Díaz-Canel reconhece panorama crítico: PIB decresceu 4% e a inflação dispara



Díaz-Canel admitiu que a economia cubana está em crise: o PIB caiu 4%, a inflação está alta, a geração térmica é crítica e há desabastecimento. Ele culpa o embargo e o furacão, mas promete reformas econômicas sem resultados visíveis.

Miguel Díaz-CanelFoto © Cubadebate

O governante Miguel Díaz-Canel admitiu o panorama crítico que atravessa a economia cubana, com uma contração do Produto Interno Bruto (PIB) de 4% ao final do terceiro trimestre.

“Com o fechamento do terceiro trimestre, o PIB diminui em mais de 4%, a inflação dispara, a economia está parcialmente paralisada, a geração térmica é crítica, os preços permanecem altos, não são cumpridas as entregas dos alimentos normatizados, e as produções agropecuárias e da indústria alimentícia não atendem às necessidades da população”, admitiu este sábado durante o discurso de encerramento do XI Pleno do Comitê Central do Partido Comunista de Cuba.

O governante pintou este panorama “ao terminar mais um ano difícil”, do qual culpou principalmente, como é habitual na retórica do regime, o embargo americano e o exílio cubano-americano.

"A tudo isso é preciso acrescentar as caras perdas provocadas pela devastadora passagem do furacão Melissa", reclamou.

Díaz-Canel depois pintou outro panorama distante da realidade cubana, com suposta “participação popular”, apoio ao seu governo e marcado pelo prestígio dos “líderes e quadros para abordar diante da população os principais problemas”.

“Há pobreza em Cuba, dizem todos os dias os meios criados pelos mesmos que aplaudem o bloqueio e as medidas de asfixia. Sim, há uma enorme carência material em Cuba, gerada pela política genocida que remunera generosamente aqueles que celebram essa pobreza. Ninguém pode estar satisfeito com isso e trabalharemos sem descanso pela prosperidade que este povo merece”, assegurou na mesma linha.

Ele, também líder do PCC, destacou que o enésimo projeto para “corrigir distorções e reimpulsionar a economia não é um slogan, é uma batalha concreta pela estabilidade da vida cotidiana, para que o salário seja suficiente, para que não falte alimento na mesa, para que acabem os apagões, para que o transporte seja revitalizado, para que a escola, o hospital e os serviços básicos funcionem com a qualidade que merecemos”.

“Debatemos com franqueza, sem triunfalismos, e defendemos uma agenda econômica que vai à raiz dos problemas e compromete cada organismo, cada território e cada quadro”, assegurou, apesar da desastrosa política econômica de seu governo nos últimos anos.

Discurso vazio e crise

Em meio a uma crise nacional sem precedentes —apagões, inflação descontrolada, repressão, desabastecimento crônico e um êxodo que esvazia o país—, o alto escalão do poder repetiu o velho roteiro da chamada “revolução”: resistir, culpar o inimigo, defender a unidade e prometer retificações que nunca chegam.

Enquanto os cubanos tentam sobreviver a uma realidade cada vez mais precária, seus dirigentes se apegam a um discurso que já não descreve o país, mas o disfarça.

Os plenários do PCC se tornaram cerimônias de reafirmação ideológica mais do que espaços de política real. E cada novo encontro confirma o mesmo: que o poder do regime não sabe conviver com a realidade e os fatos, e se refugia na retórica vazia e enganosa de uma suposta “batalha de ideias”, na qual apenas os “herdeiros” e artífices da “continuidade” têm a palavra.

Díaz-Canel, em sua dupla função de governante e primeiro secretário do PCC, insistiu novamente que “a unidade é a garantia de que Cuba continuará sendo livre, independente e soberana”, conforme noticiou o site da Presidência.

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