Bruno Rodríguez acusa os EUA de semear medo entre os cubanos e ameaçar suas contas bancárias



Bruno Rodríguez acusa os Estados Unidos de ameaçar contas de cubanos, desencadeando críticas por ignorar a repressão em Cuba e a origem do êxodo. Migrantes enfrentam desafios bancários e migratórios.

Bruno Rodríguez Parrilla e o arresto de ICE a migrante.Foto © Collage/Facebook/Cancillería de Cuba e U.S. Citizenship and Immigration Services.

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As declarações de Bruno Rodríguez Parrilla voltaram a acender a polêmica nesta segunda-feira, depois que o chanceler cubano acusou os Estados Unidos de “infundir medo” entre os cubanos que vivem naquele país e de ameaçar com o congelamento ou fechamento de suas contas bancárias.

No entanto, suas palavras, longe de gerar solidariedade, desencadearam uma onda de críticas de cubanos dentro e fora da ilha, que censuram o governo cubano por ignorar a verdadeira origem do êxodo e as próprias práticas repressivas do regime.

“Os cubanos que vivem nos EUA sofrem com a perseguição e o medo gerados pela atual política migratória do governo desse país… agora enfrentam a ameaça de perder ou ver suas contas bancárias congeladas”, escreveu Rodríguez em X.

A reação foi imediata. “E por que você não se preocupa com o que os cubanos na ilha sofrem?”, respondeu uma usuária. Outro, de Cuba, acrescentou: “O medo deles é que os deportem para compartilhar conosco este pesadelo que vocês impõem.”

Muitos lembraram que na ilha também se persegue, se vigia e se castiga aqueles que protestam. “Olha, Brunito, acaso em Cuba não perseguem os que protestam? Você só tem olhos para os EUA”, escreveu outra internauta.

Sus declarações chegam em um momento especialmente delicado para os migrantes cubanos. Sob uma política de revisão “de segurança nacional”, a administração de Donald Trump interrompeu os processos de asilo, residência permanente e naturalização de cidadãos de 19 países, entre eles Cuba.

A medida provocou cancelamentos de entrevistas, cerimônias de cidadania e um enorme congestionamento migratório que deixa milhares de cubanos em um limbo legal.

A isso se soma que vários migrantes começaram a receber alertas do Bank of America, avisando que suas contas poderiam ser congeladas se não atualizassem seu status migratório. Alguns já perderam temporariamente o acesso ao seu dinheiro.

“El banco me congelou a conta diretamente… não consegui sacar nem um dólar”, contou um cubano à Univision. O IRS, por sua vez, lembrou que ignorar avisos de dívida pode resultar em penhoras imediatas de contas e salários.

Enquanto isso, um novo relatório do Projeto de Dados de Deportação da Universidade da Califórnia em Berkeley revelou que mais de 75.000 migrantes presos pelo ICE este ano não tinham antecedentes criminais, o que contradiz o discurso oficial de que as operações de busca são direcionadas apenas a criminosos perigosos.

Nesse contexto, as palavras de Bruno Rodríguez foram interpretadas por muitos cubanos como uma tentativa de capitalizar politicamente o temor da diáspora, ao mesmo tempo em que evita reconhecer sua responsabilidade na crise migratória. "O primeiro é analisar quem os obrigou a emigrar", escreveu um usuário.

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