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Centenas de cubanos permanecem recluídos no centro de detenção conhecido como Alligator Alcatraz, na Flórida, em condições que os próprios detidos descrevem como inhumanas, segundo testemunhos coletados pela CiberCuba durante uma transmissão ao vivo com familiares e reclusos.
De acordo com os relatos, via telefônica, dentro do centro haveria cerca de 700 cubanos, entre eles vários conhecidos como marielitos que chegaram aos Estados Unidos com 12 anos.
Segundo os testemunhos recolhidos pela nossa jornalista Tania Costa, o recinto é composto por oito tendas.
Cada carpa teria oito gaiolas, e em cada gaiola permanecem entre 27 e 32 pessoas, que dormem amontoadas em beliches e têm apenas três banheiros para atender às suas necessidades.
Los detidos -desesperados por falar e contar o que estão vivendo-, asseguram que só lhes é permitido tomar banho e escovar os dentes -sem produtos de higiene- três vezes por semana.
Em uma chamada de 15 minutos na qual se revezaram para contar sua história, afirmaram que não sabem que horas são e que mantêm o ar condicionado em uma intensidade extrema (a menos de 35 Fahrenheit, 2 graus Celsius), o que agrava as condições físicas dentro do local.
Abel Ducanses Ceballos, detido desde 5 de dezembro, denunciou que “as condições são infrahumanas: estamos trancados em jaulas, não importamos para ninguém. A água potável parece água de poça; é uma nojeira”, disse.
De acordo com seu testemunho, o cheiro é insuportável e foram relatados surtos de sarna. “Parecemos animais: com cabelo longo, barba, sem higiene. A única coisa que aconteceu é que respondemos como animais a um tratamento animal”, acrescentou.
Outro detido, Endy Castillo, descreveu o local como um “campo de concentração” e uma “cela de castigo”.
"As medicamentos são horríveis, imagina que ao invés dos remédios para baixar minha pressão me deram aspirina e estou com o nariz sangrando, me sinto como se não houvesse ninguém aqui dentro que se importe", disse.
De acordo com seu relato, recebem três refeições por dia —às 5:00 da manhã, 12:00 e 5:00 da tarde—, a comida chega fria e é o mesmo sanduíche durante toda a semana, enquanto a água “não pode ser bebida”.
A assistência médica é outro dos pontos críticos. Segundo denúncias, o médico só atende após 72 horas, quando a maioria já apresenta sintomas, e afirmam que não há medicamentos.
Os reclusos alertam também sobre riscos de segurança: afirmam que não existem extintores e que, em caso de incêndio, “morreríamos todos”.
Afirma-se que cada jaula conta com três vasos sanitários e que, quando um deve usá-los, os demais têm que se virar de costas.
Também denunciam temperaturas extremas: a climatização se manteria fixa em 35 graus, o que lhes provoca frio intenso e os obriga a permanecer cobertos com mantas.
Um dos entrevistados afirmou estar 98 dias recluído e denunciou transferências e falta de informação.
“o pior é a superlotação, um em cima do outro, sem higiene e com comida péssima. Minha família em Cuba não conseguiu falar comigo; estou totalmente incomunicado”, disse antes que se esgotassem os 15 minutos de chamada permitidos.
Entre os recluídos há pessoas de idade avançada. Segundo os depoimentos, o mais velho teria 84 anos e vários detidos estão na faixa dos 50 e 60 anos. Alguns nem sequer falam espanhol, pois chegaram aos Estados Unidos sendo crianças há décadas.
CiberCuba continuará documentando as denúncias sobre as condições dentro do Alligator Alcatraz, enquanto crescem as exigências de familiares e ativistas para que se garanta um tratamento digno, acesso a atendimento médico e condições básicas de higiene.
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