O turismo em Cuba atravessa seu pior momento em décadas. Em 2024, a ilha recebeu 2,2 milhões de turistas internacionais, o que representa uma queda de 9,6% em comparação com o ano anterior e o número mais baixo dos últimos vinte anos.
Os cubanos não demoraram a reagir nas redes sociais ao conhecer os dados da Oficina Nacional de Informação e Estatística (ONEI) que demonstram um resultado muito abaixo da meta oficial de 3,2 milhões de visitantes, posteriormente ajustada para 2,7 milhões.
As reações à crise do turismo vêm acompanhadas de denúncias sobre as más condições dos hotéis, o deterioramento da infraestrutura, a falta de serviços básicos e a crescente insegurança no país.
"Os hotéis têm duas estrelas a menos do que dizem. Sem um bom buffet, quartos muitas vezes desconfortáveis, com problemas de umidade, infiltrações e pouco ar-condicionado", comentou um usuário.
A isso se junta a falta de opções recreativas e gastronômicas fora dos hotéis: "Fora do hotel você não encontra nada, nem um bom restaurante, nem um centro recreativo variado para todas as idades".
O declínio do turismo em Cuba também se reflete na queda de visitantes de mercados tradicionais. O Canadá continua sendo o principal emissor de turistas, com 860.877 viajantes em 2024, seguido da Rússia (185.816), Estados Unidos (142.450), Alemanha (65.487), Espanha (65.054) e México (62.839).
No entanto, países como Espanha e Itália registraram quedas significativas de 27,1% e 15,9%, respectivamente. Além disso, a chegada de cubanos residentes no exterior diminuiu em 17,8%.
O impacto da crise econômica e energética do país é evidente na experiência turística. "Em Cuba, é o único lugar do mundo onde até o turista enfrenta dificuldades", expressou outro usuário nas redes.
Entre as principais reclamações estão a instabilidade do serviço elétrico, a escassez de água potável engarrafada, a falta de transporte público e a crescente insegurança nas ruas.
"Desde que você chega ao aeroporto, os trabalhadores estão te assediando por uma 'ajudinha'", relatou outro comentário, referindo-se à prática generalizada de pedir gorjetas por qualquer serviço.
À medida que a crise se agrava, também diminuem as expectativas de melhoria no setor turístico. "E em 2025, com a falta de abastecimento que existe, vai haver menos turismo ou nenhum", vaticinou um usuário. Outro comentou com ironia: "Para ver ruínas é melhor ir a Roma".
A frustração é generalizada, e muitos cubanos consideram que a falta de turistas é uma consequência direta da situação do país. "Para o povo cubano não há nada, porque tudo é para os turistas, e já nem para eles há. Não deveria vir ninguém a este país", afirmou outro internauta.
Em 2019, antes da pandemia, a ilha recebeu 4,2 milhões de turistas, enquanto em 2023 mal alcançou 2,4 milhões e em 2024 o número foi ainda menor.
A pergunta que muitos se fazem é se Cuba conseguirá recuperar seu apelo turístico ou se a crise continuará afundando um setor que em 60 anos não conseguiu se tornar o motor econômico do país, apesar das milhões de investimentos que o regime faz nessa área.
Perguntas frequentes sobre a crise do turismo em Cuba em 2024
Por que o turismo em Cuba diminuiu em 2024?
A diminuição do turismo em Cuba em 2024 se deve a múltiplos fatores, como o deterioro da infraestrutura hoteleira, frequentes apagões, a concorrência de destinos caribenhos como Punta Cana e Cancún, e um ambiente político e econômico instável. Essas condições desestimularam os turistas internacionais, impactando negativamente o setor turístico cubano.
Qual é o impacto da crise turística na economia de Cuba?
A crise turística afetou profundamente a economia cubana, uma vez que o turismo é uma das principais fontes de receita em divisas para o país. A diminuição no número de visitantes gerou uma queda significativa nas receitas do setor, o que agrava ainda mais a frágil situação econômica da ilha.
Quais medidas o governo cubano está tomando para enfrentar a crise do turismo?
O governo cubano tem tentado diversificar sua oferta turística, enfocando-se no turismo de natureza, cultural e histórico, e de saúde. No entanto, a falta de uma estratégia clara e eficaz, somada a um investimento desproporcional em infraestrutura hoteleira sem demanda sólida, tem dificultado a recuperação do setor turístico.
Como a crise energética em Cuba afeta o turismo?
A crise energética em Cuba tem afetado negativamente a experiência turística, com apagões frequentes e desabastecimento em hotéis. Essa situação gera uma percepção negativa entre os turistas e impacta a imagem de Cuba como destino turístico, limitando sua capacidade de atrair visitantes.
Quais são as projeções para o turismo em Cuba em 2025?
As projeções oficiais indicam que o turismo em Cuba continuará seu declínio em 2025, com uma estimativa de 2,6 milhões de turistas internacionais, número inferior aos objetivos anteriores e muito abaixo dos níveis pré-pandêmicos. Isso reflete um panorama incerto para a recuperação do setor turístico na ilha.
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