Régimen cubano libera Aniette González, a ativista que foi encarcerada por posar com a bandeira nacional



Após cumprir sua condena, Aniette volta a andar livre, embora a liberdade em Cuba, sob um regime que castiga as ideias, continue sendo relativa. Seu caso ilustra como o aparato judicial do regime comunista transforma o amor à pátria em delito, quando esse amor não é expresso sob os cânones do poder.

Aniette González GarcíaFoto © Facebook / Cubana Agramontina

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A ativista cubana Aniette González García, símbolo da iniciativa cidadã #ABandeiraÉDeTodos, recuperou a liberdade neste sábado após cumprir uma pena de três anos de prisão pelo suposto delito de “ultraje aos símbolos pátrios”.

Seu único “crime” foi tirar uma foto com a bandeira cubana, gesto que o regime interpretou como uma ofensa, mas que para muitos cubanos representou um ato de amor e dignidade em relação à sua pátria.

Aniette foi detida em 23 de março de 2023 em Camagüey, depois de publicar em suas redes sociais umas imagens nas quais posava envolta na bandeira nacional. Aquele gesto, parte de um desafio pacífico lançado pelo Movimento San Isidro para reivindicar a bandeira como símbolo de todos os cubanos, foi punido com violência institucional.

Durante meses, sua família denunciou sua detenção arbitrária e o assédio a que foi submetida na prisão de Villa María Luisa, centro de operações da Segurança do Estado em Camagüey.

Em fevereiro de 2024, um tribunal municipal a condenou a três anos de prisão. O recurso foi rejeitado em abril do mesmo ano. Sua filha, Aniette Ginestá, expressou nas redes sociais a indignação de toda uma família: “¿Por pensar diferente? ¿Por uma foto? ¿Por uma bandeira?”, questionou.

Uma mulher livre, mas marcada pela injustiça

Após cumprir sua pena, Aniette volta a andar livre, embora a liberdade em Cuba, sob um regime que pune as ideias, continue sendo relativa. Seu caso ilustra como o aparato judicial do regime comunista transforma o amor à pátria em crime, quando esse amor não se expressa de acordo com os cânones do poder.

Durante sua reclusão, organizações feministas, artistas e ativistas dentro e fora de Cuba exigiram sua liberação imediata.

A revista Alas Tensas denunciou que sua condenação foi uma represália política e uma tentativa de silenciar a solidariedade cidadã com o artista Luis Manuel Otero Alcántara, preso por motivos semelhantes. Ambos compartilham uma mesma causa: a defesa do direito de reinterpretar os símbolos nacionais sem medo de punição.

Enquanto isso, o governo permitia que artistas alinhados ao oficialismo, como Haila María Mompié, ou até mesmo figuras internacionais como Laura Pausini, usassem a bandeira em espetáculos públicos sem enfrentar consequências. “Eles não são donos dos nossos símbolos”, gritavam os ativistas na época, e essa frase se tornou um lema de resistência.

O custo humano de pensar de maneira diferente

Aniette é mãe, filha, mulher trabalhadora. Sua prisão não foi apenas uma violação de seus direitos humanos, mas também um golpe emocional profundo para sua família.

Sua filha, que tem sido uma das vozes mais firmes na denúncia da injustiça, foi obrigada a crescer em um país onde a liberdade de expressão é paga com prisão.

A libertação de Aniette não apaga os três anos de encarceramento, as humilhações nem o medo. Mas sua saída da prisão renova a esperança de aqueles que continuam lutando por uma Cuba onde denunciar as injustiças posando com a bandeira não seja motivo de condenação, mas sim de orgulho.

Um país que precisa se reconciliar com sua bandeira

O caso de Aniette González é um exemplo doloroso de como o regime cubano sequestrou os símbolos nacionais para usá-los como ferramentas de controle ideológico. A bandeira, o hino, o brasão se transformam em armas de exclusão contra aqueles que não concordam com o discurso oficial.

No entanto, a foto de Aniette, aquela que tentaram apagar com uma sentença, se multiplicou nas redes como símbolo de resistência. Cada repostagem, cada hashtag com seu nome, é um lembrete de que a bandeira cubana não pertence ao Partido Comunista nem a seus dirigentes: pertence ao seu povo.

Hoje, ao sair da prisão, Aniette González volta a abraçar essa bandeira. Mas já não o faz apenas por ela. O faz por todos os cubanos que sonham com um país onde pensar diferente não seja um crime, e onde a justiça não vista uniforme verde-oliva.

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