Revelações impactantes: cubanos denunciam agressões do ICE por se recusarem a ser deportados para o México



Cubanos em detenção do ICE denunciam violência para forçá-los a aceitar a deportação para o México, onde ficam sem proteção nem direitos. Relatos de brutalidade revelam um limbo migratório sem solução.

Agentes da Patrulha Fronteiriça custodiam um trecho da fronteira no Texas.Foto © Facebook/US Border Patrol

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Cubanos detidos no maior centro de detenção do Serviço de Imigração e Controle de Aduanas dos Estados Unidos (ICE) afirmaram ter sido espancados, acorrentados e pressionados a aceitar sua deportação para o México, um país onde não têm cidadania nem garantias mínimas de proteção.

As denúncias, coletadas pela União Americana de Liberdades Civis (ACLU) e enviadas ao Serviço de Imigração e Controle de Aduanas, desenham um panorama de violência, coerção e violações do devido processo dentro da instalação de Fort Bliss, no Texas.

De acordo com The Washington Post, o testemunho de quatro cubanos, compartilhado sob condição de anonimato devido ao medo de represálias, descreve episódios de brutalidade que começam dentro do próprio centro com golpes na cabeça contra uma parede, torções em torno dos tornozelos, esmagamento de testículos e ameaças de encarceramento prolongado.

Segundo relataram, a agressão se intensificava quando expressavam medo de serem enviados ao México, um país onde não tinham vínculos nem proteção legal.

Um deles contou que, após se recusar a assinar um documento para aceitar a deportação, foi jogado no chão, algemado e obrigado a subir em um ônibus rumo à fronteira. Outro afirmou que perdeu a consciência após uma surra enquanto pedia acesso a seus medicamentos.

Todos concordaram que, ao chegar à linha divisória, um grupo de homens mascarados os pressionou a cruzar para o México sob ameaças de serem encarcerados em El Salvador ou enviados “para a África” se se recusassem.

A administração Trump defendeu essas deportações a “terceiros países”, embora antes fossem excepcionais para cidadãos cubanos devido à negativa histórica de Cuba em aceitar voos em massa de repatriação.

No entanto, a prática se acelerou após uma decisão provisória da Suprema Corte que permite expulsões com apenas seis horas de aviso, sem audiência prévia e sem garantir que os detidos possam apresentar reivindicações por medo de tortura, conforme estabelece a Convenção contra a Tortura, ratificada pelos Estados Unidos.

Enquanto essas denúncias vêm à tona, há poucos dias foi documentado o destino final de muitos cubanos que foram expulsos para o México. Longe de receber proteção, acabam abandonados em Villahermosa, Tabasco, sem status legal e sem possibilidades de emprego formal.

Vários sobrevivem carregando água ou trabalhando em mercados, outros adoecem sem acesso a medicamentos, e alguns idosos deportados após décadas vivendo nos Estados Unidos, com diabetes, hipertensão ou perda de visão, enfrentam sua nova vida sem família, sem recursos e sem direitos.

México recebe esses deportados, mas não lhes concede nenhum documento que lhes permita trabalhar ou residir legalmente. Eles ficam presos em um limbo migratório: vulneráveis demais para se estabelecerem e sem uma possibilidade real de retornar aos EUA, onde muitos deixaram filhos, parceiros e dívidas.

Os casos de Fort Bliss revelam que, antes de chegar a esse limbo, alguns migrantes cubanos enfrentam o inferno da pressão e da força bruta para serem forçados a aceitar um destino que não escolheram.

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