitando a solidão do local, o suposto cliente golpeou a nuca do taxista com um martelo, enquanto a motocicleta ainda estava em movimento. Ambos caíram no pavimento e, de imediato, o agressor imobilizou o motorista pelo pescoço e o ameaçou de morte “se gritasse” e “tentasse se mover” ou se denunciasse à Polícia, segundo relatou uma matéria publicada nesta segunda-feira no portal oficial Cubadebate, onde foram revelados os detalhes do ocorrido.
O assaltante fugiu na motocicleta Panther 125 CC preta, propriedade da vítima, e ainda levou uma mochila com dinheiro, documentos legais e seu telefone celular.
Após a denúncia do assalto, foi formada uma equipe com diferentes especialidades do Minint para investigar o caso, explicou o tenente-coronel Rolando Rodríguez Carmenate, da Unidade Provincial de Investigação Criminal de Sancti Spíritus.
As pistas levaram ao município de Ciro Redondo, em Ciego de Ávila, onde foi preso o suposto autor do assalto. Posteriormente, o indivíduo foi transferido para Sancti Spíritus, onde foi reconhecido pela vítima.
No final de novembro, em uma informação publicada no perfil do Facebook “Avileños de Corazón”, vinculado ao Minint, o agressor foi identificado como José Luis González Valgas.
A nota afirmou que a polícia atuou com rapidez e capturou o suspeito pouco depois do assalto, enquanto a moto foi recuperada nas mãos de supostos receptadores, que também foram implicados.
Rodríguez Carmenate confirmou à Cubadebate a detenção dos quatro implicados em Ciego de Ávila, “graças a informações anônimas da população, à efetividade investigativa e à cooperação entre várias especialidades do Minint”.
No povo de Fallas, foi preso o receptador da Panther roubada, que entregou em troca ao assaltante uma motorina de "origem investigada". A polícia capturou em Chambas o homem que desmontou a motocicleta em peças e vendeu a unidade em Camagüey. Por fim, na localidade de Pina, foi detido o indivíduo que escondeu a motorina que havia sido entregue ao autor do assalto em troca da Panther roubada.
O tenente-coronel apontou que “todos os implicados já confessaram” e a moto roubada foi recuperada em partes e peças, mas ainda estão pendentes de encontrar a unidade em Camagüey e o telefone celular da vítima.
“O roubo da moto não foi uma ação isolada: fazia parte de uma cadeia criminosa perfeitamente articulada”, afirmou o oficial do Minint. A investigação policial revelou um “circuito econômico clandestino” que incluiu “transporte do veículo para outra província, troca por uma motorina, desmanche, comercialização fragmentada e camuflagem de bens”.
Como parte da pesquisa, foi aberto um processo judicial por roubo com violência e intimidação de pessoas, uma das figuras delitivas de maior severidade prevista no Código Penal cubano.
O fato destacou, além disso, o alto risco que a vítima correu, que poderia ter morrido como consequência do ataque.
O condutor se recuperou dos ferimentos e hoje "tenta voltar à estrada, mas não é o mesmo. Agora hesita diante de um passageiro (...) dirige com uma lembrança na garganta: a de uns dedos lhe fechando o ar", alertou a reportagem.
Este assalto trouxe à tona um crime do passado recente que chocou toda Sancti Spíritus: o assassinato do professor Santiago Diosdado Morgado Morgado, em julho de 2022, também para roubar a motocicleta com a qual ele ganhava o sustento diário.
Mais de três anos depois, a população continua denunciando a frequência de assaltos semelhantes, a violência dos métodos e a desproteção nas ruas.
A insegurança nas cidades e vilarejos de Cuba continua a aumentar devido à crise econômica, à falta de controle por parte das autoridades e à crescente impunidade.
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