Um representante democrata anunciou nesta quarta-feira sua intenção de ativar o processo de impeachment contra o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, devido às suas declarações sobre Gaza após a visita do primeiro-ministro israelense, Benjamín Netanyahu, a Washington.
"Estou aqui para anunciar que apresentarei artigos de impeachment contra o presidente pelos atos desesperados que ele propôs e executou", declarou o representante do Texas, Al Green, durante sua intervenção na Câmara dos Representantes.
Trump sugeriu na terça-feira, após se reunir com Netanyahu, que os Estados Unidos assumam o controle de Gaza, lidere sua reconstrução e que os palestinos sejam realocados em outros países.
"A limpeza étnica em Gaza não é um tema menor, especialmente quando provém do presidente dos Estados Unidos, a pessoa mais poderosa do mundo", disse Al Green, que rejeitou essas declarações.
Após o anúncio do legislador, a equipe de campanha de Trump respondeu com uma iniciativa de coleta de assinaturas em defesa do mandatário diante do que qualificaram como "os lunáticos radicais".
"Os democratas acabaram de pedir outro impeachment contra mim! Eles perderam para mim em uma grande vitória esmagadora e agora a única opção deles para parar o MAGA é lançar um terceiro impeachment", declarou Trump em um comunicado.
O presidente dos Estados Unidos já enfrentou dois processos de impeachment durante seu primeiro mandato (2017-2021).
Em dezembro de 2019, a Câmara dos Representantes o acusou de abuso de poder e obstrução ao Congresso, tornando-o o terceiro mandatário na história dos EUA a enfrentar um impeachment.
Em janeiro de 2021, a uma semana de concluir seu primeiro mandato, foi submetido a um segundo processo, desta vez por incitação à insurreição, após o assalto de seus seguidores ao Capitólio para tentar impedir a certificação da vitória de Joe Biden (2021-2025).
Em ambas as ocasiões, o Senado o absolveu.
Há possibilidades de sucesso em um impeachment contra Trump neste momento?
Medios internacionais concordam que o passo anunciado por Green marcaria apenas o início de um processo com poucas chances de sucesso.
Os artigos de impeachment devem ser votados na Câmara dos Representantes, onde os republicanos possuem a maioria.
Se fossem aprovados, o julgamento político passaria para o Senado, também sob controle republicano, o que dificultaria qualquer tentativa de destituição do mandatário.
A porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, disse que Trump não se comprometeu a enviar tropas americanas para Gaza, e que considera que Washington deve participar na reconstrução da área "para garantir a estabilidade na região".
Interrogada também sobre a possibilidade de que Trump enviasse tropas a Gaza para expulsar à força os palestinos, a porta-voz destacou que a prioridade do presidente é a reconstrução do enclave e que seu plano busca oferecer "a todas as pessoas da região" estabilidade, desenvolvimento econômico e oportunidades.
Benjamín Netanyahu definiu como "extraordinária" e "boa ideia" de Trump o que os democratas e a ONU denunciam como uma possível limpeza étnica.
"É a primeira boa ideia que ouvi. É uma ideia extraordinária que acredito que deveria ser perseguida, examinada e realizada, porque acho que poderia criar um futuro diferente para todos", disse Netanyahu em uma entrevista à cadeia americana FOX.
"O que há de errado em permitir que os gazenses que queiram ir embora possam fazê-lo? Eles podem ir, podem voltar depois, mas é preciso reconstruir Gaza...", acrescentou o mandatário israelense.
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