Uma tragédia que poderia ter sido evitada: Morre jovem trans cubana após injeção de silicone industrial



Popó, como era conhecida a jovem oriunda de Matanzas, faleceu no dia 18 de dezembro, após permanecer 11 dias internada no Hospital Faustino Pérez, em decorrência de uma embolia pulmonar e uma parada cardíaca ocasionadas pela substância injetada, revelou a família em declarações à CiberCuba.

A jovem trans, conhecida como Popó, faleceu no dia 18 de dezembro em MatanzasFoto © Cortesia à CiberCuba

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A recente morte de uma jovem trans cubana, após ter recebido injeções de silicone industrial em um procedimento estético clandestino em Havana, comoveu sua família, que denunciou o caso e exige justiça para evitar que mais alguém morra.

Popó, como era conhecida a jovem oriunda de Matanzas, faleceu no dia 18 de dezembro, após permanecer 11 dias internada no Hospital Faustino Pérez, devido a uma embolia pulmonar e uma parada cardíaca ocasionadas pela substância injetada, declararam familiares à CiberCuba.

Segundo o testemunho de uma prima -cujo nome manteremos em reserva-, Popó comprou na capital um produto industrial identificado como silicone líquido e entrou em contato com uma pessoa para que lhe injetasse nos glúteos.

Captura de Facebook/Mónica King

Explicou que ainda não foi identificada a pessoa que realizou o procedimento, e pedem às autoridades uma investigação que encontre o responsável, para impedir que outras pessoas também percam a vida em cirurgias estéticas sem controle sanitário.

"Ele injetou um produto industrial nos glúteos, chamado silicone líquido; isso foi em Havana e ninguém nos dá resposta, não temos um culpado (...) Não sabemos quem é", ressaltou.

Foto: Cortesia de CiberCuba

A família enviou a CiberCuba fotos do frasco de um litro de Silicona 350 CP -fabricada para uso industrial, não médico- que foi utilizado no procedimento. O rótulo do frasco indica que é aplicado em lubrificação técnica, como antiespumante, em equipamentos elétricos e eletrônicos, aditivos para plásticos e polimento, mas nunca para uso humano. O fabricante alerta que “em caso de exposição” é necessária assistência médica.

“Esse produto está sendo vendido em Havana para cirurgias estéticas que são clandestinas”, alertou a prima de Popó.

Foto: Cortesia de CiberCuba

A mulher descreveu os terríveis efeitos que a substância causou no organismo da jovem e a levaram à morte. “Esse líquido lhe fez um trombo no pulmão (...), como no quarto dia chegou a Matanzas, ao Hospital Faustino Pérez, com uma complicação no pulmão, cuspindo sangue, com muita falta de ar, e foi internada em terapia intermediária. Lá esteve quase nove dias, até que teve uma hemorragia pulmonar e foi transferida para a terapia intensiva, onde durou dois dias, esteve 11 dias hospitalizada. Os pulmões deixaram de funcionar e por último o coração”, lamentou.

“Seus familiares exigem justiça, queremos saber quem foi o responsável por isso para que outras vidas não corram risco, por favor me ajudem”, implorou.

“Queremos justiça porque sabemos que esse procedimento ainda está sendo feito em Havana para meninas trans, e não queremos que mais nenhuma morra”, afirmou o familiar da jovem falecida.

Captura do Facebook/Jenifer Dueñas

O falecimento de Popó causou profunda consternação na comunidade LGBTI cubana, em particular entre as pessoas trans, que se unem à sua família para exigir justiça.

“La morte de Popó em Matanzas expõe a violência contra mulheres trans e a falta de acesso à saúde em Cuba. Mas, igualmente, foi o responsável pelo tratamento estético quem a matou (...) foi culpa de quem fez isso. Justiça”, demandou Mónica King, ativista pelos direitos da comunidade LGBTI.

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