Sandro Castro celebra a nova taxa do Governo: “Já conseguimos vencer o El Toque”



Sandro Castro apoia a nova taxa flutuante do BCC, afirmando que "venceram" o El Toque, meio que acusa de manipular o mercado informal.

Sandro Castro celebra bloqueio ao El Toque e nova taxa do BCCFoto © Instagram / Sandro Castro

O empresário e influencer Sandro Castro, neto do falecido ditador Fidel Castro, celebrou nas redes sociais a nova taxa de câmbio flutuante anunciada pelo Banco Central de Cuba (BCC) e afirmou que “o povo venceu El Toque”, referindo-se ao bloqueio ao meio independente na ilha.

Em uma "nota informativa vampírica", Castro apresentou a queda do El Toque como uma vitória popular. Afirmou que "já conseguimos vencer o Toque, porque acredito que o povo levantou a voz, muitas pessoas estavam contra o El Toque, muitas pessoas fizeram atos de repúdio porque perceberam que eram uns farsantes, que não eram uma fonte confiável".

Atribuiu o bloqueio do meio ao governo cubano e o considerou um passo necessário. Segundo ele, “agora o governo consegue bloqueá-lo por diferentes plataformas, embora não se acreditem que eles vão continuar insistindo em entrar por grupos de WhatsApp e grupos de Telegram, os quais não podemos permitir que eles continuem insistindo em entrar”, embora tenha reconhecido não entender “por que demorou tanto para fazê-lo”.

A partir daí, centrou seu discurso na nova taxa de câmbio oficial anunciada pelo Banco Central de Cuba. “Esta taxa que o governo está apresentando hoje, que será variável, que hoje tem um valor de 410 e na venda 418, eu penso que essa é a situação correta”, disse, antes de admitir que “o banco não dispõe de moeda estrangeira para vender” e que “a moeda é manipulada pelos cambistas nas ruas que trabalham para remetentes que estão conectados com os Estados Unidos”. Além disso, pediu que esses atores não fossem vistos como inimigos, “porque são eles que nos dão o dólar para trabalhar e que o possuem”, e propôs que “essas pessoas deveriam usar a taxa do banco como referência, como antes tinham o El Toque”, assumindo que “vão querer ganhar algo”.

Ele encerrou sua mensagem com um apelo à cooperação entre os cubanos: "A solução temos que encontrar nós, cubanos, sem nos prejudicarmos nem nos matarmos".

Antes de publicar o vídeo, Sandro Castro havia compartilhado várias histórias no Instagram sobre isso. “Oi sim, minha gente, todos os meus vampiros, todos os meus cubanos, conseguimos vencer o Toque. Agora você não vai aparecer nem com VPN, de jeito nenhum a página do Toque é encontrada. Então agora é o momento de usarmos a página referente do Banco Nacional... que tem um valor de 410”, disse em um vídeo sobre o qual escreveu: “Adeus ao Toque. Hoje valor referente USD 410. Amanhã veremos. Não paguem nem um peso a mais por cima”.

O bloqueio ao El Toque

El 17 de dezembro, um dia antes do anúncio do Banco Central, El Toque denunciou publicamente que seu site estava sendo bloqueado de Cuba. “Recebemos fortes sinais de que o site eltoque.com está sendo bloqueado de Cuba, o que está impedindo o acesso normal de nosso público ao nosso site”, destacou o veículo em seu comunicado nas redes sociais, acompanhando a mensagem com a frase “Estamos sob ataque”.

A equipe assegurou que o bloqueio se somava a um ataque de negação de serviço (DDoS) recebido desde a manhã daquele mesmo dia e pediu aos usuários que documentassem os erros ao tentar acessar a página.

Facebook / El Toque

A agência EFE, citada por Swissinfo, confirmou as declarações do diretor do meio, José Jasán Nieves, que acusou o Governo cubano de estar por trás do ataque. “Eles conseguiram derrubá-lo”, disse Nieves, assegurando que o portal foi vítima de uma “rede de bots” e que a página permanecia inacessível a partir da ilha.

Um discurso que prolonga seu enfrentamento com El Toque

O enfrentamento entre Sandro Castro e El Toque vinha se intensificando desde outubro. Em vídeos anteriores, ele acusou o meio de provocar a alta do dólar no mercado informal, classificou-o de “elite obscura” e chegou a afirmar que havia ganho “128 milhões de dólares em um único dia”.

Em novembro, anunciou também um projeto próprio, a “Vampicash Cup”, do qual disse que “já está criado digitalmente”, mas precisava de “aprovação governamental para que tenha status legal e seja algo sólido, transparente e confiável”.

A nova taxa do Banco Central de Cuba

O Banco Central de Cuba apresentou em 18 de dezembro uma nova taxa de câmbio flutuante aplicável a pessoas físicas e formas de gestão não estatal. A presidenta do BCC, Juana Lilia Delgado, explicou que o sistema dividirá o mercado de câmbio em três segmentos e permitirá que a taxa para o setor privado flutue de acordo com a oferta e a demanda.

O primeiro relatório oficial fixou o dólar a 410 CUP e o euro a 481,42 CUP, números muito próximos aos reportados no mercado informal por El Toque. As autoridades defenderam a medida como um passo em direção a um mercado “mais transparente e funcional”.

O vídeo de Sandro Castro, por sua vez, provocou uma avalanche de comentários. Muitos usuários o criticaram duramente: “Vá brincar de revolucionário, seu imbecil, vivendo a vida de rico às custas do sofrimento de um povo”, escreveu um. Outro ironizou: “Sessenta anos de fome e miséria e ainda assim as pessoas acreditam em um Castro”.

Alguns comentários recorreram ao sarcasmo: “Parem tudo, que o anormal vai falar de economia”, “Parece o telejornal ou a Mesa Redonda falando”, “O Toque: Ctrl+C, Banco Central: Ctrl+V”.

Entre os poucos apoios, foram lidas frases como: “Pela primeira vez o ouço dizer algo lógico” e “Tem razão, devemos ajudar uns aos outros”. Mas a maioria insistiu que o problema não é a taxa, mas o sistema: “Fale dos hospitais, da fome, dos apagões, não do dólar”, escreveu uma usuária.

As reações refletem a mistura de indignação e desconfiança com que boa parte da população percebe qualquer discurso próximo ao poder, mesmo quando é disfarçado de mensagem conciliadora.

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