A travessia migratória dos cubanos rumo à América Central e ao México continua deixando testemunhos carregados de dor, esperança e valentia. Desta vez, os protagonistas são os youtubers Mario e Aliesky, que, junto a uma amiga, decidiram abandonar a ilha para iniciar o arriscado caminho que começa na Nicarágua e que se tornou a principal porta de escape para milhares de compatriotas.
Em um vídeo publicado em seu canal Mario Aliesky TV, relataram em detalhes as quatro jornadas que os levaram de Havana a Tapachula, México. “Nunca quis fazer a travessia porque tinha medo, mas não havia outra opção”, confessou Mario, sublinhando que não buscam promover a migração irregular, mas sim compartilhar uma experiência que marcou suas vidas.
O medo na Guatemala e a fé como refúgio
O grupo viajou em um voo da Conviasa até Managua, de onde começou um trajeto que incluiu paradas em Honduras e Guatemala. Enquanto em Honduras receberam um “salvoconducto” para transitar legalmente, em Guatemala enfrentaram o trecho mais perigoso com caminhos de montanha, barreiras policiais e a ameaça constante de cartéis.
“Foi o momento mais difícil, quando nos separaram em caminhões diferentes. Eu orava e tremia de medo”, lembra Mario. A terceira acompanhante, a mais jovem do grupo, surpreendeu pela sua força: “Ela nos animava, dizia para deixarmos o estresse de lado e seguirmos em frente”.
Os cubanos narraram que compartilharam o caminho com mulheres de até 70 anos, doentes asmáticos e famílias inteiras com crianças pequenas. “Ver uma senhora com os joelhos doentes ou uma mãe com seus filhos cruzando montanhas é a prova de que a desesperação empurra qualquer um a arriscar tudo”, disse o youtuber.
Já na fronteira, cruzaram o famoso rio Suchiate em balsas feitas com câmaras de trator. “O balsista nos disse: quando chegarem à outra margem, corrão”, relataram, relembrando o medo de que o transporte improvisado virasse com todas as suas pertencías.
México, destino e refúgio
A chegada a Tapachula não significou o fim do perigo. Aglutinados em automóveis com até 14 pessoas dentro, desviando de bloqueios policiais e caminhando longas distâncias, finalmente conseguiram se estabelecer na cidade do sul do México. Hoje, planejam se mudar para Mérida, convencidos de que o México pode ser mais do que um lugar de passagem.
“O México nos surpreendeu. É cultura, educação, tradições. Aqui queremos recomeçar”, expressaram, agradecendo aos compatriotas que os ajudaram no caminho, como Susana, uma cubana que também chegou por travessia meses atrás.
Um êxodo sem precedentes
A experiência desses criadores de conteúdo se soma à de milhares de cubanos que têm seguido a rota da América Central nos últimos anos.
Histórias como a do jovem Yudiel Chirino, que documentou em TikTok sua passagem por uma ponte suspensa rumo aos Estados Unidos, ou a de Yaima Alemán e Lietty Piña, que compartilharam os riscos de sequestro, fome e aprisionamento em caminhões, confirmam que a travessia se tornou um fenômeno massivo e doloroso.
De acordo com dados do Instituto Nacional de Migração (INM), mais de seis milhões de migrantes se estabeleceram no México entre 2019 e 2025, incluindo milhares de cubanos que, diante das restrições dos Estados Unidos, optam por começar lá uma nova vida.
Foi duro, foi perigoso, mas aqui estamos. Temos fé de que tudo o que vivemos valerá a pena”, concluíram os youtubers, convencidos de que sua história reflete a luta de uma geração que se recusa a se resignar na ilha e aposta em abrir caminho além de suas fronteiras.
Perguntas frequentes sobre a migração cubana para o México e a América Central
Por que os youtubers cubanos Mario e Aliesky decidiram emigrar para o México?
Mario e Aliesky decidiram emigrar para o México em busca de uma nova vida e melhores oportunidades, apesar dos riscos associados à travessia. Relatam que o desespero e a falta de alternativas em Cuba os impulsionaram a tomar essa decisão. Sua experiência se soma à de muitos cubanos que fogem das difíceis condições na ilha.
Quais são os principais perigos que os migrantes cubanos enfrentam em seu caminho para o México?
Os migrantes cubanos enfrentam múltiplos perigos, como a ameaça de cartéis, postos de controle policial e condições extremas nas trilhas montanhosas, especialmente na Guatemala. A travessia também inclui o risco de serem separados e viajarem em condições desumanas, como cruzar rios em balsa improvisada.
O que motiva os cubanos a considerar o México como destino final em vez dos Estados Unidos?
As políticas migratórias mais rigorosas nos Estados Unidos levaram muitos cubanos a ver o México como um destino viável, onde podem encontrar segurança e oportunidades de emprego. Além disso, o endurecimento das restrições sob a administração de Donald Trump fez com que mais cubanos optassem por ficar no México.
Que impacto tem a crise em Cuba na migração de seus cidadãos?
A crise econômica, a escassez de alimentos e medicamentos, e a falta de oportunidades em Cuba impulsionam muitos a emigrar, muitas vezes em condições perigosas. Os testemunhos de migrantes refletem o sacrifício e a desesperança que sentem as famílias cubanas ao buscar uma vida melhor fora da ilha.
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