A taxa flutuante do governo cubano permanece igual em seu segundo dia



A taxa flutuante do governo cubano permanece inalterada em seu segundo dia, refletindo semelhanças com o mercado informal. O novo esquema enfrenta ceticismo e críticas pela falta de acesso real a divisas e escassez de dinheiro em efetivo.

Banco Metropolitano. Cola para caixa eletrônico (Imagem de referência)Foto © CiberCuba

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A taxa flutuante do Governo cubano amanheceu nesta sexta-feira, 19 de dezembro sem variações em relação ao dia anterior, conforme publicou o meio oficial Cubadebate, citando dados do Banco Central de Cuba (BCC).

O dólar americano se mantém em 410 pesos cubanos (CUP), o euro em 480,77 CUP, o dólar canadense em 297,57 CUP e o rublo russo em 5,14 CUP. Trata-se do segundo dia de aplicação do novo esquema cambial anunciado pelo BCC, que estabeleceu um sistema de três segmentos com diferentes taxas: uma fixa de 1x24 para operações estatais essenciais, outra de 1x120 para empresas mistas e exportadoras, e uma taxa flutuante para pessoas físicas e formas de gestão não estatal.

Facebook / Cubadebate

O novo modelo foi apresentado na quinta-feira pela presidenta do Banco Central, Juana Lilia Delgado, durante uma aparição televisiva em que explicou que a medida “tem como objetivo reverter as distorções e incentivar um mercado legal e transparente de divisas”. Na mesma linha, o diretor de Políticas Macroeconômicas do organismo, Ian Pedro Carbonell, admitiu que “talvez não seja o que muitos esperavam, mas é a que vai permitir que o mercado cambial funcione”, conforme declarou ao meio oficial. O anúncio fez parte da reforma monetária que entrou em vigor em 18 de dezembro.

O Banco Central assegurou que a taxa flutuante seria atualizada diariamente "de acordo com as condições de oferta e demanda do mercado". No entanto, nesta sexta-feira, o valor permaneceu inalterado, apesar de que as taxas informais também não apresentaram movimentos relevantes.

Na prática, a maioria dos cubanos depende do mercado informal para acessar divisas, devido à escassez de dinheiro em espécie e ao baixo poder aquisitivo do peso cubano.

De acordo com o observatório independente elTOQUE, a cotação do dólar no mercado informal permanece em 440 CUP, o euro em 480 CUP e o MLC em 320 CUP, cifras praticamente idênticas às oficiais. O próprio meio detalha que há ofertas que variam entre 410 e 470 CUP por dólar, dependendo do território.

Facebook / elToque

Em redes sociais, a publicação de Cubadebate sobre as novas taxas voltou a gerar centenas de comentários de usuários que ironizaram sobre a semelhança com os números do mercado informal e a falta de acesso real à compra de divisas. Muitos classificaram a medida como uma “cópia” ou “reeditação oficial” do mercado paralelo, apontando que “tanto criticar o Toque para acabar igual” ou que “o toque agora é estatal”.

Outros comentários expressaram descontentamento pelo impacto na renda pessoal. “Oficialmente, ganho 10 dólares por mês”, escreveu um usuário, enquanto outro perguntou: “Onde posso comprar dólares a 410?”. Também se repetiram críticas à falta de dinheiro nos bancos e à sensação de que “publicam cifras, mas ninguém consegue comprar”.

A introdução do sistema flutuante faz parte do Programa de Estabilização Macroeconômica promovido pelo Governo, que segundo o BCC busca avançar gradualmente em direção a uma eventual unificação cambial. No entanto, a medida foi recebida com ceticismo por parte da população, que continua enfrentando escassez de dinheiro em espécie, dolarização de preços e um salário médio que mal supera os 16 dólares mensais ao novo tipo oficial.

O tipo de câmbio informal continua sendo o referente prático para a maioria dos cubanos, em um cenário onde a oferta estatal de divisas é mínima e as operações bancárias permanecem restritas.

A falta de transparência do Banco Central de Cuba e a ausência de dados verificáveis sobre a disponibilidade real de divisas aumentam a desconfiança da população em relação ao novo sistema, visto como uma tentativa do regime de disfarçar a crise econômica e reforçar seu controle sobre o mercado cambial.

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