
Vídeos relacionados:
Miguel Díaz-Canel atacou o presidente americano Donald Trump após a apreensão de um petroleiro venezuelano no Caribe, uma operação que gerou uma forte reação do Governo de Cuba, para onde Caracas enviava o combustível.
O mandatário qualificou a ação como um ato de "pirataria" e acusou Washington de se comportar como os corsários que devastaram a região séculos atrás.
"Em uma afronta inédita às normas internacionais, como nos tempos de (Francis) Drake e (Henry) Morgan, Donald Trump acaba de lançar seus piratas sobre um petroleiro da Venezuela, apoderando-se sem pudor da carga, como um vulgar ladrão", disse.
As declarações foram feitas durante o discurso de encerramento de uma reunião plenária do Partido Comunista de Cuba (PCC), realizada a portas fechadas no sábado.
Em sua fala, Díaz-Canel denunciou o que considerou uma escalada de agressividade de Trump contra a Venezuela, país que Havana reconhece como um aliado estratégico.
O ditador cubano não fez mais do que repetir algumas palavras anteriores de seu amigo Nicolás Maduro, que dias antes afirmou que a operação americana havia inaugurado "uma nova era de pirataria naval criminal no Caribe".
"Fizeram um ato absolutamente criminoso e ilegal quando procederam a um assalto militar, sequestro e roubo, como piratas do Caribe, a um navio mercante, comercial, civil, privado, um navio de paz", afirmou.
Segundo o líder venezuelano, durante a intercepção do navio também ocorreu o sequestro de tripulantes.
A postura de Cuba em relação à incautação do petrolero já havia ficado clara dias antes.
Na quarta-feira passada, Havana acusou os Estados Unidos de cometer um "ato de pirataria" após saber-se que o navio havia sido confiscado frente às costas da Venezuela.
De acordo com uma investigação publicada pela Axios, a embarcação transportava petróleo venezuelano com destino a Cuba, seguindo uma rota clandestina associada ao mercado negro de energia.
Días depois, o regime castrista acabou admitindo que o petróleo apreendido tinha como destino final a Ilha, ao denunciar abertamente que a operação americana impede "os suprimentos de hidrocarbonetos a Cuba".
A operação foi executada pelo Buró Federal de Investigação (FBI), pelo Departamento de Segurança Nacional dos Estados Unidos (HSI) e pela Guarda Costeira, com apoio do Departamento de Guerra.
O navio, um VLCC com capacidade superior a 320.000 toneladas, estava sob sanções há anos devido à sua ligação com redes ilícitas de transporte de petróleo venezuelano e iraniano.
Segundo a Axios, parte do petróleo teria sido revendida posteriormente por Cuba a mercados asiáticos, incluindo a China, em esquemas que o meio relaciona com familiares de Raúl Castro.
Desde os Estados Unidos, Donald Trump celebrou abertamente a captura do navio, que descreveu como "o maior já capturado".
Consultado por jornalistas sobre o destino do petróleo apreendido, respondeu em tom irônico que os Estados Unidos ficariam com o óleo e brincou com a possibilidade de seguir o trajeto do navio de helicóptero.
Funcionários norte-americanos qualificaram a operação como um "golpe duplo", afetando tanto as finanças do governo de Nicolás Maduro quanto o suprimento energético que sustenta o regime cubano.
Para amplos setores da população na Ilha, o episódio voltou a evidenciar a dependência de Cuba desses carregamentos de petróleo para manter em funcionamento suas termoelétricas e serviços básicos, em meio a uma crise energética prolongada.
Arquivado em: