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O primeiro secretário do Partido Comunista de Cuba (PCC), Miguel Díaz-Canel, afirmou hoje que essa organização política deve se transformar para não frear o país, mas suas palavras contrastaram com uma onda de críticas por parte da população que denunciam inércia, privilégios e desconexão com a realidade cotidiana.
Durante o XI Pleno do Comitê Central do PCC, realizado neste sábado em Havana e por videoconferência, o também governante assegurou que, nas condições atuais, o burocratismo, o formalismo e a inércia não podem continuar atuando como freios.
Desde a perspectiva do trabalho partidário, afirmou que é imprescindível “mudar tudo o que deve ser mudado” e fortalecer os mecanismos de controle e a prestação de contas em todos os âmbitos da sociedade, destacou em alguns dos trechos de sua intervenção diante dos participantes, publicados no perfil de Facebook do PCC.
O mandatário afirmou que, sem uma forma diferente de atuar dentro do Partido, os debates do Pleno ficariam em "palavras vazias".
Nesse contexto, reiterou a ideia de que, sendo o único partido legal, deve ser também “o mais democrático”, e defendeu uma maior participação popular, contato permanente com a cidadania e maior exigência e transparência no desempenho dos quadros.
Díaz-Canel voltou a ressaltar a “unidade” como garantia da independência e da soberania do país, e chamou a intensificar a batalha ideológica, cultural e comunicacional diante do que descreveu como uma guerra econômica e midiática.
Afirmou que resistir a essas pressões constitui uma vitória diária e elogiou a capacidade do povo cubano de suportar anos de dificuldades.
No entanto, o discurso oficial gerou uma reação majoritariamente crítica nas redes sociais.
Comentários publicados após a divulgação da mensagem questionaram a repetição de promessas de mudança desde 1959 sem resultados visíveis, a falta de austeridade e altruísmo por parte dos dirigentes, e a distância entre o poder e as condições reais de vida da população.
Vários usuários apontaram que os apelos à democracia e à participação são vazios em um contexto de partido único e crise prolongada, enquanto outros responsabilizaram diretamente o PCC pela pobreza, escassez e emigração em massa.
Críticas aos privilégios da elite governante, à ausência de apagões e carências na vida dos dirigentes, e à falta de soluções concretas dominaram o intercâmbio.
O contraste entre a ênfase oficial na unidade, na resistência e na épica, e o tom de saturação expressado por numerosos cidadãos, deixou evidente a lacuna entre o discurso do poder e a percepção social em meio a uma das piores crises que o país enfrenta.
O XI Pleno do Comitê Central do PCC ocorre apenas neste sábado por videoconferência, após uma decisão do Buró Político motivada pela grave crise sanitária e pela escassez de combustível que o país enfrenta.
Durante a jornada, a liderança partidária promoveu o general de Corpo de Exército Roberto Legrá Sotolongo, primeiro vice-ministro e chefe do Estado Maior Geral das Forças Armadas Revolucionárias (FAR) desde 2021, como membro do Buró Político do PCC.
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