O porta-voz oficial cubano Humberto López afirmou recentemente que um "colero" lhe ofereceu avançar na fila para comprar gasolina em troca de 1.500 pesos cubanos, revelando uma prática comum que afeta milhares de cidadãos na ilha.
Segundo López no programa televisivo "Buenos dias" da Televisão Cubana, enquanto aguardava sua vez em uma longa fila em um posto de gasolina, uma pessoa se aproximou discretamente propondo agilizar sua espera se ele pagasse essa quantia.
“Eu fiz um trabalho de campo. Passamos vários dias nos reunindo para organizar esta apresentação de hoje e no domingo eu disse 'bem, vamos visitar alguns Cupet'. Em alguns não vi situações, mas quando cheguei ao Cupet que está na 33 com 42 aqui no município Playa, havia cerca de quatro ou cinco pessoas nas proximidades. Não estavam longe, vice-presidente, estavam na área do Cupet", explicou López a seus convidados no estúdio.
"Era uma vez um que era o dono da fila e rapidamente me disse: 'vem um caminhão, não faça a fila, 1500 pesos e você vai passar na frente'. Geralmente, quando você chega a um lugar, as pessoas te conhecem, por sorte ele não me conheceu e pôde me fazer a oferta para que eu pudesse entender o que estava acontecendo", acrescentou.
O fato foi qualificado pelo próprio porta-voz do governo como uma manifestação clara de corrupção cotidiana.
“Eu disse 'não, não estou interessado', mas isso não foi suficiente. Veio um segundo e me disse 'este é um Cupet em dólares. A caminhão-tanque vem, isso vai parar por uma hora. Pague-me 500 pesos moeda nacional por litro e siga pela 42 e na 39 e 42 tem outro Cupet. Você vai abastecer o combustível que me pagar'. Ou seja, pague-me em dinheiro na moeda nacional o equivalente ao que você vai pagar em dólares e você abastece lá. Lá você não tem que pagar nada, somente eu digo com quem e eles vão abastecer você'", continuou López.
A denúncia do porta-voz gerou debate na plataforma YouTube, onde o programa foi compartilhado, e alguns usuários criticaram a denúncia por considerá-la tardia e superficial.
Algumas das reações destacadas foram críticas à gestão do governo cubano: "O problema é quão miserável o governo tornou este país. Veja se são descarados que te dizem que a gasolina é em dólares.", expressou um usuário.
Outro internauta questionou a viabilidade de ficar em filas longas: "Senhores, há pessoas que trabalham com os veículos e se eu ficar esperando na fila para que o combustível entre no Cupet e para que seja a minha vez, eu morro de fome. Eu opino que o Telegram é a melhor opção".
Também houve críticas específicas à forma como as autoridades lidaram com essas situações: "No meu município, foi elaborado um levantamento com todos os veículos que pertencem a essa área e funcionou muito bem até que o chefe da Cupet provincial de Granma se incomodou e liberou a gasolina para vendê-la em filas. Resultado: apenas os "coleros" e revendedores compraram".
Desde outra perspectiva, numerosos cubanos têm apontado que esse tipo de corrupção é consequência direta da crise econômica e social gerada pela gestão governamental e têm questionado a sinceridade e profundidade da denúncia de López, dada sua conhecida defesa do sistema político que promove precisamente essas práticas ilegais.
As filas longas para adquirir combustível em Cuba tornaram-se uma constante devido à escassez crônica que o país enfrenta, gerando um cenário propício para atividades ilícitas como a revenda ou o pagamento para furar as filas.
Perguntas frequentes sobre a corrupção e a crise de combustíveis em Cuba
O que é um "colero" no contexto cubano?
Um "colero" é uma pessoa que se dedica a vender posições em filas para adquirir produtos escassos ou serviços, como gasolina. Esta prática tornou-se comum em Cuba devido à escassez de suprimentos básicos, o que gerou um mercado informal lucrativo para aqueles que aproveitam a desesperança dos cidadãos.
Quanto custa a gasolina no mercado negro em Cuba?
O preço da gasolina no mercado negro em Cuba atingiu até 900 pesos por litro. Esse aumento reflete a grave crise de abastecimento energético que o país enfrenta, agravada por problemas de gestão governamental e restrições econômicas internacionais.
Quais medidas o governo cubano tomou para controlar a venda de gasolina?
O governo cubano implementou medidas como restrições na quantidade de combustível que pode ser adquirido e a limitação de pontos de venda. No entanto, essas medidas foram criticadas por não abordarem as causas subjacentes da crise, como a má gestão econômica e a corrupção dentro do aparelho estatal.
Qual é o impacto da crise de combustível na vida diária em Cuba?
A crise de combustível em Cuba afeta gravemente a vida diária, dificultando o transporte e o acesso a serviços essenciais. Os cidadãos enfrentam longas filas e preços elevados no mercado negro, o que agrava a já complicada situação econômica do país.
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