Presidenta de Honduras declara "nulas" as eleições onde seu partido ficou em terceiro lugar



A mandatária socialista, aliada de Nicolás Maduro, denuncia "ingerência estrangeira" após o revés de sua candidata Rixi Moncada, que obteve menos de 20% dos votos.

Xiomara CastroFoto © Wikimedia Commons

Vídeos relacionados:

A presidenta de Honduras, Xiomara Castro, declarou “nulas” as eleições gerais realizadas em 30 de novembro, após sua candidata e herdeira política, Rixi Moncada, ficar em terceiro lugar com 19,3% dos votos, muito atrás dos dois principais concorrentes.

O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) ainda não concluiu a apuração, mas com 97 % dos votos contados, o empresário conservador Nasry Asfura, apoiado pelo presidente americano Donald Trump, lidera com 40,5 %, seguido bem de perto pelo liberal Salvador Nasralla, com 39,1 %.

Apenas 40.000 votos separam os dois candidatos, em uma eleição marcada por denúncias de falhas tecnológicas, ataques cibernéticos e inconsistências em milhares de atas.

No domingo, o partido oficialista Libre, liderado por Castro, exigiu a “anulação total das eleições” e convocou mobilizações, greves e protestos, acusando o sistema eleitoral de ter sido “manipulado com interferência estrangeira”.

A decisão foi respaldada nesta segunda-feira pela própria presidenta, que, em uma mensagem transmitida da Casa Presidencial, afirmou que “o processo está viciado e não reflete a vontade popular”.

Castro, aliada política dos regimes de Nicolás Maduro na Venezuela e Miguel Díaz-Canel em Cuba, acusou a oposição e a “potências estrangeiras” de intervir na contagem de votos para evitar a continuidade de seu projeto político.

Por sua parte, a presidenta do CNE, Ana Paola Hall, pediu aos partidos que mantivessem a calma e lembrou que a lei concede 30 dias para oficializar os resultados.

A Missão de Observação Eleitoral da OEA instou o organismo a acelerar a contagem "para pôr fim à incerteza", embora tenha descartado, por enquanto, a existência de provas de fraude em massa.

Enquanto isso, o CNE ordenou revisar mais de 2.000 atas com inconsistências e contabilizar os votos emitidos no exterior, principalmente nos Estados Unidos, onde vivem mais de 400.000 hondurenhos habilitados para votar.

O clima político permanece tenso em Tegucigalpa e em outras cidades do país, onde apoiadores do partido Livre bloquearam vias e exigiram a repetição das eleições.

Os observadores internacionais alertam que o apelo de Castro para desconsiderar as eleições pode agravar a crise institucional no país centro-americano.

Se o CNE confirmar os resultados atuais, Honduras passará de um governo de esquerda para um conservador, liderado por Nasry Asfura, próximo do ex-presidente Juan Orlando Hernández e do Partido Nacional.

Desde Washington, o Departamento de Estado, liderado por Marco Rubio, fez um apelo ao respeito pelos resultados eleitorais e à “preservação da institucionalidade democrática”.

Por sua vez, governos aliados de Castro como Venezuela e Nicaragua apoiaram a denúncia de "fraude eleitoral" e questionaram a transparência do processo.

Arquivado em:

Equipe Editorial da CiberCuba

Uma equipe de jornalistas comprometidos em informar sobre a atualidade cubana e temas de interesse global. No CiberCuba, trabalhamos para oferecer notícias verídicas e análises críticas.