Bruno Rodríguez diz que a guerra dos EUA contra o narcotráfico é uma farsa



Bruno Rodríguez critica a política antidrogas dos EUA, acusando-a de justificar ações militares no Caribe. Revelações recentes implicam Cuba no narcotráfico, o que o governo nega veementemente.


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O chanceler do regime cubano, Bruno Rodríguez Parrilla, assegurou que a guerra declarada pelo governo dos EUA contra o narcotráfico é uma farsa.

As declarações estão inseridas em uma publicação de X onde o funcionário menciona o indulto de Trump ao ex-presidente de Honduras Juan Orlando Hernández, que cumpria uma pena de 45 anos de prisão por narcotráfico em uma prisão federal da Virgínia Ocidental.

"Pretende com isso justificar seu caro e extraordinário despliegue naval no mar do Caribe e a ameaça de agressão militar para derrubar o legítimo governo da Venezuela”, disse o ministro.

“Evidencia a cumplicidade do governo dos Estados Unidos e suas agências com o vasto mercado de estupefacientes que assassina centenas de milhares de cidadãos daquela nação”, acusou.

O tom beligerante do funcionário do regime ocorre após esta semana Hugo Armando “El Pollo” Carvajal, ex-diretor de Inteligência Militar da Venezuela, detalhar o papel chave de Cuba na concepção do Cártel de los Soles e outras estruturas delitivas regionais.

Carvajal, figura central da maquinaria de segurança do chavismo durante mais de uma década, foi extraditado da Espanha em 2023 e se declarou culpado em junho de 2025 perante um tribunal federal americano por conspiração para o narcotráfico e apoio a grupos terroristas.

A carta, segundo seu advogado Robert Feitel, ex-promotor do Departamento de Justiça, busca não apenas colaborar com a justiça americana, mas também alertar sobre a magnitude da rede criminosa que, afirma, tem sido liderada e sustentada pelos regimes da Venezuela e de Cuba.

Cuba: cérebro estratégico do Cartel dos Soles

Um dos apontamentos mais contundentes de Carvajal é o papel de Cuba na gênese da estratégia do narcotráfico com fins geopolíticos.

“Este plano foi sugerido pelo regime cubano a Chávez em meados da década de 2000”, escreveu.

Segundo o ex-chefe de inteligência, foi Havana quem propôs usar a cocaína como arma para enfraquecer os Estados Unidos, uma política deliberada que foi executada pelo chavismo com o apoio das FARC, do ELN, do Hezbollah e de agentes de inteligência cubanos.

O major-general da reserva afirma que a inteligência cubana lhe mostrou "suas redes dentro de suas bases navais na Costa Leste. Eles se gabarama de ter enviado milhares de espiões ao longo de décadas, alguns dos quais agora são políticos de carreira”.

Vai ainda mais além e afirma que diplomatas e agentes americanos foram subornados para ajudar os regimes de Chávez e Maduro, operando como agentes duplos em favor de Cuba e Venezuela.

“Alguns ainda estão ativos até a data atual”, advertiu.

O regime cubano se defende

Na quinta-feira, o governo cubano saiu para rejeitar qualquer relação com o narcotráfico, em uma conferência de imprensa incomum que buscou conter o impacto político das explosivas revelações do ex-chefe de Inteligência de Nicolás Maduro.

Além disso, as declarações oficiais chegam em um momento de forte tensão regional e de crescente pressão militar estadunidense no Caribe.

Na coletiva de imprensa, realizada no Centro de Imprensa Internacional, altos funcionários do Ministério do Interior (MININT) e do Ministério da Justiça afirmaram que Cuba “não é um país produtor nem de trânsito de drogas”, insistiram na política de “tolerância zero” do regime e destacaram que Havana mantém cooperação ativa com Washington desde 2016 para enfrentar o tráfico de entorpecentes.

A agência EFE, que cobriu o encontro, reportou que os oficiais cubanos destacaram até mesmo a troca de informações em tempo real com as guardas costeiras americanas.

Mas a mensagem não se limitou a defender a imagem internacional do governo. Também foi um ataque direto aos Estados Unidos. O coronel Juan Carlos Poey, chefe do Órgão de Enfrentamento Antidrogas do MININT, qualificou o atual desdobramento militar dos Estados Unidos no Caribe, centrado na Venezuela, como “uma séria ameaça à segurança e soberania” de Cuba.

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