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A recente postura da administração de Donald Trump de abandonar o apoio a Volodimir Zelenski e alinhar-se com as teses de Vladimir Putin para justificar sua invasão da Ucrânia está gerando uma forte divisão de opiniões entre os cubanos, tanto dentro quanto fora da ilha.
O debate se intensificou especialmente nas redes sociais, onde ativistas e cidadãos expressam desde indignação até justificação por a reviravolta inverosímil vivida pela administração Trump na política externa e na doutrina de segurança nacional dos Estados Unidos.
O ativista cubano Félix Llerena se uniu às críticas contra o secretário de Estado, Marco Rubio, lembrando-lhe de seu discurso histórico em defesa da Ucrânia e de sua menção anterior à Rússia como uma ameaça global.
"Quantas vezes você não nos disse, @SecRubio, que era preciso defender a Ucrânia de Putin? Hoje me senti igual a você no Salão Oval. Faça um bem ao Rubio que conhecemos e admiramos: renuncie", escreveu Llerena no X.
Além de Llerena, a jornalista cubano-irlandesa Annarella O'Mahony qualificou a reunião entre Trump e Zelenski como uma "armadilha mafiosa", onde a arrogância da administração republicana ficou evidente.
Sua publicação nas redes sociais respondeu a um tuíte do jornalista e político espanhol, Hermann Tertsch, onde o militante do Vox defendeu a posição de Trump, algo que O'Mahony considerou contraditório com a postura crítica de Tertsch em relação à ditadura cubana, aliada de Putin.
“Não houve ataque: houve uma armadilha mafiosa, arrogância e ignorância por parte do Presidente e do Vice-Presidente dos EUA. Cuidado com as alianças com Trump, que podem deixá-lo em uma situação muito ruim. Ele admira e apoia Putin, e Putin apoia o regime de Cuba e outros regimes totalitários”, disse ao eurodeputado conhecido por sua apaixonada denúncia do regime cubano em Bruxelas.
Por sua parte, a ativista e jornalista Iliana Hernández também gerou reações diversas ao criticar a postura de Trump, a quem qualificou em suas como "o cão de Putin" por sua aparente submissão aos interesses do Kremlin.
Sua postura desencadeou uma avalanche de comentários, com alguns usuários lamentando o abandono da Ucrânia por parte dos EUA e outros justificando a decisão com o argumento de que Washington não deve continuar financiando uma guerra que "não lhe pertence".
Inquietação de ativistas cubanos após inédito desentendimento vivido na Casa Branca
O contexto recente tem sido marcado por vários eventos-chave que refletem a mudança na política externa de Trump.
A tensa reunião na Casa Branca entre o presidente Trump e o vice-presidente J.D. Vance com Zelenski terminou sem acordos concretos, o que aprofundou as preocupações sobre o futuro do apoio dos Estados Unidos à Ucrânia.
Durante o encontro, Trump evitou qualificar Putin como "ditador" e reafirmou sua intenção de renegociar os termos de qualquer ajuda militar a Kiev.
Os fatos ocorrem enquanto a Casa Branca dá sinais de ter uma "nova doutrina de política externa", que enfatiza uma abordagem isolacionista e levanta dúvidas sobre o compromisso dos EUA com a segurança europeia.
Neste contexto, Rubio, que no passado denunciou enérgicamente a agressão russa, agora amenizou seu discurso, o que gerou críticas por sua aparente mudança de postura em função do cargo assumido na nova administração Trump.
Outros fatores que influenciaram a decisão de Trump incluem sua visão sobre a ONU e seu recente voto contra uma resolução que condenava a invasão russa. Além disso, relatórios revelaram que o republicano está explorando acordos mineiros com a Ucrânia, o que pode explicar parte de sua estratégia diplomática "agressiva".
Días atrás, o líder opositor cubano José Daniel Ferrer advertiu sobre as implicações dessa mudança na política externa dos Estados Unidos, alertando que o enfraquecimento do apoio à Ucrânia fortalece indiretamente regimes totalitários como o de Cuba.
En esse sentido, Ferrer instou a comunidade internacional a unir forças contra Putin e seus aliados, lembrando que qualquer concessão a Moscou apenas beneficia ditaduras que oprimem seus povos. Sua postura encontrou eco em setores da diáspora cubana que observam com preocupação a falta de uma liderança clara na defesa da democracia global.
Este debate expõe a crescente polarização dentro da comunidade cubana em torno da política internacional dos EUA e evidencia o desconforto de muitos ao ver figuras como Marco Rubio se alinhando a uma narrativa que no passado repudiou.
Enquanto isso, a guerra na Ucrânia continua seu curso, agora sem o apoio financeiro de Washington e com um cenário geopolítico cada vez mais incerto.
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