
Vídeos relacionados:
Novas vozes começam a emergir após a recente investigação que revelou os luxuosos negócios gastronômicos de Cristina Lage Codorniú, filha do ex-vice-presidente cubano Carlos Lage Dávila.
Trabalhadores dos restaurantes ligados à jovem afirmam que, entre os clientes habituais, estão membros da elite política e militar cubana, que chegam acompanhados de um protocolo tão rigoroso quanto revelador: as câmeras devem ser desligadas toda vez que entram para que não fique nenhum vestígio de sua visita.
As denúncias foram divulgadas pelo jornalista Mario J. Pentón, que explicou que funcionários da Sensacioones, Woow e Nao Habana, estabelecimentos associados ao grupo empresarial Group Tentacioones SRL, de propriedade de Lage Codorniú e seu esposo Orlando Alain Rodríguez Leyva, descrevem um padrão de “clientes intocáveis”.
Entre eles, mencionam o filho de Rubén Remigio Ferro, presidente do Tribunal Supremo Popular, e o neto de Raúl Castro, conhecido como El Cangrejo, apontado como um dos que exige desconectar o sistema de vigilância quando chega.
Enquanto milhões de cubanos continuam enfrentando uma economia paralisada, apagões, salários insuficientes e a impossibilidade de arcar com produtos básicos como uma dúzia de ovos, essa nova elite desfruta de jantares que podem atingir valores luxuosos em uma cidade que está em ruínas.
A investigação de Martí Noticias já havia revelado que a Group Tentacioones SRL opera como o rosto empresarial por trás de restaurantes que promovem uma “experiência culinária de classe mundial”, com cardápios em dólares e um estilo que contrasta agressivamente com o dia a dia da população.
O grupo afirma em seu site que os estabelecimentos são “o sonho materializado de uma família apaixonada pela hospitalidade”, sem mencionar quem são os proprietários. No entanto, nas redes sociais dos negócios, Cristina Lage aparece marcada.
O reportagens também indica que a filha do ex-vice-presidente viaja com frequência para os Estados Unidos e a Europa, supostamente com um visto americano, e descreve sua vida entre viagens, negócios exclusivos e redes de contatos que, segundo as fontes citadas, lhe permitem operar sem obstáculos dentro de Cuba.
Tanto Martí Notícias como outras fontes indicam que não há informações oficiais disponíveis sobre a titularidade dos restaurantes, um vazio atribuível à opacidade do sistema. Também não houve resposta de Lage Codorniú à solicitação de comentários.
A polêmica surge em um momento em que a figura de Carlos Lage continua marcada por sua queda em desgraça em 2009, quando Raúl Castro o acusou de sucumbir às “mieles do poder”.
Hoje, enquanto sua filha comanda negócios privados de luxo no coração de Havana, os testemunhos sobre privilégios, conexões e jantares secretos reavivam o debate sobre o surgimento de uma nova classe privilegiada sob a proteção do poder, em uma ilha onde a grande maioria mal sobrevive.
Arquivado em: