A organização não governamental Cubalex denunciou que pelo menos 15 pessoas que participaram de uma protesta contra os apagões e a falta de água em Marianao, Havana, nesta semana, foram detidas pela Segurança do Estado.
A ONG informou em suas redes sociais que, após a manifestação da última quarta-feira, 8 de outubro, no bairro Santa Felicia, um grupo de moradores foi levado ao centro de detenção do VIVAC.
Até o momento, desconhecem-se as identidades e a situação dos detidos, precisou a Cubalex em uma publicação de sexta-feira.

También denunciou que a polícia política do regime prendeu de maneira arbitrária o ativista Liván Gómez Castillo, coordenador do Partido União por Cuba Livre (PUNCLI) em Havana, e tentou vinculá-lo -sem sucesso- com os protestos de quarta-feira e a aparição de cartazes em Marianao.
Ele foi acusado sem provas de organizar uma manifestação pela falta de água e pelos cortes de energia”, alertou a Cubalex, mas, após revisar as gravações da manifestação e comprovar que Gómez não estava presente, tiveram que libertá-lo na quinta-feira.
No obstante, “foi ameaçado de ser encarcerado e processado se conseguirem associá-lo aos cartazes colocados na área”.
Cubalex alertou sobre a utilização pelo regime da "repressão e da criminalização da protesto pacífico como mecanismos para silenciar o descontentamento cidadão em Cuba".
Na noite de quarta-feira, moradores do bairro Santa Felicia saíram às ruas batendo panelas e bloquearam a avenida 51, em protesto pela crise prolongada, os apagões, a escassez de alimentos e a falta de liberdades.
Testemunhas afirmaram que, após várias horas de tensão, agentes da Polícia Nacional Revolucionária chegaram ao local e prenderam várias pessoas.
A protesto em Santa Felicia ocorreu em um contexto de mal-estar social crescente no país, e em particular na capital, onde nas últimas semanas foram registradas manifestações e paneladas nos municípios Centro Habana, Cerro, Habana del Este (Cojímar) e La Habana Vieja, provocadas pelos persistentes cortes de eletricidade, falta de água e desabastecimento.
As manifestações populares em Cuba são punidas como se fossem um crime comum, e apesar de não haver relatos de atos de vandalismo, violência física ou danos à propriedade, as autoridades apresentam essas ações como evidência de uma tentativa maciça de perturbar a ordem pública.
O regime nega que existam manifestantes presos em Cuba e desqualificou os relatórios das organizações Amnistía Internacional e Human Rights Watch que denunciam repressão e centenas de detenções arbitrárias na ilha.
“Nem mesmo um”, afirmou o vice-ministro das Relações Exteriores, Carlos Fernández de Cossío, ao responder a uma pergunta do jornalista Mehdi Hasan, do Zeteo, sobre os manifestantes encarcerados em Cuba, em uma entrevista no final de setembro.
O vice-chefe da diplomacia cubana questionou a credibilidade dos relatórios das referidas organizações e os considerou desprovidos de provas.
Cuba fechou o mês de agosto deste ano com 1.185 presos políticos e de consciência, a cifra mais alta registrada até a data, segundo dados computados pela organização Prisoners Defenders.
Perguntas frequentes sobre os protestos e a repressão em Cuba
Por que foram detidas pelo menos 15 pessoas em Marianao?
Pelo menos 15 pessoas foram detidas por participar de uma protesto contra os apagões e a falta de água no bairro Santa Felicia, Marianao, Havana. A manifestação foi uma resposta ao deterioro das condições de vida, o que gerou um crescente mal-estar social. A detenção foi realizada por agentes da Segurança do Estado e da Polícia Nacional Revolucionária e denunciada pela organização Cubalex.
Quem é Liván Gómez Castillo e qual foi sua situação após os protestos?
Liván Gómez Castillo é um ativista e coordenador do Partido União por Cuba Livre (PUNCLI) em Havana. Foi detido arbitrariamente e, posteriormente, liberado após ser acusado sem provas de organizar os protestos em Marianao. Embora não tenha sido possível vinculá-lo diretamente aos eventos, foi ameaçado de ser encarcerado se fosse associado a cartazes de protesto na área.
Qual é o contexto das protestas em Cuba e como responde o regime?
As manifestações em Cuba, como as ocorridas em Marianao e outros municípios, são uma reação ao descontentamento social provocado por apagões, escassez de alimentos e falta de liberdades. O regime responde com repressão e detenções arbitrárias, criminalizando as manifestações pacíficas e negando a existência de prisioneiros políticos, apesar das denúncias de organizações de direitos humanos como a Cubalex.
Qual é o papel da Cubalex na atual situação das manifestações em Cuba?
Cubalex é uma organização não governamental que denuncia as violações dos direitos humanos em Cuba, especialmente no contexto das protestas. Tem alertado sobre detenções arbitrárias, repressão violenta e o uso da criminalização da protesto pacífico por parte do regime cubano para silenciar o descontentamento cidadão. Seu trabalho é fundamental para visibilizar esses fatos perante a comunidade internacional.
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