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A governadora de Havana Yanet Hernández Pérez apresentou na sexta-feira o relatório sobre sua gestão de 2025, onde destacou a “conexão com a população”, enquanto os havanenses responderam com uma avalanche de críticas que exigem resultados verificáveis e explicações sobre o colapso dos serviços básicos.
A funcionária expôs que sua principal prioridade em 2025 foi “os intercâmbios diretos com a população, os delegados e presidentes dos Conselhos Populares”, assim como atender às demandas pendentes da prestação de contas anterior, informou o jornal oficial Tribuna de La Habana.
Mencionou ações de combate ao crime, à corrupção, ao consumo de drogas, às indisciplinas sociais e à estratégia para estabilizar a coleta de resíduos sólidos urbanos.
Hernández também afirmou que está sendo trabalhado na implementação do programa de Governo para "corrigir distorções e reimpulsionar a economia", apoiado na contribuição de 294 entidades exportadoras da capital.
Apontou ainda a produção nacional de alimentos como uma tarefa prioritária e ao reordenamento da empresa estatal e outros atores econômicos.
A governadora reconheceu que, durante o período, foram recebidos mais de 236.700 planteamentos, centrados fundamentalmente em problemas de água, eletricidade, habitação e deterioração habitacional.
Durante a sessão, a vice-primeira-ministra Inés María Chapman reclamou maior presença nas ruas por parte dos quadros e dirigentes.
É preciso percorrer o terreno, o Governo na rua, abordando os problemas, buscando soluções, insistiu.
No entanto, a ausência de dados concretos no relatório abriu as portas para uma onda de insatisfação cidadã no perfil em Facebook do Governo da capital.
Nos comentários, os usuários denunciaram a falta de resultados verificáveis, o agravamento do problema do lixo, a inflação, a criminalidade, o deterioramento das ruas, o aumento do consumo de drogas e a desatenção às áreas periféricas.
Vizinhos qualificaram a rendição de "fantasiosa" e zombaram das autoridades por apresentar uma capital "que não existe".
Outros questionaram por que não se explica a magnitude do abandono, a insalubridade, as águas residuais, a ineficácia dos serviços bancários ou o estado crítico da infraestrutura urbana.
“Isso parece qualquer coisa menos uma capital,” escreveu uma usuária. “Havana sangra e nada é feito para curá-la,” acrescentou outra.
Os cubanos percebem um estado de deterioração extrema em Havana, descrevendo-a como uma cidade mergulhada em lixo, desabamentos e abandono.
A política de construção de hotéis gerou críticas por parte da população, que observa como se erguem infraestruturas turísticas de luxo, enquanto uma parte significativa dos lares permanece em condições precárias.
A propósito do 506º aniversário de Havana, em novembro, inúmeros comentários nas redes refletiram um profundo descontentamento com o governo, ao qual acusam de desídia e falta de ação diante dos problemas estruturais da cidade.
A ineficiência do Estado e a falta de um plano sustentável transformaram a coleta de resíduos em um problema crônico, agravado pela falta de combustível, quebra de veículos, ausência de pessoal e pela epidemia de dengue e chikungunya, entre outros fatores.
O governo cubano reconheceu que não pode garantir a limpeza de Havana nem oferecer um salário digno aos varredores.
Há dias, as autoridades admitiram que desconhecem até mesmo quanto lixo se acumula em Havana, o que evidencia uma carência elemental que condiciona qualquer estratégia de limpeza e infraestrutura urbana.
Os apagões cada vez mais prolongados têm um impacto severo na vida cotidiana dos habaneros, com afetos no descanso, na conservação de alimentos e medicamentos, no acesso à água e nas comunicações. Essa situação gerou um crescente clima de incerteza e descontentamento social.
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