Condenam à cadeia perpétua o ex-ministro cubano Alejandro Gil Fernández



O defenestrado Ministro da Economia Alejandro Gil Fernández foi condenado a prisão perpétua e a mais 20 anos de prisão por espionagem, corrupção e suborno, em um julgamento marcado por nuances políticas.

Alejandro Gil Fernández foi condenado a prisão perpétua e a mais 20 anosFoto © Redes Sociais

Vídeos relacionados:

O Tribunal Supremo Popular informou nesta segunda-feira que o ex-ministro da Economia e Planejamento de Cuba, Alejandro Miguel Gil Fernández, foi condenado à prisão perpétua por crimes de espionagem, corrupção e coação, entre outras acusações.

A sentença foi notificada oficialmente no dia 8 de dezembro de 2025, após dois processos penais realizados em novembro.

Segundo a nota oficial, Gil Fernández foi considerado culpado de espionagem, atos prejudiciais à atividade econômica ou à contratação, corrupção, subtração e dano a documentos oficiais, violação de selos e normas de proteção de documentos classificados, vários deles com carácter continuado.

Por esses crimes, o tribunal impôs uma pena conjunta de privação perpétua de liberdade.

Captura do Facebook / Tribunal Supremo Popular de Cuba

Em um segundo processo, o ex-ministro também foi considerado responsável por corrupção continuada, falsificação de documentos públicos, tráfico de influência e evasão fiscal, recebendo assim uma segunda condenação de 20 anos de prisão.

Ambas as penas incluem também a confiscação de bens, a proibição de exercer cargos públicos e a privação de direitos cidadãos.

O tribunal justificou as condenações com base nos artigos 147 da Constituição e 29 e 71 do Código Penal, argumentando a “alta lesividade social” dos fatos e qualificando o comportamento de Gil Fernández como uma “degradação ética, moral e política”.

O texto oficial assegura que o ex-ministro “enganou a direção do país e o povo”, subornou funcionários para obter benefícios pessoais e entregou informações classificadas a serviços do inimigo.

O regime enquadrou o caso dentro da narrativa de "traição à pátria", salientando que a conduta do ex-ministro violou a Convenção das Nações Unidas contra a Corrupção, da qual Cuba é signatária.

A referência ao Artigo 4 da Constituição, que considera a traição como “o mais grave dos crimes”, ressalta o caráter político e exemplar da sentença.

Gil Fernández, que foi uma das figuras mais visíveis do gabinete de Miguel Díaz-Canel, caiu em desgraça no início de 2024, quando foi destituído sem explicações.

Seu processo se tornou um dos mais divulgados dos últimos tempos, lembrando os julgamentos políticos da era soviética, onde a "traição" servia de pretexto para punir o colapso do sistema.

O comunicado do Tribunal acrescenta que tanto o acusado quanto a Promotoria podem interpor recursos em um prazo de dez dias e que a própria sentença de prisão perpétua será apelada de ofício como uma “garantia processual”.

Se a sua culpabilidade for ratificada, as penas serão unificadas em uma sanção única e definitiva, conforme o previsto no Artigo 86 do Código Penal vigente.

Com essa condenação, o regime busca enviar um sinal de “tolerância zero” em relação à corrupção, enquanto a população vive em uma das piores crises econômicas e sociais das últimas décadas, marcada por apagões, inflação, migração em massa e fome.

Arquivado em:

Equipe Editorial da CiberCuba

Uma equipe de jornalistas comprometidos em informar sobre a atualidade cubana e temas de interesse global. No CiberCuba, trabalhamos para oferecer notícias verídicas e análises críticas.