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A precariedade dos serviços funerários em Cuba ficou novamente evidente após a denúncia de um cidadão em Manzanillo, província de Granma, onde familiares de um falecido tiveram que carregar seu caixão manualmente e montá-lo em um caminhão de carga devido à demora da carro funerário.
O fato foi relatado no Facebook por Bernardo Osmar Chávez, que explicou que seu primo faleceu devido a um infarto fulminante e que o sepultamento estava programado para as 15h. No entanto, o veículo funerário não chegou até as 16h15, o que obrigou a família e amigos a improvisar com um caminhão.
"Depois de muita espera, finalmente chega o carro às 16h15, mas que carro!", escreveu Chávez, acompanhado de imagens nas quais se vê vários homens levantando o caixão para colocá-lo no veículo.
As imagens do traslado improvisado geraram uma onda de indignação nas redes sociais, onde muitos usuários denunciaram a precariedade do serviço funerário e a falta de respeito em relação aos falecidos e seus familiares. Alguns apontaram que a crise chegou a um ponto extremo e que a responsabilidade não pode ser diluída mais. "Já não sei nem de quem é a culpa, mas isso passou dos limites", comentou um usuário, refletindo o desconcerto de quem não vê soluções.
Outras mensagens destacaram a dor adicional que esse tipo de situação representa para os familiares. "Que tristeza invade o povo cubano. Já não basta a dor de perder um familiar, mas também o sofrimento de como temos que vê-lo partir", lamentou outra pessoa. Nos comentários, também se questionou a gestão governamental, ressaltando a diferença na qualidade dos serviços entre a capital e as províncias. "Como é possível que se comprem lotes de veículos para o turismo, que são batidos e destruídos novos, e não haja para comprar um veículo para os serviços funerários das províncias. Porque em Havana isso não acontece."
A crise econômica do país e as políticas do governo também foram apontadas por outros internautas. "Chega de culpar o bloqueio. A falta de respeito pelo povo cubano ultrapassa os limites. É triste ver como os líderes deste país enriquecem à custa do sofrimento deste povo", expressou um comentarista, enquanto outro, em um tom mais radical, opinou: "Já seria melhor que os mortos os enterrassem no quintal de sua própria casa."
Em um segundo post, em resposta a um dos muitos comentários que recebeu, Chávez ampliou sua denúncia e questionou as prioridades do governo cubano na aquisição de veículos: "Não sei qual será o organismo que compra os carros para o turismo ou os demais equipamentos automotivos, mas seja qual for, deveria levar em conta a compra de outros veículos necessários no país, por exemplo, ambulâncias e carros funerários", expressou, sugerindo que, em meio à crise, os recursos deveriam ser destinados a serviços essenciais em vez de se concentrar em setores como o turismo.
Seu comentário reflete uma preocupação compartilhada por muitos cubanos, que veem como o deterioro dos serviços básicos afeta até mesmo o respeito e a dignidade nos momentos mais difíceis.
Um problema recorrente em Cuba
A crise dos serviços funerários em Cuba não é nova. Em Imías, Guantánamo, familiares de um menino falecido tiveram que transportá-lo em uma rede devido à falta de um carro funerário. A imagem do cortejo fúnebre improvisado se tornou viral nas redes sociais, gerando um forte debate sobre a precariedade desses serviços na ilha.
As autoridades locais garantiram que existiam serviços funerários alternativos, mas a família optou por transportar o corpo por conta própria. No entanto, o fato expôs novamente as graves carências no setor funerário, especialmente em comunidades rurais.
Outro caso ocorreu em San Agustín, Havana, onde um funeral teve que ser realizado sem carro fúnebre, obrigando os familiares a carregar o caixão à mão.
Banes celebra a chegada de um carro funerário de segunda mão
Enquanto em Manzanillo e outras províncias os enterros dependem da improvisação, em Banes, Holguín, os moradores celebraram a chegada de um carro fúnebre de segunda mão.
Segundo um comunicado da emissora Radio Banes, o veículo permitirá oferecer um serviço “mais digno” após anos de crise, durante os quais foram utilizados tratores ou até carroças de lixo para transportar caixões.
No obstante, para muitos cubanos, a chegada de um único carro funerário a uma localidade não resolve o problema estrutural da deterioração dos serviços funerários em Cuba, onde as famílias enfrentam perdas em condições cada vez mais indignas.
Perguntas Frequentes sobre a Crise dos Serviços Funerários em Cuba
Por que são utilizados caminhões de carga para transportar caixões em Cuba?
Em Cuba, a falta de carros funerários adequados levou as famílias a utilizarem caminhões de carga para transportar caixões. Essa situação se deve ao deterioramento da frota de veículos funerários e à falta de recursos para adquirir novos, o que obriga as famílias a buscarem soluções improvisadas para sepultar seus entes queridos.
Como a crise dos serviços funerários afeta as famílias em Cuba?
A crise dos serviços funerários em Cuba acrescenta uma dor adicional às famílias que já enfrentam a perda de um ente querido. As famílias se veem obrigadas a carregar caixões a pé ou a utilizar meios improvisados, como caminhões ou até carroças de cavalo, o que gera indignação e sofrimento em momentos de luto. Além disso, a falta de recursos básicos como caixões e a deterioração dos cemitérios contribuem para a sensação de abandono e falta de respeito em relação aos falecidos.
Que medidas foram tomadas para melhorar os serviços funerários em Cuba?
Em alguns casos, foram adquiridos veículos usados para melhorar os serviços funerários em certas localidades, como em Banes, Holguín. No entanto, essas medidas são insuficientes para resolver a crise generalizada no país. A falta de recursos e a má gestão continuam afetando a qualidade dos serviços funerários, deixando muitas comunidades sem soluções adequadas.
O que os cidadãos cubanos pensam sobre a gestão governamental neste âmbito?
Muitos cubanos criticam a gestão governamental, acusando o governo de priorizar setores como o turismo em detrimento de necessidades básicas como os serviços funerários. A indignação é evidente nas redes sociais, onde se denuncia a falta de respeito pelo povo cubano e se questiona a distribuição de recursos no país. A percepção geral é de que o governo não está respondendo adequadamente às necessidades de seus cidadãos em momentos críticos.
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