A irmã do ex-ministro da Economia cubano Alejandro Gil Fernández, María Victoria Gil, afirmou em declarações a CiberCuba que teme pela vida do ex-funcionário, após ser anunciada nesta segunda-feira sua condenação a prisão perpétua e mais 20 anos de prisão por espionagem, corrupção e suborno.
“Eu coloco tudo em dúvida, Tania. Coloco tudo em dúvida e acho que meu irmão sabe demais e há que silenciá-lo de alguma maneira”, disse à jornalista Tania Costa.
Sua voz deixou uma frase que resume o medo que sente a família: “Se ele morrer na prisão de um infarto ou se suicidar, foram eles que o mataram. Porque é uma boca que precisa ser calada.”
As declarações chegam um dia depois que o Tribunal Supremo Popular apresentou a sentença mais severa imposta a um ex-ministro nas últimas décadas. Gil, uma das figuras visíveis do gabinete de Miguel Díaz-Canel, caiu em desgraça após o colapso da mal chamada Tarefa Ordenamento. Seu caso, midiático e hermético, lembra para muitos os julgamentos exemplares da era soviética.
María Victoria afirma que o ensaio é evidente, não apenas na sentença de cadeia perpétua, mas também na confiscacão dos bens imposta ao seu irmão. “Vão tirar da meu irmão a casa onde vive sua família, uma casa obtida legalmente por meio de uma permuta estatal. Vão deixar minha sobrinha, que tem uma menina de três anos, literalmente na rua”, denunciou. A casa familiar original, explica, já foi entregue a terceiros, portanto, a família ficaria desamparada.
“Depois falam de capitalismo, mas como não têm vergonha, quando são os primeiros a quebrar todas as regras, que enganam, que mentem, que trapaceiam”, acrescentou.
Anteriormente, em declarações à Martí Notícias, María Victoria confirmou que a família apresentará apelação e que, se a sentença for ratificada, recorrerão a instâncias internacionais.
Seu filho, advogado europeu, acompanhará o processo. “Isto ainda não disse a última palavra. Vamos seguir todas as vias internas e depois iremos ao Tribunal Internacional”, afirmou.
Também questionou a falta de provas públicas sobre a suposta espionagem. “As informações fornecidas são tão escassas que qualquer um pode ser acusado. Precisamos ver a sentença completa: datas, apelidos, fatos concretos. Neste momento, podem dizer que eu sou espião e ponto.”
A apresentadora afirmou que não conseguiu se comunicar com a filha de Gil e teme que a família na ilha esteja sendo pressionada. Ela reconhece ainda o impacto emocional de saber que ele está recluído na prisão de Guanajay. “Embora seja o criminoso mais grande do mundo, é meu irmão. Só de imaginá-lo em Guanajay, minha alma se despedaça.”
Enquanto o Governo tenta projetar uma mensagem de "tolerância zero" diante da corrupção, a família insiste que Alejandro Gil é o bode expiatório de um regime que atravessa sua pior crise em décadas.
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